CONDENAMOS A INVASÃO RUSSA DA UCRÂNIA

O que está a acontecer na Ucrânia é inconcebível. É invasão! É violação do direito internacional. O Folha 8 nunca esteve em cima do muro, quando em causa estão a defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos e da soberania dos povos. O F8 nunca teve dúvidas que a Liberdade de imprensa, liberdade de expressão, liberdade de movimentos, não podem ser cerceados por ditaduras e ditadores de qualquer espécie, cor e continente.

Por William Tonet

A Rússia por mais razões que tenha não deveria invadir um país soberano, sem que fossem esgotadas todas as vias de negociação, para impedir a guerra, que mata crianças, jovens, mulheres, homens inocentes.

Nunca, nos momentos de crise interna e mundial, o F8 teve ou tomou posições dúbias.

Somos acérrimos defensores das sementes do amor, que germinam os sonhos dos cidadãos do mundo viverem melhor, na(s) sua(s) terra(s), longe das amarras do autoritarismo, das ditaduras, dos invasores, dos senhores da guerra e dos dominadores militaristas.

Que não haja dúvidas, hoje, amanhã e sempre: somos contra a GUERRA!

Somos contra os ASSASSINATOS!

Somos contra as INJUSTIÇAS!

Somos contra os GOLPES DE ESTADO, CONSTITUCIONAIS (Angola), ELEITORAIS (Angola) E MILITARES!

Somos contra a invasão do regime da RÚSSIA!

Neste quesito, não existe negociação, possível, em nome dos altos valores da vida humana, principalmente, dos inocentes, estatuídos na Linha Editorial do Folha 8.

Por isso, antecipadamente, quando muitos utiliza(va)m o trocadilho, para não apontar o dedo e chamar nome ao agressor, o Folha 8 foi para a frente de batalha, ver os horrores da mortalidade diária, cerca de 100 seres humanos indefesos, para condenar a GUERRA DA FOME, decretada pelo Titular do Poder Executivo, contra os povos do e no sul de Angola.

Essa é uma GUERRA feroz, desencadeada por um agressor insensível, que, pese o volume de mortalidade, considera que a FOME imposta, é relativa!

É contra esta visão abjecta, de descaso contra a vida humana, que o F8 não se cala e denuncia, mesmo contra o risco de novos envenenamentos, calúnias, prisões ou assassinatos, que temos sido alvos.

Temos ciência da força descomunal dos bárbaros, mas a favor da vida, das liberdades, da democracia, da cidadania e da equidade, entre os cidadãos, não regatearemos esforços: LUTAREMOS ATÈ AO FIM!

Era mister, que os intelectuais, de todas as barricadas políticas, ao invés da crónica covardia, abandonassem as condenações cínicas nos WC e cozinhas e viessem para as ruas de todas as cidades, vilas, bwalas, sanzalas, com bandeiras verdes (da esperança), condenar a GUERRA DA FOME, imposta a milhares de cidadãos, pelo Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço. Infelizmente o F8 está (quase) sozinho nesta frente, ante um Golias, indiferente à mortalidade de milhões de inocentes, a quem quer ensinar a viver sem comer…

Quase conseguiu, mas quando se iria consumar o quase… mais cidadãos morreram. E, os monstros exaltaram, na mesma…

Não denunciar esta GUERRA DA FOME, que grassa pelo sul e resto de Angola, mas porque dá ibope, vir a terreiro condenar a invasão da Rússia à Ucrânia não credibiliza estes políticos e activistas da sociedade, pelo contrário, coloca-os no mesmo panteão dos ditadores e invasores.

Na hora da morte de inocentes, prisões, subversão da ordem instituída e assassinatos, deve-se tomar uma posição clara e coerente. Infelizmente, como noutras épocas, saem da hibernação, muitos analistas “putintólogos”; “ucranikólogos”; “russotólogos”, quando o país carece de “angolotólogos” especializados no combate aos terroristas da “relativusky fomistik”, que estamos com eles e colocam o pobre fora do orçamento e estatísticas.

O F8 foi o primeiro a condenar o revisão pontual da Constituição proposta, exclusivamente, pelo Presidente da República, configurando ela um verdadeiro golpe de Estado constitucional, que invadiu o sonho de milhões, com a entrada dos “tanques boçalomentais” de uma maioria, cada vez mais perniciosa, na Assembleia Nacional.

