Angola registou até Outubro 34 novos casos e um morto por tripanossomíase, conhecida como doença do sono e considerada endémica no país, anunciou hoje um responsável ligado ao combate e controlo dessa enfermidade.
O s dados foram avançados em Ndalatando, Kuanza Norte, pelo director-adjunto para a área técnica do Instituto de Combate e Controlo da Tripanossomíase, Amadeu Dala.
O técnico referiu que os números deste ano representam, ainda assim, uma diminuição em 35 casos, comparativamente ao mesmo período de 2013.
Amadeu Dala disse que os casos foram notificados nas províncias de Luanda, Malange, Uíge, Kuanza Norte, Kuanza Sul, Bengo e Zaire, zonas consideradas endémicas.
Segundo o responsável, o instituto controla actualmente 200 doentes (infectados anteriormente) que se encontram sob acompanhamento médico, estando ainda sob vigilância epidemiológica outros, cujo número não foi revelado, já tratados.
Comparando a situação epidemiológica actual a períodos anteriores, Amadeu Dala sublinhou melhorias significativas nos últimos 12 anos, consequência do reforço do trabalho de prospecção activa da doença, aliada à luta anti-vectorial para o corte da cadeia de transmissão da epidemia.
“O factor insegurança desapareceu [com a paz alcançada em 2002], permitindo que as equipas de prospecção cheguem com mais facilidade até às zonas recônditas do país e possibilitando maior acesso aos centros de diagnóstico e tratamento da doença do sono a população”, disse Amadeu Dala, citado pela Angop.
Até 1997, Angola chegou a registar 8.275 casos da doença do sono, números que foram diminuindo ao longo dos anos, como comprovam os 69 casos notificados em 2013, sem óbitos.
Uma brigada de 80 técnicos do Instituto de Combate e Controlo da tripanossomíase vai desenvolver no Cuanza Norte uma campanha de prospecção da doença até 22 de Dezembro, enquadrada no programa governamental de erradicação da endemia até 2025.
Um total de dez equipas móveis, com enfermeiros, técnicos de laboratório e de luta anti-vectorial (encarregue pela colocação de armadilhas para a captura da mosca tsé-tsé) vão trabalhar nos dez municípios que integram aquela região.
Esse trabalho, segundo Amadeu Dala, tem como objectivo identificar pessoas infectadas, cuja doença ainda não se manifestou, encaminhando-as para os centros de diagnóstico.
Os técnicos têm ainda como tarefa colocar cerca de duas mil armadilhas em toda a província para a captura do vector de transmissão da doença.
A tripanossomíase, uma doença tropical negligenciada e transmitida pela picada da mosca tsé-tsé, foi detectada em 15 das 18 províncias de Angola, estando livre da mesma apenas as regiões do Namibe, Huambo e Kunene, devido às suas características climáticas.