O livro “Cabinda – Um Território em Disputa”, editado pela “Guerra & Paz” e organizado pelo jornalista Sedrick de Carvalho, será apresentado no dia 9 de Abril, às 18:30, na Bertrand Picoas-Plaza (em Lisboa). São oito os autores que dão voz (e alma) a esta obra: Alberto Oliveira Pinto, Marcolino Moco, Francisco Luemba, Rui Neumann, Orlando Castro, Afonso Justino Waco, Sedrick de Carvalho, José Marcos Mavungo.
Situada na região mais a norte de Angola, Cabinda tem sido palco para disputa na secessão territorial com argumentos em torno de questões históricas, geográficas, culturais e jurídicas. Apesar dos confrontos, as autoridades angolanas asseguram que não há guerra nem guerrilha em Cabinda.
Na realidade, em Cabinda não há paz. E é essa a verdade que está na origem do livro “Cabinda – Um Território em Disputa”, organizado pelo jornalista e activista Sedrick de Carvalho, que reúne ensaios de oito autores influentes e decisivos, mostrando diferentes perspectivas sobre a questão e o estatuto do território.
Três dos autores estiveram presos pela tomada de posição em defesa dos direitos humanos e foram, mais tarde, considerados prisioneiros de consciência pela Amnistia Internacional. Um vive há décadas no exílio.
“Cabinda – Um Território em Disputa” é o livro que tem coragem de trazer a debate e contar a História da parte da história que sempre foi ocultada ou mal contada: a de Cabinda. Contada por quem a viveu e a analisa.
“Cabinda tem sido um palco constante de perseguições, prisões, torturas e assassínio por parte do regime angolano”, sintetiza Maria Manuela Serrano, activista dos direitos humanos, no prefácio do livro organizado por Sedrick de Carvalho, um dos detidos no “Processo 15+2”
Em “Cabinda – Um Território em Disputa” aborda-se a formação do território sob perspectivas históricas e jurídicas, defende-se o direito e dever de resistência contra a ocupação, fala-se de Che Guevara como “pai espiritual” da intervenção cubana em Cabinda, analisa-se o tratamento dado por Portugal durante a presidência de Cavaco Silva, descreve-se a forma como Cabinda é referida na imprensa angolana e analisa-se, ainda, o significado político e jurídico do Tratado de Simulambuco.
Este é o livro do diálogo. Um diálogo sereno, o diálogo que interessa ao povo de Cabinda, aos angolanos e, sublinhe-se, também aos portugueses, a quem esta questão africana não pode deixar de fazer revisitar todo o processo de descolonização e o terrível cortejo de desastres humanos que dele também decorrem. Para que a memória dos que lutam pela paz no território não se apague.