As guerras são o pior cancro na mente dos políticos, militaristas, ditadores e arrogantes! Elas servem para invadir e destruir países, matar inocentes, destapar a discriminação, o racismo e, principalmente, vender armas. Muitas! Eu cresci na guerra. Sei o que ela é. As balas não escolhem cor, somente corpos…, que mutilam ou matam. Não defendo Putin. Jamais a ditadura. Ele invadiu. Morrem inocentes.
Por William Tonet
Não defendo os outros que nada fizeram e fazem para semear a persuasão, a tolerância e a PAZ! Nesta hora é bom rememorar, o célebre general chinês, Sun Tzu: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”.
Os países comprometidos com a cidadania, na guerra não devem, melhor não deviam, classificar os cidadãos, que fogem de uma guerra estúpida, pela pigmentação da pele, quando assim acontece, estamos na esquina do retrocesso da moral e da civilização. Acontece na Ucrânia e na Polónia. Uma guerra pode dar origem, outras guerras. Logo pensei no nazismo, na experiência e papel que muitos cidadãos desses países desempenharam, para a existência dos campos de concentração. O de Auschwitz, localizado no sul da Polónia, fica a cerca de 600 km de Kiev. Os ventos “navegam” nas suas três direcções. Sempre! E, a história regista. Tenhamos memória… Tive, um comandante militar, que nunca o vi pela cor da pele, pelo seu humanismo, sentido de justiça e visão cidadã: António Jacinto! Dizem que era branco. Dizem… Não sei! Para mim, era um homem! Bom. Um comandante! Político, escritor. Em Angola!
Nas fronteiras da Ucrânia e Polónia vi cidadãos, de algumas origens, serem, com violência discriminados pelo amor, pela cor, pelos continentes.
Para desgraça dos que acreditam num mundo sem discriminação e racismo, mesmo na crise, em plena guerra, na Europa, impera na mente de alguns os resquícios colonialistas e de superioridade, na lógica da “lei de Orwell: “todos somos iguais mas uns mais iguais do que outros”.
Foi nesta senda, que se viu, muitos; crianças, mulheres e homens, chegados ao arame farpado da fronteira, serem marcados com um X discriminador: de África, da Índia, Líbano, de união sentimental, de origem etno-linguística, numa autêntica e abjecta inversão de valores.
Crianças loiras, de olhos azuis e afins, prioridade total. As outras podem esperar… Os homens e mulheres africanas pretas, devem ceder prioridade aos outros, aos ucranianos, aos do país!
Os “castanhos”, indianos e do Médio Oriente, devem seguir-lhes as peugadas. Esperem! Haverá vez…
– A minha mulher é ucraniana, disse, um nigeriano.
– Sim, respondeu o guarda fronteiriço. – Mas é sua mulher e tal como as “crianças malhadas”, devem esperar!
A mãe, Yana Lyuba, cujo nome significa: “Pura porque Deus é cheio de graça”, engenheira informática, natural de Kiev, casada com John Fodio, natural de Abuja, com dois filhos, também, foi barrada. “Nunca vi nada igual. Foi terrível. Hoje percebi o cinismo do mundo e de muitos europeus. Eu vejo a Yana e os meus filhos, como mulher e crianças, não pela cor da pele, se conseguir sair daqui, talvez nunca mais regressamos”, disse ao Folha 8, por telefone.
A mulher acrescentou: “Chorei muito, não acreditei que fosse discriminada na minha terra por ter amado e casado com um homem africano e ter gerado filhos mistos”, lamentou.
No mesmo pacote, estão incluídos os “ucrarussos” (ucranianos de descendência russa, vistos como espiões e colaboradores de Moscovo, a quem mandam ir para a fronteira da Rússia ou a Dombas (zona das repúblicas separatistas).
