Polícia admite “excesso” de agente que matou uma zungueira

ANGOLA. A Polícia angolana condenou hoje a atitude de um dos seus agentes, já detido, por disparar mortalmente sobre uma zungueira, em Luanda, assumindo “excesso do uso da força” e garantindo que será responsabilizado “disciplinar e criminalmente”.

O facto, que ocorreu na final da tarde de terça-feira, no bairro Rocha Pinto, distrito urbano da Maianga (como o Folha 8 publicou), causou tumultos na sequência do disparo efectuado contra a mulher, de 29 anos, com “fortes indícios de inobservância dos princípios de actuação policial” e “excesso de uso da força”.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia, Mateus Rodrigues, afirmou “não haver nada que justifique que um efectivo da polícia devidamente preparado dispare indiscriminadamente contra uma cidadã”.

“É uma situação inexplicável, daí que os integrantes da equipa que esteve no local da ocorrência, nomeadamente o comandante da esquadra, o chefe da viatura e o agente já detido deverão ser responsabilizados disciplinar e criminalmente de acordo com o seu grau de culpabilidade”, disse.

Mateus Rodrigues salientou que será garantido apoio social à família da vítima, que deixa viúvo e três filhos.

Segundo a Polícia, a “vítima não teria sido socorrida de imediato pelos efectivos”, visto que eles “terão sido obrigados a abandonar o local, em busca de reforço, dada a hostilidade que se verificava no local logo após a ocorrência”.

A ausência de um “socorro imediato à vítima” para uma unidade hospitalar, adiantou Mateus Rodrigues, provocou um “sentimento de revolta no seio da população que veio posteriormente a gerar acções violentas contra as forças da ordem”.

De acordo com o oficial da Polícia, os cidadãos praticaram “actos de vandalismo, desacatos, arruaças, desobediência” e outras formas de alteração da ordem, “obrigando” à intervenção de várias unidades policiais.

O porta-voz da polícia em Luanda deu conta também que as acções de manutenção da ordem e tranquilidade públicas terão provocado “ferimentos a três agentes” da corporação e a outros populares, estando confirmados alguns “feridos graves” hospitalizados.

Mateus Rodrigues adiantou que foram detidos mais de 20 cidadãos, presumivelmente envolvidos nos actos de vandalismo, que causaram “danos avultados a viaturas de transeuntes e da polícia, a administração local e a outros bens públicos”.

As acções de manutenção da ordem e tranquilidade públicas no local, acrescentou, “continuam com uma intensidade mais próxima do que é regular”.

Lusa

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