MARCELO “FALOU” DE DIREITOS HUMANOS EM LUANDA

O Presidente da República de Portugal defendeu hoje em Angola a importância dos direitos humanos, não só políticos e económicos, mas individuais, a liberdade e a inclusão de todos, incluindo migrantes, e independentemente de orientação sexual e de género.

Marcelo Rebelo de Sousa falava em Luanda, numa conversa com o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, sobre educação, iniciativa organizada pela fundação Education For All em conjunto com as Nações Unidas, antes de assistir à estreia da selecção portuguesa no Campeonato do Mundo de Futebol.

Nesta sessão de diálogo, transmitida na Internet, o chefe de Estado sustentou que para se cumprir o 4.º Objectivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas – “o acesso a uma educação inclusiva, de qualidade e equitativa” – é preciso “liberdade para cada um, para todos” e “coesão social”.

Coesão social implica “incluir toda a gente, incluir os pobres” e também “os migrantes”, implica “incluir pessoas com ideias sociais, políticas, económicas diferentes, até com diferentes orientações – nós sabemos que cada país tem a sua maneira de pensar – mas até orientações sexuais e de género”, acrescentou.

A propósito da liberdade, referiu: “Claro, aqui temos somente equipas de futebol masculinas. Mas, por exemplo, em Portugal a maioria dos estudantes do ensino superior são mulheres, a maioria das doutoradas são mulheres, estamos acima da média da Europa, estamos a liderar, e isso é tão importante”.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em inglês, apelou a que se aposte e invista no ensino superior, na evolução científica e tecnológica, mas sem esquecer os que não conseguem ter acesso a essa educação, considerando que esta é uma questão de direitos humanos.

“Direitos humanos são direitos sociais, direitos económicos, direitos políticos, mas também direitos individuais, e isso é tão importante. O direito de acesso à educação é vital, faz a diferença. Quando falamos de uma educação de qualidade e inclusiva, falamos do futuro numa visão de longo prazo”, declarou.

Esta conversa entre os chefes de Estado de Portugal e do Gana foi moderada por Michael Kocher, director-geral da Fundação Aga Khan, e durou cerca de meia hora.

Marcelo Rebelo de Sousa tinha prometido falar sobre direitos humanos em Angola, após ser criticado por fazer esta deslocação e pelas suas declarações no fim do último jogo de preparação selecção portuguesa de futebol, contra a selecção da Nigéria, há uma semana, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Falando no interior do estádio, num comentário a esse jogo de preparação, o chefe de Estado elogiou a prestação da equipa portuguesa, que ganhou por 4-0, e contou ter dito aos jogadores que o mundial “é um campeonato muito difícil, muito difícil”, pela primeira vez disputado “nesta altura do ano, em condições também muito difíceis, num país todo ele muito difícil, desde a construção dos estádios até aos direitos humanos”.

Interrogado se foi um erro a atribuição da organização deste campeonato, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Eu acho que Angola não respeita os direitos humanos e, portanto, aquilo, toda a construção dos estádios e tal, enfim, é muito discutível, mas esqueçamos isso, agora concentremo-nos – nem é discutível é criticável, mas concentremo-nos na equipa”.

Nota: Onde se lê Angola deve ler-se Qatar e onde se lê Luanda deve ler-se Doha.

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