Nota negativa vai, também, para a ineficiente e quase criminosa actuação das autoridades angolanas, nomeadamente, por parte do ministro das Relações Exteriores, Téte António, que caricatamente, fez o mestrado em Relações Económicas Internacionais, na Universidade de Kiev, denunciados pelos nossos compatriotas, que ficaram vários dias ao relento, sem assistência dos diplomatas baseados na Polónia. Neste grupo, chegaram-nos, também, reclamações de alguns cidadãos afro-portugueses, deixados para trás. Por todos…
Mas, vi, também, uma mídia ocidental, a exaltar valores de racismo, nas transmissões, apenas com uma visão, sem direito a contraditório, onde quem pense diferente é visto como pró-russo. É a baderna comunicacional, no yate do dito mundo civilizado de tal forma que temos transmissões deste tipo: -“Isso não é como na Líbia”; – Não estamos no Iraque” – “Isso não é um qualquer país do terceiro mundo. Isso é na Europa”. Tudo isso dito por diferentes correspondentes de renomados (?) órgãos de comunicação social ocidental. Uma verborreia poluída não aconselhável para mentes com higiene intelectual, por não terem lições à dar a quem acusam de atrasados, porque o inverso é que é verdadeiro…
Mataram a liberdade de imprensa e de expressão. Hastearam a bandeira da discriminação e racismo.
A Benetton tem razão ou não de difundir as três raças? É que, neste mundo multirracial, existem a vantagem de haver homens e mulheres comprometidas com a equidade humana, que são branca(o)s por fora, preto por dentro e mulato no meio, que nunca se abstém de condenar os instigadores das guerras, os agressores e aqueles que nada fizeram para imperar a paz.
O agressor tem rosto, as suas balas, também, seja ele branco de olhos azuis, preto, mulato, índio, árabe, etc. Nesta guerra eles estão aí. Mas os vendedores de ilusões, armas, diplomatas da guerra e tragédia de civis, em todo mundo, também, têm rosto.
Putin não devia ter invadido a Ucrânia. Verdade! Mas não é o único “Put” “in”, outros putins, existem! O Ocidente e os Estados Unidos mais do que fechar todas as portas, o que de material colocar na mesa de negociações, sabendo estar do outro lado, um homem calculista, fortemente armado e ditador? Colocar “put” “In” não inocenta os outros putins, mesmo que não tenham tanta cobertura mediática negativa.
UE E ONU DIVIDEM O MUNDO BRANCO DO MUNDO MULTIRRACIAL
O secretário-geral da ONU, António Guterres, veio a terreiro afirmar estar a organização mundial “despreparada” para desempenhar o papel pela qual foi criada: trabalhar para a paz de forma imparcial, colocando-se de um dos lados do conflito, ao oferecer mais de 18 milhões de Euros para a Ucrânia, sem escrutínio dos demais membros, salvo os Estados Unidos e a União Europeia. Triste papel. O momento exige uma latitude mental imparcial de António Guterres, enquanto homem forte da organização comprometido com as funções de PAZ no mundo, capaz de escancarar e franquear as portas dos beligerantes, com autoridade moral.
Esta posição deveria levá-lo a embarcar com duas “tendas” de Washington (onde tem pouco trabalho, pelo menos para os africanos, latino americanos e árabes), colocando uma na Praça Vermelha, em Moscovo e outra na Praça da Liberdade, em Kiev, onde passaria a residir, coordenando reuniões ao mais alto nível para levar os dois países membros a uma solução negociada, sem que ninguém perdesse a face.
As deslocações de uma para outra capital, seriam da responsabilidade das partes beligerantes. Esse deveria ser o papel do secretário-geral da ONU e não agitar a organização para estar do lado de uma das partes…
Já agora quando haverá igual comportamento, para os povos da Líbia, Iraque, Somália, Angola, Moçambique, Sudão, indígenas do Brasil, da Argentina, do Mali, Guiné Conacry, entre outros? A África tem e deve saber. É a hora!
