A cerimónia de enterro dos restos mortais do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, vai realizar-se a 1 de Junho em Lopitanga, província do Bié, anunciou esta segunda-feira o presidente do partido, que declarou um mês de luto.
Numa conferência de imprensa, Isaías Samakuva confirmou que os restos mortais exumados no cemitério municipal do Luena, a 31 de Janeiro deste ano, são de Jonas Savimbi.
“De facto, além de explicações gerais dadas por especialistas de reconhecida experiência, que se ocuparam dos exames, o relatório escrito do Laboratório de Genética Forense da EAAF, equipa argentina de antropologia forense conclui que a probabilidade de identidade é superior a 99,99%”, disse Isaías Samakuva.
O presidente da UNITA salientou que além do partido, os resultados foram reconhecidos pela família mais próxima do antigo líder do “Galo Negro”, como os filhos José da Conceição Africano Sakaita, Atau Kanganjo Sakaita Savimbi e Rafael Massanga Savimbi, e pelos sobrinhos, Esteves Petetela Pena e Araújo Pena.
Todos, acrescentou, e a direcção da UNITA declararam que “reconhecem a validade dos testes científicos realizados e que os restos mortais exumados no cemitério municipal do Luena, no dia 30 de Janeiro de 2019, são realmente do malogrado presidente fundador da UNITA”.
Segundo Isaías Samakuva, na fase derradeira de todo o processo está prevista para 28 deste mês a recepção pela família e pela UNITA dos restos mortais, que serão entregues pelo Governo no Cuíto, capital da província do Bié.
De acordo com o programa delineado pela família e pela UNITA, os restos mortais de Savimbi chegam dia 29 à sua residência na província do Huambo.
Dia 30 será a chegada dos restos mortais à sede do município do Andulo, e, um dia depois, chegarão a Lopitanga, onde decorrerá o “velório principal”, com a inumação a realizar-se a 1 de Junho.
“A UNITA verga-se à memória do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, um ilustre filho de África, que deu toda a sua vida por Angola e pelos angolanos e, a partir de amanhã [terça-feira] dia 21 de Maio de 2019, observa um período de luto de 30 dias em todo o território nacional, devendo a sua bandeira ser içada a meia haste em todas as suas instalações onde ela é habitualmente içada”, referiu o líder da UNITA.
Isaías Samakuva disse que o luto “serve para um período de reflexão e de recolhimento, que deve ser observado por todos os membros da UNITA”.
Jonas Savimbi foi morto em combate pelas forças armadas governamentais, com a ajuda de alguns dos seus generais que passaram a integrar as forças do MPLA, com destaque para aquele que viria a ser Chefe do Estado Maior General das FAA, general Geraldo Sachipengo Nunda, no dia 22 de Fevereiro de 2002, na comuna do Lucusse, província do Moxico, e o seu corpo sepultado no cemitério municipal do Luena, capital da província.
O seu funeral, relembrou Isaías Samakuva, “suscitou várias especulações ao longo do tempo, que vai da data do referido funeral até à presente”.
“Várias histórias foram concebidas, fabricadas, contadas e feitas circular. Desde as que diziam que o caixão visto a descer à cova no dia do referido funeral não continha nada, passando pelas que diziam que o seu corpo tinha sido vandalizado, a outras que diziam que o corpo teria sido retirado do cemitério municipal do Luena pouco depois de ser sepultado, para depois ser embalsamado e levado para uma morgue algures em Luanda”, disse.
O presidente da UNITA denunciou que o partido foi vítima de tentativa de extorsão “em troca de promessas de revelarem onde realmente estavam os restos mortais do presidente fundador”.
“Presentemente, pessoas mal-intencionadas ainda procuram fazer circular ‘mujimbos’ [boatos], segundo os quais a direcção do partido estaria a ser enganada com análises laboratoriais que em nada dariam. Procuram, essas pessoas, desacreditar quaisquer resultados que viessem a ser apresentados, tudo para criar um clima de suspeição e de incerteza”, acrescentou.
Relativamente aos preparativos do acto, Isaías Samakuva disse que são várias as manifestações de apoio de cidadãos da sociedade civil, membros de outros partidos, pessoas anónimas, que estão a contribuir para que esta actividade corra bem.
“Posso garantir que as doações já passam os 80 milhões de kwanzas [218 mil euros]. Ainda é uma gota no oceano. Os nossos cálculos para esta actividade, as nossas previsões sobre tudo o que vai ser necessário ali, ultrapassa os 500 milhões de kwanzas [1,35 milhões de euros]”, indicou.
Isaías Samakuva referiu que este é “mais um passo para a reconciliação nacional, mas ainda insuficiente”, considerando que mais pode ser feito.
“Há 17 anos que nós esperávamos por este momento que vamos viver nos próximos tempos. Podemos ver que, para materializar este projecto, ainda há pequenas dificuldades que temos de vencer”, salientou, sem especificar.
Folha 8 com Lusa