Lá chegados, sem o mínimo de decoro e ética republicana, na lógica saloia, aprisionaram todas as variáveis de poder emergir uma Constituição cidadã, com a inclusão da defesa de valores éticos, princípios de liberdade, justiça, transparência, democracia participativa e eleição directa do Presidente da República.

Hastearam uma bandeira partidocrata com mais poderes ditatoriais concentrados num homem só, na visão de Luís XIV: “L’etat cet moi”, acrescido “du MPLA, aussi”, que com 152 votos a favor, nenhum contra e 56 abstenções da oposição, aprovaria no 23.06,21 a revisão pontual da Constituição (passou de 244 para 249 artigos, alterando 44 e revogando 2), destacando-se o reforço dos poderes presidenciais, através dos artigos 37.º (direito de propriedade, requisição e expropriação); 100.º (BNA); 104.º (OGE); 107.º (administração eleitoral); 110.º (elegibilidade); 119.º (competências como Chefe de Estado); 120.º (competência como Titular do Poder Executivo); 132.º (substituição do Presidente da República); 143.º (sistema eleitoral); 144.º (círculos eleitorais); 145.º (inelegibilidade); 162.º (competências de controlo de fiscalização); 176.º (sistema jurisdicional), 213.º (órgãos autónomos do Poder Local); 214.º (princípios da autonomia local); 242.º (gradualismo).

Adita, ainda sete novos artigos: 107.º A (registo eleitoral); 116.º A (gestão da função executiva no final do mandato); 132.º A (substituição do Vice-Presidente da República); 241.º A (registo eleitoral presencial).

Ora, enquanto uns se escondiam no armário e fingiam não saber o que textualiza a Ciência Política e o Direito Constitucional, o F8 veio a terreiro dizer tratar-se de um golpe de Estado. Mais, acrescentou que, a partir daí, a Presidência estava despida de legitimidade moral, para apontar o dedo a qualquer golpe de Estado, sendo a condenação, na ONU (23.09.21), do golpe militar, ocorrido na Guiné Conacry (posterior ao golpe constitucional de Alpha Kondé, alterar a Constituição para se perpetuar no poder), uma comédia e falta de higiene intelectual, quando havia feito o mesmo, em Angola: GOLPE DE ESTADO.

Mas, na Assembleia da ONU assistiu-se a um anjo inocente, escondendo, por entre as asas práticas danosas e dolosas contra a democracia, afirmar: “Preocupa-nos, sobremaneira, a alteração da ordem constitucional que se regista amiúde em países africanos com recurso à força militar, na medida em que estes actos inconstitucionais não têm merecido uma reacção adequada e suficientemente vigorosa da comunidade internacional, no sentido de desencorajar esta prática a todos os títulos reprovável, a exemplo do que assistimos no Mali e, mais recentemente, na Guiné”, foi, no seu melhor, João Lourenço, por sinal, presidente do MPLA, o coronavírus de Angola…

Ora, diante deste quesito, deveriam nascer os grandes blocos de solidariedade interna, manifestando-se a favor da DEMOCRACIA, contra o regresso da DITADURA, agora sem militares, mas com o apoio dos magistrados judiciais e deputados partidocratas.

Depois seguiu-se o segundo golpe de Estado: Alteração à Lei Orgânica das eleições, para beneficiar um autor e um partido político e, mais uma vez, o F8 veio a terreiro denunciar.

A tribo política da oposição, uma vez mais, não se mobilizou nas ruas, com medo de apanhar poeira, porretes e balas do regime. Não se derrubam ditaduras, em África, reserva de matérias-primas para o Ocidente, com guardanapos de papel ou eventuais apoios da comunidade internacional, que tem interesses económicos específicos.

O medo excessivo torna a vítima cúmplice do agressor. Logo, é preciso ter autoridade político-moral, para se condenar os outros…

Os ucranianos estão na Europa. Levantaram a cabeça, quando o primeiro tanque russo invadiu o seu solo. Agigantaram-se na inferioridade bélica. Mobilizaram todos os seus cidadãos, no exterior e, como é óbvio, sendo o agressor a Rússia/Putin (considerada com a China, inimigos da Europa), a União Europeia, a OTAN/NATO e os Estados Unidos, emprestam a sua solidariedade.

