A multinacional holandesa Vitol e a francesa Totsa Total Oil Trading S.A vão importar gasolina e gasóleo, respectivamente, para Angola, durante um período de 12 meses, a partir de Agosto deste ano, anunciou hoje a Sonangol. Não está mal senhor Presidente João Lourenço. Não está!
Em nota, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) refere que as duas empresas foram as vencedoras do concurso para a importação de produtos refinados de petróleo lançado pela petrolífera estatal do MPLA no passado mês de Março.
De acordo com o documento, foram convidadas a participar no concurso 27 empresas, incluindo as actuais fornecedoras, “como garantia de uma competitividade em igualdade de circunstâncias”.
Durante o processo, foram recebidas nove propostas das empresas BP, Trafigura, Vitol, Gunvor, Idemitsu, Mercuria, Totsa, Galp e Gemcorp e entre as ofertas “foram seleccionadas as melhores propostas para o fornecimento de cada um dos produtos e excluídas as restantes”.
Angola não é propriamente um país produtor de petróleo, mas antes um reino produtor de crude que, tal como descobriu a roda, descobriu que o melhor mesmo é produzir petróleo e importar combustíveis, criar e vender (galinhas) poedeiras e importar ovos, não produzir riqueza mas sim milionários. Por alguma razão, após 45 anos de governação do MPLA, o reino conta apenas com uma refinaria, com capacidade de até 65 mil barris de petróleo diários, que cobrem apenas 20% do consumo de derivados de petróleo.
O remanescente é importado, o que implica o dispêndio avultado de divisas, disse o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos de Angola, Diamantino de Azevedo, em Fevereiro deste ano, adiantando que em 2019 o país gastou 1,7 mil milhões de dólares (1,15 mil milhões de euros) com a importação de combustíveis.
Para ultrapassar este desafio, o Governo lançou projectos para a construção de novas refinarias, nomeadamente de Cabinda, Soyo e Lobito, nas províncias de Cabinda, Zaire e Benguela, processos que estão em curso e que estarão prontas – segundo os cálculos dos peritos do regime – antes de o MPLA completar um século de governação ininterrupta. Já só faltam 55 anos.
Angola gastou, no primeiro trimestre deste ano, 306 milhões de dólares (251,9 milhões de euros) para a importação de combustíveis, representando 66% das quantidades adquiridas e comercializadas nesse período.
De acordo com o Sumário da Actividade Comercial do Mercado dos Derivados do Petróleo referente ao I trimestre de 2021, do Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo (IRDP), foram adquiridas e comercializadas 825.469 toneladas métricas de combustíveis, no valor de 195 mil milhões de kwanzas (243,2 milhões de euros). Das quantidades comercializadas, 31% são da Refinaria de Luanda e 3% da Cabgoc-Topping de Cabinda.
O documento sublinha que as quantidades adquiridas no período em referência, representam um acréscimo aproximado de 2% em relação ao trimestre anterior, salientando que o país continua a contar com uma capacidade de armazenagem de combustíveis líquidos em terra de cerca de 680.011 metros cúbicos.
O resumo trimestral avança ainda que foram registados 898 postos de abastecimento em estado operacional, sendo 326 da estatal angolana Sonangol Distribuidora (36%), 78 da Pumangol (9%), 60 da Sonangalp (7%), 41 da TOMSA — Total Marketing & Services Angola (4%) e 393 de bandeira branca (44%).
“A actualização do Mapeamento Nacional de Postos de Abastecimento Operacionais, em 31 de Março de 2021, apurou uma diminuição de 53 postos operacionais, em relação ao IV trimestre de 2020, bem como a existência de 42 municípios sem postos operacionais”, descreve o relatório.
Relativamente ao volume de vendas globais dos vários segmentos de negócio – retalho, consumo e o ‘bunkering’ – no período em referência, foram registadas aproximadamente 975.225 toneladas métricas, evidenciando um crescimento de cerca de 26% em relação ao trimestre anterior, devido sobretudo à retoma da actividade económica no país.
Em termos de vendas nos segmentos de retalho e consumo, cinco províncias do país consomem cerca de 2/3 (67%) do total nacional, liderando a lista Luanda, com 42,0%, seguida de Benguela com 7,6%, Cabinda com 7,0%, Huíla com 6,5% e Zaire com 4,0%.
No que se refere aos combustíveis gasosos (gás de petróleo liquefeito), no período em análise foram introduzidas no mercado interno cerca de 89.746 toneladas métricas de gás de cozinha, das quais 90% provenientes da Angola LNG, 6% da Refinaria de Luanda e 4% do Topping de Cabinda, registando-se um decréscimo de 7% na sua aquisição para o mercado interno, comparativamente ao trimestre anterior.
“Relativamente às vendas, o registo é de um total de 99.236 toneladas métricas, o que representou um decréscimo de 9,3% em relação ao trimestre anterior”, pode ler-se no balanço, acrescentando que neste segmento lidera o mercado a estatal Sonagás, com uma quota de aproximadamente 81,57%, seguida da Saigás, com 9,81%, Gastém, com 3,69%, Progás, com 3,66%, e Canhongo Gás, com 1,27%.
As províncias que mais consumiram o gás de petróleo liquefeito são Luanda (61%), Benguela (10%), Huíla (6%), Huambo (5%) e Cabinda (3%), representando as cinco regiões aproximadamente 81% do consumo nacional.
No que diz respeito aos lubrificantes, até o fecho deste sumário, o registo foi de 7.452 toneladas métricas comercializadas no mercado interno, pelas principais empresas, representando um decréscimo de aproximadamente 25% em relação ao trimestre anterior.
Do volume total comercializado acima descrito, 1.440,7 toneladas métricas foram de produção nacional, correspondentes a 19,3% e o restante 5.982,5 toneladas métricas provenientes de importação, correspondentes a 80,7%.
A Sonangol Distribuidora liderou o mercado de lubrificantes no período em referência, com vendas na ordem dos 19,3% do total, seguida da Pumangol, com 9,2%, da Ditrol, com 8,7%, da Toyota de Angola, com 8,2%, e da Cosal com 6,1% de quota, fechando o top cinco.
Folha 8 com Lusa