VERGONHA DE UM REGIME MILITAR CUJO FIM SE APROXIMA

É mais do que óbvio. Os Cabindenses não devem ficar demasiado iludidos com este regime cada vez mais radicalizado e que não quer em caso algum dialogar com as forças vitais da nação, tanto em Angola como em Cabinda.

Por Osvaldo Franque Buela (*)

Angola através dos seus chefes militares e do seu governo sempre negou a existência da guerra em Cabinda, dizendo que a FLEC-FAC foi um bando de bandidos que fizeram uma tempestade num copo de água.

No entanto, desde o início deste ano de 2022, a FLEC-FAC intensificou os seus ataques contra as Forças Armadas Angolanas que qualificam como forças de ocupação de Cabinda, com mortos e feridos de ambos os lados.

Para o fim do conflito, as forças políticas e sociais de Cabinda sempre solicitaram a abertura de um diálogo franco e inclusivo, os angolanos sempre reagiram de forma violenta e desproporcional contra civis desarmados, até à proibição de manifestações pacíficas no território de Cabinda.

Ainda hoje, é muito vergonhoso e desonroso para este governo ditatorial ler, através de uma nota do dia 6 de Janeiro deste ano, assinada pelo general Travão, querendo intimidar o governo do Congo, acusando-o de proteger as forças da FLEC-FAC.

Nesta nota que obtivemos de fontes fidedignas, e dirigida ao Brigadeiro General Jean Olessongo ONDAYE, o oficial angolano, reconhece e informa o oficial congolês que os elementos da FLEC-FAC, supostamente provenientes de Tchintanzi, teriam montado uma emboscada contra os soldados angolanos, sem citar os mortos e feridos resultantes desse acto de guerra que sempre negaram a existência.

Na mesma nota, o general Travão informa o general Olssongo que está espantado com a posição dos soldados congoleses que dispararam contra as suas forças impedindo-os de entrar no território congolês enquanto perseguiam os “bandidos”, esquecendo que o exército congolês não fez mais do que defender o seu território contra uma agressão fronteiriça que se preparava sem saber o que os angolanos queriam fazer nestas aldeias fronteiriças…

Numa linguagem arrogante e pouco diplomática contra o exército congolês que não se deixou intimidar, os angolanos acusam que o exército congolês deveria saber desta operação da FLEC-FAC, sabendo muito bem que o Congo não é interveniente nesta guerra que se passa no território de Cabinda, e que eles, nada mais fazem do que defender as suas fronteiras muitas vezes violadas pelos angolanos… que pena!

O regime angolano, que está à deriva à medida que as eleições se aproximam de todos os perigos, já não consegue controlar a população que está a eclodir uma revolta social, cujos primeiros sinais surgiram este fim-de-semana através da greve dos taxistas que paralisaram a cidade de Luanda, com um gabinete da comissão do MPLA saqueado e incendiado.

Hoje, apelo ainda às forças de Cabindesas para que se unam e continuem a resistir por todos os meios à ocupação militar angolana, com vista a pressionar o governo, e os angolanos, a sentarem-se numa mesa de negociação para um diálogo franco que possa levar ao fim da guerra em Cabinda, e proceder à libertação de jovens activistas injustamente detidos nas prisões de Cabinda.

Quando um povo se levanta, a ditadura estremece, assumamos o compromisso de quebrar todas as correntes do medo, vamos unir nossas forças para defender os nossos direitos, lutando até o fim.

(*) Activista e refugiado político na França

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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