Dezenas de pessoas, entre as quais o nosso Director, William Tonet, concentraram-se hoje em Lisboa para assinalar o primeiro aniversário da detenção dos 17 activistas angolanos, numa iniciativa convocada pelas redes sociais e também programada para diversas cidades angolanas.
Ao final da tarde, em plena praça do Rossio, uma instalação de três painéis que imitavam as paredes de tijolo de uma prisão com janelas de grades, com as frases num cartaz amarelo ‘Liberdade de expressão em Angola’, ‘Libertem os activistas!’ e uma vela contornada por arame farpado, assinalavam a presença da Amnistia Internacional (AI).
Junto à estátua central da praça, diversos activistas seguravam uma faixa com a frase ‘Queremos liberdade’, ou pequenos cartazes pela libertação dos detidos.
“Nunca Angola esteve tão na lama como por causa desta bestialidade. Angola diz que quer acabar com o analfabetismo, e precisamente por 17 jovens quererem acabar o analfabetismo, contra a ditadura, pela democracia, e agora estão na prisão”, disse à Lusa Willian Tonet, advogado, jornalista e director do Folha 8, “o único jornal privado angolano”, como precisou.
“É um julgamento do mais básico, que não respeitou o direito mas a ideologia. Cada vez que uma voz no mundo se levanta, é o regime de Angola que aparece como ditador. Por mais que esteja escrito na Constituição que há uma democracia e que existe um Presidente eleito numa lista, José Eduardo dos Santos ficará marcado para a história como o grande ditador do século XX que atravessou o século XXI”, frisou Tonet.
O nosso director mostrou-se convicto de que “Angola tem de mudar”, e em nome do futuro. “José Eduardo tem de se lembrar que tem filhos e tem netos. Em nome destes filhos e netos, deve hoje ter compaixão e aplicar justiça aos filhos dos outros que são inocentes”, referiu.
Os 17 activistas estão presos em duas prisões diferentes, a maioria no Hospital-Prisão de São Paulo, arredores de Luanda, estando a decorrer actualmente um processo de ‘habeas corpus’, que a AI espera que culmine no “bom senso”, como referiu Pedro Neto, director executivo da secção portuguesa da ONG de direitos humanos.
“É dizer às autoridades angolanas que o mundo está atento ao que estão a fazer, é um evento que está a decorrer em vários sítios do mundo, e com isto temos a esperança de que consigamos envolver ainda mais pessoas para assinar a petição pela sua liberdade e dizer às autoridades angolanas que acreditamos no seu bom senso para que possam repor uma situação de justiça, ou de algum modo corrigir a situação de injustiça que está a decorrer desde há um ano”, afirmou.
A “esperança e a expectativa no bom senso” fazem mover a actuação da Amnistia neste processo, e as iniciativas de rua, ou as petições, justificam-se “para não deixar cair no esquecimento” a situação dos 17 angolanos detidos.
“Se isso nos falhasse, não teríamos energia para continuar. Temos muita esperança no bom senso, temos um precedente que é a libertação de Marcos Mavungo em Cabinda. É só replicar a história mais 17 vezes e a justiça e a normalidade das coisas pode acontecer”, assinalou.