Jovens empresários e empreendedores angolanos queixaram-se hoje de “excessiva burocracia” nas instituições públicas para a promoção, financiamento e expansão do seu negócio, e de “falta de clareza nos concursos públicos” para prestação de serviços
A “excessiva burocracia” que dizem existir “agrava” as dificuldades diárias que enfrentam para manter o negócio funcional.
Segundo o empreendedor angolano do sector tecnológico Carlos Caetano a excessiva burocracia, sobretudo no domínio do fomento ao crédito para as micro e pequenas empresas não é encorajador para a iniciativa privada.
“O empreendedor vê-se com muitas dificuldades para poder chegar ou ser cedido o crédito, as taxas de juro são bastantes exorbitantes, faz com que o empreendedor pague os juros e fica ainda na dúvida de ter de trabalhar para si mesmo ou ainda para os outros”, lamentou Carlos Caetano.
À margem do “Encontro com os Jovens Empresários e Empreendedores”, que abordou as iniciativas sectoriais de apoio ao empresariado e empreendedorismo juvenil, Carlos Caetano apontou igualmente “falta de clareza” nos concursos públicos.
Para o empreendedor, a problemática da falta de clareza nos concursos públicos decorre da existência do que considera como “lobbies” das grandes empresas que concorrem e ofuscam as pequenas iniciativas.
“Porque não se percebe que com prestação de serviço e mão-de-obra igual a qualquer uma outra grande empresa, juntamos até três grupos de trabalho, ficamos com um valor em termos de mão-de-obra inferior, mas quando vemos no final de tudo que ganha é uma grande empresa e com um valor exorbitante”, notou.
Por sua vez, Wankana de Oliveira, empresário de ‘fast-food’, apontou também a existência de bastante burocracia, referindo que o país e as autoridades “devem deixar de empolar números e criar um país das maravilhas”.
“A burocracia ainda é bastante, é uma pena que na verdade quando são os prelectores de instituições públicas querem nos dar exemplos, mas na prática quando nos dirigimos em instituições o excesso de burocracia é a treva”, frisou.
“Todos os encontros com vista ao diálogo são oportunos, inoportuno é nos fazerem crer que as coisas realmente estão a mudar”, realçou.
Wankana recordou que elaborou, em 2013, um plano de expansão da sua empresa e deu entrada do mesmo no Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (Inapem), mas passados sete anos não obteve qualquer resposta.
“Na altura gastei 6.000 dólares, por contratar uma consultora que fez um plano sobre a indústria do ‘fast-food’ em Angola, e quando entreguei no Inapem até hoje nunca fui tido e nem achado, o que é simplesmente triste”, atirou.
O “Encontro com os Jovens Empresários e Empreendedores”, que abordou as iniciativas sectoriais de apoio ao empresariado e empreendedorismo juvenil, foi promovido, em Luanda, pelo Ministério da Juventude e Desportos de Angola.
Lusa