O comprometimento do Governo angolano na melhoria das condições de vida das famílias e o desenvolvimento do país, com prioridade às crianças, é frequentemente destacado pela ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira. Há 45 anos que o MPLA nos fala da prioridade às crianças. No entanto, elas continuam a ser geradas com fome, a nascer com fome e a morrer… com fome.
Em Agosto de 2019, falando na cerimónia de inauguração da Unidade de Cuidados Intensivos e Hemodiálise do Hospital David Bernardino, a governante referiu estarem criados os pressupostos fundamentais para que se possa dar uma assistência adequada aos pacientes com insuficiência renal. Foi uma viagem longa, caso se concretize de facto. 45 anos para criar os… pressupostos fundamentais.
“É um privilégio poder testemunhar este acto que marca o início da actividade da nova unidade de cuidados intensivos e hemodiálise. Com esta unidade, este hospital de referência ganha assim mais valências, que vão contribuir para melhorar a qualidade de vida das crianças, a segurança e a tranquilidade para as famílias”, disse a ministra, acrescentando que o trabalho desenvolvido pelo hospital nos domínios da saúde preventiva, curativa e de reabilitação das crianças com patologias de média e alta complexidade, por meio de uma política de investigação, formação permanente do pessoal, é baseado no uso de tecnologias adequadas.
“Situação que muito contribui para o desenvolvimento dos cuidados da saúde infantil e de assistência médica a nível do país, sendo esta instituição uma referência que deverá ser cada vez mais modernizada e potencializada técnica e humanamente”, reforçou Carolina Cerqueira.
A ministra referiu também que o grande número de crianças doentes admitidas por insuficiência renal, que eram anteriormente transferidas para o Hospital Josina Machel e Clínica Girassol, poderão contar com serviços especializados para a abordagem e tratamento destes casos.
Carolina Cerqueira apontou que a criação da enfermaria pediátrica de hemodiálise a nível nacional nos serviços de cuidados intensivos, com tecnologia moderna, é resultado do investimento crescente do Executivo no sector da saúde, particularmente no atendimento às crianças, que sofrem pela falta de condições assistenciais adequadas nesta especialidade.
A remodelação e apetrechamento em equipamentos de ponta, de alta complexidade desta unidade, adiantou, permite afirmar que será melhorada a assistência às crianças e evitar que sejam transferidas para outras unidades, usufruindo plenamente de uma unidade de referência nacional nos cuidados pediátricos.
Além dos investimentos em equipamentos e obras de melhoria, a ministra frisou ainda a capacitação dos profissionais das mais diversas categorias, visando um atendimento qualificado e sobretudo humanizado.
Ressaltou igualmente que a causa mais frequente de insuficiência renal aguda das crianças é a malária, pelo que recomenda a literacia dos pais e dos responsáveis, o uso de mosquiteiros impregnados com insecticidas.
Carolina Cerqueira apelou aos profissionais de saúde que irão prestar os seus serviços, que façam com amor e carinho redobrado, com espirito de partilha e entrega, para minimizar a dor das crianças, que representam o futuro da Nação e merecem toda atenção uma vez que, são a prioridade da governação, conforme estabelecido no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), contextualizada na agenda do Executivo, que está comprometido em melhorar as condições da vida das famílias e em particular das crianças, que são o futuro do país.
Filhos da fome algum dia irão ser livres e brilhar?
A primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, convidou a duquesa Meghan Markle, mulher do príncipe Harry, a apoiar o projecto “Nascer Livre para Brilhar”, que visa eliminar a transmissão à nascença do vírus do HIV. Será possível que quem é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com fome algum dia seja livre e possa brilhar?
O convite, recorde-se, foi feito em Setembro de 2019 durante o encontro que Ana Dias Lourenço manteve com o príncipe Harry, no Palácio Presidencial, após ter sido também recebido pelo Presidente João Lourenço, segundo a embaixadora britânica, Jessica Hand.
Em declarações à imprensa, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, após a partida do príncipe Harry, a diplomata, considerou o encontro “interessante” para abordar o problema do HIV/SIDA em Angola, nomeadamente o projecto levado a cabo pela primeira-dama para benefício das famílias.
“Foi interessante. Foi um encontro de informação durante o qual o príncipe entendeu o trabalho de muitos sectores das organizações angolanas e ele recebeu um convite para a duquesa, para apoiar em conjunto o processo aqui”, disse Jessica Hand.
