ONU. O Governo moçambicano afirmou hoje defender o desarmamento universal e disse que vai trabalhar com os peritos das Nações Unidas que estão a averiguar uma alegada exportação de armas da Coreia do Norte para Moçambique.
“O Estado moçambicano defende o princípio do desarmamento universal”, referiu Ana Comoana, porta-voz do Conselho de Ministros, questionada pela agência Lusa no final da reunião do órgão.
O país é ainda signatário de vários tratados internacionais contra a proliferação de armas, nomeadamente nucleares, e subscreve as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sublinhou.
A governante considera assim que “fica claro qual o princípio” do executivo moçambicano.
Existindo uma comissão de peritos a averiguar o assunto, “o Governo vai trabalhar com essa comissão para perceber melhor quaisquer questões” que possam surgir, com vista ao “devido esclarecimento, em tempo oportuno”. “Mas tudo quanto o nosso país tem feito é assegurar o cumprimento dos tratados em que é parte”, concluiu.
Especialistas da ONU que monitorizam a aplicação de sanções indicaram num relatório divulgado no sábado que o Governo de Kim Jong-un continua a ignorar as sanções sobre mercadorias, bem como o embargo de armas e restrições relativas ao transporte e actividades financeiras.
Quanto a Moçambique, o painel de oito especialistas investiga a venda de um sistema de defesa área portátil, mísseis superfície-ar e um radar, uma operação feita entre a empresa coreana Haegeumgang Trading Corporation e a Monte Binga, uma empresa controlada pelo Governo moçambicano.
“Moçambique ainda não forneceu uma resposta substantiva ao inquérito deste painel. Dois Estados-membros declararam que a Haegeumgang está activa em Moçambique e no país vizinho da Tanzânia. Um Estado-membro especificou que a Haegeumgang forneceu o mesmo tipo de mísseis superfície-ar a Moçambique e à Tanzânia”, lê-se no relatório.
A ONU está também, como o Folha 8 noticiou, a investigar possíveis violações ao embargo e sanções impostas à Coreia do Norte por parte de Angola (que foi membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas), segundo um outro relatório da organização. Só é estranho para quem não conhece (ou não quer conhecer) as ligações do regime angolano com a “democracia” norte-coreana, um dos seus faróis políticos.
“O painel continua a sua investigação sobre se a guarda presidencial de Angola e outras unidades foram treinadas por pessoas da República Democrática Popular da Coreia, bem como sobre diplomatas do país acreditados em Angola que trabalham para a Green Pine Corporation, incluindo o Mr. Kim Hyok Chan e o Mr. Jon Chol Young”, lê-se no relatório.
Segundo a ONU, a Green Pine Corporation é responsável por quase metade das armas exportadas pela Coreia do Norte. A empresa é alvo de sanções da comunidade internacional desde 2012.
Os especialistas da ONU acreditam que Kim Hyok Chan, um dos norte-coreanos que tem visto de diplomata em Angola, “é o representante da Green Pine Corporation responsável pela remodelação dos navios da República Democrática Popular da Coreia que violou as resoluções” internacionais e que Kim viajou com o seu colega Jon Chol Young entre Angola e o Sri Lanka numa “tentativa falhada” de vender navios militares.
O relatório nota que “Angola ainda não respondeu às perguntas do painel.” É natural que ainda não tenha respondido. Está à espera de, neste caso, “ordens superiores” de Pyongyang
Folha 8 com Lusa