A Polícia Federal (PF) do Brasil prendeu hoje o ex-director de serviços da Petrobras. Renato Duque, por suspeita de branqueamento de capitais, divulgou a imprensa brasileira.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, esta é a sétima fase da operação “Lava Jato”, que investiga um esquema de branqueamento de capitais na Petrobras, que terá movimentado cerca de 10 mil milhões de reais (3,1 mil milhões de euros).
A PF também prendeu executivos e está a fazer buscas e a executar mandados em cerca de cinco das maiores construtoras do país, consideradas o braço financeiro do esquema de corrupção na empresa estatal brasileira.
As construtoras repassariam o dinheiro dos subornos a agentes públicos para conseguir contratos na empresa petrolífera brasileira.
Renato Duque, indicado para o cargo pelo Partido dos Trabalhadores (PT, da Presidente Dilma Rousseff), seria o interlocutor do PT na Petrobras.
A directoria de serviços, comandada por Renato Duque entre 2003 e 2012, terá entregado percentagens dos contratos assinados ao partido de Dilma Rousseff.
Uma das construtoras alvo de busca nesta fase é a Camargo Correa, em São Paulo. As buscas são feitas também nas residências dos executivos da direcção das construtoras, entre eles a do vice-presidente da Camargo Correa e de um director.
São alvo ainda da operação as construtoras OAS, UTC Constran e Odebrecht.
Na sétima fase da operação, a PF decretou o congelamento de cerca de 720 milhões de reais (222 milhões de euros) em bens pertencentes a 36 investigados. Três empresas de um dos operadores do esquema tiveram suas contas bloqueadas.
Ao todo, 300 polícias com apoio de 50 funcionários da Receita Federal (Finanças) cumprem 85 mandados judiciais. Seis deles são de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de coerção e 49 de busca e apreensão.
Entre os mandados de busca, 11 são cumpridos em grandes empresas. A operação está a ser realizada nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal.
De acordo com a Polícia Federal, os envolvidos vão responder pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à lei dos concursos públicos e branqueamento de capitais.
No âmbito desta investigação, o ex-director de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, foi preso por suspeita de receber subornos do “doleiro” Alberto Youssef (que está preso e também a colaborar com a justiça), em troca de favorecer certas empresas na aprovação de contratos com a Petrobras.
Paulo Roberto Costa entrou num acordo de colaboração com as autoridades e tem apontado outros envolvidos no esquema nos seus depoimentos à polícia.
Numa das suas declarações, Paulo Roberto Costa revelou a prática de sobrefacturação em alguns projectos e entrega de valores a partidos políticos, incluindo o PT, no Governo, PSDB, PP e PMDB.