A campanha nacional “Nascer Livre para Brilhar” foi lançada em Dezembro de 2018 pela primeira-dama angolana, na província do Moxico, e visa reduzir a taxa de contaminação do VIH de mãe para o filho dos actuais 26% para 14%, em três anos.
Ao contrário do que parece ser a filosofia basilar do seu marido, acreditamos que Ana Dias Lourenço prefira ser “salva” pela crítica do que “assassinada” pelos elogios.
“Nascer Livre para Brilhar”? Será possível que quem é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com fome algum dia seja livre e possa brilhar?
Angola pretendia reduzir, até ao fim deste ano, dos actuais 26% para 14%, a taxa de contaminação do VIH de mãe para o filho, no âmbito da Campanha “Nascer Livre para Brilhar”, anunciou a própria primeira-dama. Vá lá. Desta vez não foi o Presidente. Mas o Governo está imparável. Às segundas, quartas e sextas lança novas iniciativas, às terças, quintas e sábados novos planos. Aos domingos… preparam os anúncios da semana.
Ana Dias Lourenço, citando dados da ONUSIDA de 2017, referiu que Angola regista uma baixa cobertura dos serviços de transmissão do VIH da mãe para o filho, onde apenas 34% das mulheres grávidas, que vivem com o vírus, recebe terapia com anti-retrovirais para não contaminar o bebé.
Ana Dias Lourenço indicou também, segundo dados do Ministério da Saúde, que em Angola existiam 650 unidades sanitárias que oferecem o programa de prevenção da transmissão vertical, contudo, em 2017 apenas 40% das grávidas fez a primeira consulta pré-natal durante o primeiro trimestre de gravidez e 18% não fez qualquer consulta pré-natal, como aponta o Inquérito dos Indicadores Múltiplos de Saúde do Instituto Nacional de Estatística.
Segundo a primeira-dama, 70% das mulheres declarou ter enfrentado problemas de acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente, problemas financeiros (63%), distância do centro de saúde (51,8%) e necessidade de autorização para ir à consulta (30,5%).
Relativamente ao tratamento pediátrico, estima-se que apenas 14% das crianças dos zero aos 14 anos que vivem com o VIH está em tratamento com anti-retrovirais.
O estigma, a discriminação, a não-aceitação e a falta de conhecimento ou de informação sobre a doença, são ainda desafios que se enfrentam no combate a esta endemia.
“As estatísticas e os factos acima mencionados preocupam-nos, assim, a campanha “Nascer Livre para Brilhar” pretende reduzir a taxa de transmissão do VIH de mãe para o filho, de 26%, em 2019, para 14%, em 2021, aumentar a utilização do preservativo pelos jovens dos 15-24 anos e melhorar a qualidade dos cuidados pediátricos até 2021″, disse Ana Dias Lourenço.
De acordo com a primeira-dama, é obrigação das pessoas envolvidas no plano consciencializar a população e as famílias, em particular as mulheres em idade fértil, grávidas, adolescentes e jovens, sobre “o que pode ser feito para prevenir a transmissão do VIH da mãe para o filho”.
“Vamos abordar o estigma e discriminação relacionados ao VIH, nas escolas, igrejas e na comunidade”, disse Ana Dias Lourenço, lembrando que esses males fazem com que muitas grávidas vivendo com o VIH não beneficiem dos serviços de saúde disponíveis.
Ana Dias Lourenço pediu a colaboração das organizações da sociedade civil, dos líderes religiosos, das autoridades tradicionais, entre ouros, na execução do Plano Operacional de Prevenção da Transmissão do VIH de Mãe para o Filho 2019-2021.
Na apresentação do referido plano, a directora do Instituto Nacional de Luta contra a Sida, Lúcia Furtado, recordou que a prevalência nacional de VIH é de 2%, contudo, as províncias de fronteira apresentam uma prevalência até três vezes mais do que a média nacional, como é o caso do Cunene (6%). Segundo Lúcia furtado, as mulheres têm uma prevalência de 2,1% e os homens uma prevalência de 1,2%.
“Em Angola estima-se que 300 mil pessoas vivam com o VIH, destas 190 mil são mulheres e destas 21 mil estima-se que sejam gestantes seropositivas e 120 mil são crianças dos zero aos 14 anos”, disse a responsável. Sobre novas infecções em crianças, a directora indicou que as estimativas apontam para 5.500 que nascem já contaminadas.
Lúcia Furtado referiu que apenas 54% das pessoas que iniciam o tratamento com anti-retrovirais dão continuidade até um ano, enquanto os restantes abandonam o tratamento por vários motivos.