Era preciso, em Angola, que os políticos da oposição, em cada violação ou invasão de direitos, saíssem (ou saiam) dos armários, da comodidade covarde dos sofás e organizassem grandes manifestações contra os golpes de Estado constitucionais, em vésperas das eleições gerais de Agosto de 2022, capitalizando apoios junto da SADC, CEDEAO, União Africana e países africanos, para juntos marcharem contra os senhores ditadores, da “guerra da fome” e da fraude eleitoral angolana.

Se por medo não fizeram isso, não podem agora, levantar a ladainha da discriminação e racismo dos europeus, que se mobilizam e defendem, mutuamente, os seus vizinhos e continente.

É URGENTE PARAR A GUERRA

Nós, Folha 8, não nos calámos, logo, temos autoridade moral de condenar, excessos e o fechar de todas as portas ao diálogo de organizações e governos internacionais, que poderiam escancarar uma, para interpelar o agressor a não continuar a causar mais mortes inocentes, até hoje.

Esta guerra ao fim de quase 20 dias, não conta, infelizmente, com esforços diplomáticos para travar a barbárie, a destruição, as mortes de inocentes. Pelo contrário, quem devia impedir o prolongar deste conflito, continua a instigar, crianças, mulheres, jovens e velhos, sem experiência militar, a pegar em armas e enfrentar os tanques russos com “coqueteles molotov’s”.

A opção por sanções severas (sendo importantes), sem distinção poderão não criar os efeitos desejados, ao penalizar terceiros de boa-fé (cidadãos civis, empresários, desportistas, técnicos, etc.), pelo simples facto de serem russos. Temos de separar os senhores da guerra dos cidadãos, para não violarmos o princípio penal (grego-germano-romano e anglo saxão) da não transmissibilidade do crime.

Se foi Putin e a elite russa, a decidir pela invasão, sem um referendo, popular, porque tanta severidade contra a maioria dos cidadãos, alguns dos quais poderiam, nesta fase, tal como nas anteriores, corporizar o espírito do olimpismo, a favor da paz?

Os cidadãos russos, muitos inocentes e adversários de Putin, vendo-se discriminados, por organismos e países europeus e americanos, que acreditavam serem escravos dos princípios das Liberdades e da Democracia, tão apregoados, poderão na falta de chão, inconscientemente ter de apoiar Putin, para sobreviver…

Não se devia misturar boas batatas num saco onde há podres.

É preciso acabar com estes senhores das guerras: os das armas, os da fome, os das ditaduras.

É urgente, todos intelectuais do mundo, unirem-se contra a perversão mundial, que afecta orçamentos bilionários para a fabricação de armas e bombas de destruição massiva, negando comida, educação e emprego a biliões de cidadãos, que definham à fome.

O que somos, afinal? Seres humanos ou robots, selvagens, atrasados mentais, com maior sensibilidade para o mal, a discriminação, o racismo, que o bem-estar, a conciliação e a união mundial da vida humana? São perguntas que não se calam, nesta hora…

É preciso que a Europa não se esqueça da irracionalidade de duas grandes guerras mundiais: a 1.ª e 2.ª, a África e o mundo do regime do apartheid, que perdurou por várias décadas, implantado pelo Partido Nacional (PN- 1948 a 1994), na África do Sul, apoiado em três eixos:

1- Lei sobre a classificação da população;
2- Lei sobre zonas habitacionais e profissionais separadas;
3 – Lei sobre a terra, que excluía direito de propriedade aos pretos.

A elite branca teve várias sanções económicas, que desgastaram o regime, mas sabiamente, fruto dos líderes da época, a União Europeia, a Inglaterra e os Estados Unidos, tendo ciência desta anacrónica realidade, deixaram sempre uma porta para o diálogo, pese terem considerado todos os revolucionários, incluindo Nelson Mandela, como terroristas.

É preciso todos tirarem lições da história: não deixar de condenar o agressor, mas não fechar a mente daqueles, que podem influenciar um novo rumo, para o caminho da paz e do fim da barbárie.

Lutemos pela vida dos inocentes de Angola, que sofrem uma GUERRA DE FOME imposta pelo regime e apoiemos o povo ucraniano, vítima de uma invasão.

Finalmente, unamos as nossas vozes em prol de uma PAZ no mundo, limitando os passos e acções de todos os ditadores.

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