O regime angolano que tinha no BES a sua maior lavandaria de dinheiro, gizou, nos últimos anos, uma estratégia para “assassinar” a imprensa privada, cuja pujança assentava em títulos de vários proprietários.
P reocupado com a diversidade de opinião, muitas descomprometidas com as amarras do poder, o governo/MPLA nada mais fez do que estabelecer um programa de aquisição destes meios de comunicação sociais privados.
Ou seja, Semanário Angolense (com uma cláusula, impedindo os seus jornalistas de voltarem a escrever, durante um longo período); A Capital; Agora; Independente e Factual (ambos ligados a agentes da Segurança de Estado); Angolense; Novo Jornal; Continente.
Com a aquisição destes órgãos e o controlo absoluto partidocrata dos meios de comunicação sociais públicos: Rádio Nacional, Jornal de Angola, Televisão de Angola (canal II e TPA Internacional, entregues sem concurso público a dois filhos do Presidente da República, Tchizé dos Santos, também deputada, e Zédu dos Santos) e ANGOP – Agência de Notícias, o regime deixou de ter na imprensa um elemento fiscalizador e de denúncia, porquanto agora tudo é a voz do dono.
Nesta selva a única excepção vai sendo o Folha 8, alvo de todas as perseguições e chantagens, destacando-se os 98 processos judiciais contra o seu director, William Tonet.
Com esta estratégia que contraria a Lei de Imprensa e das sociedades comerciais, que proíbem a existência de monopólios, foram criados, com um toque de mágica, vários grupos empresariais de homens do poder, sem qualquer capital financeiro, mas munidos apenas de capital partidocrata, como arma bastante para escancarar as portas do Banco Espirito Santo e de lá tirarem os milhões de dólares para corromper jornalistas e adquirir os seus jornais.
Uma legião de gestores e jornalistas portugueses, foram então desembarcando para dirigir as novas pérolas dos dirigentes angolanos, com salários chorudos, nunca antes praticados no mercado, tudo visando matar a liberdade de imprensa e de expressão e assim amordaçar a incipiente democracia.
Com o andar dos tempos e uma vez ter havido uma baixa significativa no volume de vendas, aliada à crise no BES, que deixou de bancar o dinheiro, os órgãos privados monitorizados pela Presidência da República e arredores estão a viver uma forte crise.
Desde já o Grupo New Media Angola, SA, que controla o Novo Jornal, o Jornal Sol e o semanário Económico Expansão e o grupo Nova Vaga, detentor do semanário Agora, vivem momentos financeiros difíceis, com salários dos jornalistas em atraso desde o mês de Agosto.
Se não for ultrapassada esta crise, até ao dia 03.11.14, os órgãos, por decisão dos seus trabalhadores, em caderno reivindicativo, ameaçam paralisar toda actividade dos grupos que controlam, o Novo Jornal, o jornal Sol, o semanário Agora e o Expansão.