O tempo corre, indiferente ao minuto, que não recua e não perdoa indecisões políticas, por ter memória, tal como o curso das águas do rio.
Por William Tonet
O país está em crise, uma crise própria, identitária, fruto da má gestão e corrupção institucional, por discriminatória (e quase sempre unilateral) distribuição da riqueza nacional e de oportunidades, ao longo de 40 anos de independência, mas “oportunisticamente” geminam-lhe a de outros países.
A comparação não incrimina, pese haver algumas semelhanças, mas a matriz global, não pode repousar na baixa do preço do barril do petróleo.
Angola tem, caricatamente, lugar cimeiro no “livro guiness”, por ser dos poucos países do mundo, onde os apontados como violadores dos Direitos Humanos, torturadores, assassinos, empresários relevantes, gatunos do erário público, corruptos, fomentadores do desemprego, fazem, exclusivamente, parte da mesma família partidocrata.
Um êxito, ideologicamente, cego e incorrecto! E, isso, leva a que as principais organizações financeiras internacionais: BM (Banco Mundial), FMI (Fundo Monetário Internacional), não careçam de lupa, para localizar e identificar, os responsáveis pela gangrena financeira que imobiliza o país.
Na primeira esquina, do Futungo de Belas e da Cidade Alta, os apelidos e a simpatia pelo Futebol Clube do Porto, não mentem, sobre como, uns poucos, locupletaram, ilicitamente, os milhões e milhões dos cofres do erário público, para os seus caprichos umbilicais. São uma equipa, verdadeiramente perniciosa, que na cega caminhada vai semeando os ventos do descontentamento e da instabilidade social futura.
As manifestações belicamente reprimidas, hoje, serão mais violentas, amanhã, se nada de politicamente relevante, for feito, para uma verdadeira conciliação, entre todos os actores políticos: OPOSIÇÃO E PODER, onde a análise do passivo, poderá ditar, o fim da sangria financeira do Estado, a monarquia incubada, a despartidarização das instituições públicas do Estado, das Forças Armadas, da Polícia Nacional, dos Órgãos de Defesa e Segurança, dos órgãos de comunicação social públicos, da banca nacional, das telecomunicações, para se instaurar uma blindada fronteira de mudança, de expressão das liberdades fundamentais do cidadão e da democracia participativa.
É preciso, por ainda ser possível, afastar a violência extrema, na lógica da “Lei de Talião: olho por olho, dente por dente”, contra os membros do actual regime, pois os angolanos devem ser capazes de afastar as tristes imagens das barbaras eliminações de Samuel Kanyon Doe, ex-presidente da Libéria (Assista o vídeo aqui: http://www.dailymotion.com/video/x2o 55dz), de Nino Vieira, ex-presidente da Guiné-Bissau (http://videos.sapo.pt/ovcUWWlziuYvBblYJrB9) ou de Muammar Al Gaddaffi da Líbia (https://www.youtube.com/watch?v=8axGD9HbrRM), que na cegueira política, arrogância e ideia de perpetuação no poder, não souberam ler os sinais dos tempos, para estabelecerem um pacto de regime, onde o perdão e a tolerância poderiam, afastar o rancor, o ódio e os recalcamentos incubados, face às má políticas e maus-tratos do passado (para os países já não volta) e é irrelevante, pese ser um marco, na construção do futuro harmonioso, pacífico e estável dos Estados.
Em Angola com a discriminação galopante, o aumento do desemprego, a destruição bélica de casas dos populares pobres, com mortes à mistura, a falta de água, luz, saúde, educação e inflação, estão reunidos os condimentos necessários, para a explosão social e ajuste de contas, principalmente, se o desespero e a vingança, tomar conta do cérebro dos líderes da sublevação, calcinados e descrentes com os políticos.