O embaixador de Portugal em Angola, João da Câmara, afirmou, em entrevista à Angop, que os portugueses vêem com muito orgulho, prazer e gosto o percurso de Angola 39 anos depois da independência, tornando-se numa referência em muitos aspectos ao nível internacional. Que mais poderia ele dizer?
Odiplomata, que falava a propósito dos 39 anos da independência do país, a assinalar-se a 11, e da cooperação entre os dois estados, acrescentou que Angola fez um percurso fantástico, principalmente depois da guerra que só trouxe enormes dificuldades.
O embaixador disse que foi um caminho muito duro percorrido por Angola, pagando um preço alto pela guerra, mas é com grande satisfação que está neste rumo satisfatório e acolhe, tão generosamente, tantos portugueses que ajudam também no processo de desenvolvimento do país.
João da Câmara referiu que o seu país esteve sempre ao lado de Angola neste percurso, “mesmo quando as relações não foram as melhores houve sempre cooperação e proximidade, quando poucas empresas estrangeiras estavam aqui estabelecidas, as portuguesas mantiveram-se aqui”.
“É evidente que há um grande número de empresas que veio depois do alcance da paz. Mas é igualmente grande o número de empresas que veio para cá ainda durante a guerra, por ser uma relação que diria natural”, asseverou.
Hoje, disse, as relações estão melhores do que alguma vez estiveram. São 39 anos em que cada um dos países fez o seu percurso, estabeleceu ligações e relações com outros países também no sentido de procurarem o seu lugar no mundo.
“Cada um deles passou as suas vicissitudes, Angola teve uma guerra muito prolongada que atrasou o seu processo de desenvolvimento e Portugal entrou na União Europeia. Foi um período em que cada um dos países se tentou posicionar nas suas áreas geográficas”, disse.
Reforçou que as relações nunca se interromperam desde a independência de Angola, apesar de logo a seguir à mesma se terem registado períodos muito tensos nas relações bilaterais, como seria de esperar, e depois com um processo com altos e baixos, com avanços e recuos.
O Embaixador salientou que houve sempre, de um lado e de outro, angolanos e portugueses que quiseram levar este processo à frente, por terem percebido a utilidade de um e outro, sendo pois o trabalho e perseverança destas pessoas que contribui significativamente para que as relações se fossem intensificando e diversificando a todos os sectores da vida política, económica e social.
Segundo o embaixador, não se pode dizer que não haja, de vez em quando, um solavanco, um obstáculo e haverá sempre, porque quanto mais as relações forem próximas mais existirão pessoas que não gostam destas relações, tanto em Angola como em Portugal, e que vão tentar resistir.
João da Câmara disse que estas pessoas têm todo o direito de não gostarem deste relacionamento, uma vez que os dois países são democráticos onde as vozes dissonantes, em todas as áreas e esferas de actividades, são aceitáveis.
Vozes dissonantes são aceitáveis? Dois países democráticos? João da Câmara sabe o que diz mas não diz o que sabe. Também é verdade que não poderia dizer outra coisa.
No entanto, diz o Embaixador luso, isto é perfeitamente compreensível, mas “o mais importante é nós sabermos que estes são grupos minoritários dos dois lados e os que percebem a utilidade, interesse e afectos que existem nesta relação, dai o desejo de que elas avancem e continuem na construção do processo são a maioria”.
Depois destes elogios, o Embaixador de Portugal foi para mais um lauto manjar, sendo que ao mesmo tempo muitos angolanos, muitos mesmo, continuavam sem saber o que é aquilo que João da Câmara tem pelo menos três vezes por dia: refeições.