Faz um mês neste 25 de Junho desde que foi frustrada a tentativa de ser silenciado Adalberto da Costa Júnior, deputado à Assembleia Nacional e Presidente do Grupo Parlamentar da UNITA.
Por Vitorino Nhany (*)
Durante 6 anos e 4 meses trabalhei em Benguela com um balanço extremamente pesado no que à intolerância política diz respeito: 36 quadros assassinados por intermédio de armas de fogo e brancas bem como o triste uso de veneno, táctica de alguém que detém o poder. Até o mais velho Kalopipu da aldeia Kambandjo, se ainda vive, ficou surdo por acção de agressão das mãos de Tchakamba – o carrasco 1º Secretário do MPLA de Balombo!
A última morte foi de Januário Armindo Sikaleta, Secretário Municipal de Bocoio, assassinado por Numala, Nikote e Jantar, 1º Secretário Municipal de Bocoio, agente da UPIP e membro do SINSE, respectivamente.
Com os meus colaboradores visitamos por três vezes Kapupa com emboscadas feitas na 1ª em que foram montadas 4 barricadas todas elas desmanteladas pelos militantes que integravam a caravana. Pela 3ª vez erguemos a bandeira na sede de Kapupa tendo cerca de 100 senhoras permanecido debaixo dela para que não fosse retirada. Numa 4ª vez rumamos para Kupa onde fizemos um comício. Recorde-se que essa área não tem ensino a funcionar nem serviços de saúde porque segundo as autoridades da altura é área afecta à UNITA !
Por isso, o que aconteceu com a caravana de Adalberto não é novidade. A novidade foi o crime frustrado! Porque depois de estatelado o Tenente-Coronel Mbumbo – Inspector Provincial, os assassinos diziam: ” É pá, foi um erro; este indivíduo não, tem de ser o fulo conforme mandaram”!!! Esse pronunciamento significa que os actores materiais receberam ordens superiores! Talvez da estrutura central por o companheiro Adalberto ser implacável na causa que defende e que defendemos, goste-se ou não, é uma escolha até à morte.
Alguém terá dito: “São represálias decorrentes do conflito armado”! Que tamanho raquitismo político!! Um dirigente que representou o Partido no Vaticano e em Lisboa, em que nem à frente de Benguela esteve. E mesmo que estivesse, é dessa forma que pretendem reconciliar o País? Se assim é, que futuro teriam os carrascos do 27 de Maio bem vivos? Dou razão ao Presidente Savimbi quando dizia que os angolanos tinham um passivo decorrente da colonização e que os acompanha até aos dias de hoje, traduzido pelo facto de o colonizador não lhes ter ensinado política, o que já não aconteceu com a França, por exemplo, pois, o saudoso Félix Boigny não teria sido Presidente da França durante 72 horas.
Mesmo os pronunciamentos recentes do actual Secretário-Geral do MPLA são interpretados na base desse passivo e reflectem o “pensamento político” desses dirigentes.
Há dirigentes que não podem participar no processo de reconciliação nacional porque não podem! Espero que esteja a ser entendido pois, o verbo poder não tem imperativo. Porém, estes são sinais de que a democracia foi uma imposição. Mas a guerra, nunca mais. Quem não se adapta procure por uma escola, senão fica ultrapassado. Os que iniciaram a guerra em 1975 são aqueles cujo pensamento apontava para a aceitação em Angola de um regime de partido único. A UNITA defendia um regime democrático. Perante esta realidade, todos sabem qual é o pensamento que triunfou! Há saudosismo de regime monolítico que mais não regressa, queiram ou não.
Situação em Kapupa
A situação que se vive hoje em Kapupa é de um autêntico terror. Na aldeia de Kambulo onde a agressão foi feita, foi fixado um limite baseado no rio Songue. Quem atravessar o rio para a margem esquerda, área considerada do MPLA, morre. O “comandante” desse crime chama-se Filipe Ndjongo Tchimbuta, soba (o Secretário-Geral do MPLA deve conhecer).
Informações que nos chegam ditam que dos mais de 500 homens envolvidos, fruto da legítima defesa, alguns estão a ser enterrados em Kalukembe (Huila). Portanto, tratou-se de uma acção bem planeada!
O mais triste é que aqueles que aceitam dizimar os angolanos iguais pela origem e leis, dormem em esteiras, comem peixe seco e ratos porque são pobres, mas cumprem ordens daquele que usurpou o dinheiro dos angolanos (mil milhões dólares americanos) com o filho a controlar o Fundo Soberano e a filha uma das mais ricas mulheres do continente!
DESAFIO : lanço um desafio ao Presidente do MPLA para mandar parar o terror. Ou manda parar, se é que a intenção de vir ser recordado patriota ainda se mantém, ou nos dá a entender que a hierarquia no seu partido não funciona.
(*) Secretário-Geral da UNITA