A África precisa de exigir igualdade de tratamento, no concerto das nações, apelar com todas as letras o fim do racismo incubado, da divisão dos cidadãos, deixando os seus líderes de serem capachos, assimilados e complexados…
Todos os dias de todos os anos, em África a fome, a maior de todas as guerras, mata milhões de africanos e, as guerras bélicas, a maioria inspiradas, pelos ocidentais, principalmente, a França, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos, por causa da exploração de minérios, como, níquel, cobalto, diamantes, ouro, vimos as armas chegar para matar e os ditadores serem, mesmo assassinando os seus cidadãos, adulados, por serem os que lhes garantem a continuação do colonialismo, por outros meios, o de investidores, cuja cartilha não prescinde da exploração, maus tratos, salários baixos, falta de condições de trabalho, etc.. Portugal que tantas ditaduras apoia e subvenciona, sabe bem o que é isso e a França que explora crianças nas minas, do Leste congolês a zona do Sahel, também o sabe. Porque os interesses económicos falam mais alto que a vida humana. De Pretos! Mulatos ou brancos, nascidos nas nossas Áfricas, no quadro da nossa multirracialidade, menos discriminadora que a europeia e americana.
Infelizmente, estes racistas e organizações racistas contam com a subserviência e lacaismo de alguns líderes africanos, corruptos e assassinos, cuja dignidade, muitas vezes nem se encontra paralelo nas sarjetas.
Todos ficaram calados, estão calados, fizeram um papel, a maioria de criados, lacaios e covardes, que traem os seus povos. Deveriam levantar as vozes, bem alto de estar na hora da grande reforma da ONU, face a esse procedimento discriminatório. Mas não… calaram-se, em cima do muro. Do mal ao menos… Mas, aqui, na Assembleia Geral das Nações Unidas era preciso o mais, pela evidência dos factos.
O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari levantou a voz em defesa da discriminação contra os seus cidadãos, na Ucrânia. Bravo! O presidente da Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, pese estar a ser alvo de chacota por parte de alguns, teve uma declaração ponderada de neutralidade, colocando-se à disposição das partes. Agora, compete às partes aceitar ou rejeitar… Ademais é no trocadilho que se movem muitas das relações internacionais e os guineenses não se podem esquecer do procedimento da União Europeia e América, quando Nino Vieira foi cortejado, nem da captura pelos americanos do Almirante Bubo Na Tchuto, em 2013, nas águas territoriais da Guiné, violando a soberania de um Estado e levando-o para os Estados Unidos, onde cumpriu uma pena de quatro anos acusado de facilitar o tráfico de drogas. Não houve provas, segundo a defesa.
É preciso acabar com essa discriminação, procedimental, também, de os países mais fortes invadirem os mais fracos, principalmente, os africanos, onde as potências fazem deles o que melhor entenderem. Esperei durante muitos por uma condenação exemplar, na França, na Europa ou na América, ou que a UE e ONU, indicassem o mercenário francês, Bob Denard, responsável por muitos golpes de Estado, em mais de 12 países africanos, assassinatos, roubo de recursos naturais, ao Tribunal Penal Internacional de Haia, mas nada. Deram-lhe uma pena branda de cinco anos, que não cumpriu, tendo ficado na sua luxuosa mansão de Bordeau, adquirida com dinheiro e diamantes de sangue, onde viria a falecer, em 2007. Era por ser francês ou branco?
Enquanto isso, por suspeita, num país onde o mercenário francês actuou em guerrilhas e pilhagens e nada lhe aconteceu, Jean-Pierre Bemba, líder do MLC da República Democrática do Congo, casado com uma cidadã portuguesa, acusado de ter cometido, entre 2002 a 2003, crimes na República Centro Africana, foi julgado e condenado no Tribunal Internacional de Haia, na pena de 18 anos de prisão, tendo cumprido 10, altura em que foi absolvido das acusações, por ter ficado provado não ter sido responsável pelos alegados crimes cometidos pelas suas forças. A pena (18 anos) de prisão aplicada a Bemba, foi a mais dura até ao momento na história do TPI e o seu processo foi o primeiro que centrou as investigações de violação sexual como crime de guerra e de lesa humanidade. Dez anos depois o tribunal absolveu-o, mas não lhe devolveu o tempo perdido. Porquê? Por ser africano e preto? Como se vê, dois pesos e uma medida!
A discriminação e o racismo não podem fazer morada nas instituições internacionais, não pode atentar a honra de africanos, índios, latino-americanos, árabes, asiáticos e brancos do leste, em detrimento de europeus ocidentais.
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