Hoje Barack Obama iniciou uma visita histórica de três dias a Cuba. É a primeira vez em 88 anos que um presidente dos EUA visita o país e é um passo importante para a reaproximação dos países.
Opresidente dos EUA foi recebido por um tempo chuvoso que afastou as pessoas da rua mas, para além das condições atmosféricas, os cubanos foram aconselhados a ficar em casa. O governo cubano relembrou que muitas das estradas estarão fechadas por razões de segurança, pelo que não será fácil ver Barack Obama e a sua família. Ainda assim, os cubanos podem acompanhar de perto a visita do presidente norte-americano na televisão.
É o primeiro Presidente dos EUA que visita o país em 88 anos. A viagem está carregada de um grande simbolismo, não só porque representa o eminente fim do embargo, que só deverá ser levantado na próxima legislatura, mas também porque é um passo importante para a normalização das relações diplomáticas entre os dois países, que foram cortadas em 1961 – o ano em que nasceu Barack Obama.
O presidente dos EUA está acompanhado pela primeira-dama Michelle Obama, as suas duas filhas, Sasha e Malia e com a sua sogra, Marian Robinson. Barack Obama e a família vão ficar numa mansão da embaixada, que dizem ter sido desenhada para ser uma “Casa Branca de inverno” para Franklin Roosevelt, conta o jornal The Guardian.
Durante a visita, Obama vai estar com os funcionários da embaixada americana e visitar a zona histórica de Havana. A visita inclui uma ida à catedral onde se deverá reencontrar com o cardeal Jaime Ortega, que teve um papel essencial, juntamente com o Papa Francisco, no processo de reaproximação entre Havana e Washington. Só no segundo dia é que os dois presidentes se encontram para analisarem o processo de reaproximação. Na terça-feira, Obama vai discursar perante mil pessoas no mesmo teatro onde, 88 anos antes, Calvin Coolidge, o último presidente dos EUA a visitar Cuba, também o fez. O discurso histórico vai ser transmitido pelas televisões do país.
Os dois países sempre tiveram relações estreitas, já desde o tempo em que Cuba era uma colónia espanhola. Nessa altura, os EUA importavam açúcar de Cuba e tentaram, por duas vezes, comprar o país aos espanhóis. Essa compra tinha o aval de Cuba que queria acabar com a dominância espanhola. Assim, o país foi invadido por tropas dos EUA, que ficaram no país até 1902, ano em que conseguiram a independência, mas com um acordo que dava aos norte-americanos o direito de intervir em Cuba para manter a estabilidade e independência do país. Em 1934, os dois países assinaram o Tratado das Relações, que emendava esta situação, mas garantia que os norte-americanos continuavam a ter direito a arrendar a Base Naval da Baía de Guantánamo.
Em 1959, Fidel Castro ascendeu ao poder e expulsou investidores norte-americanos, para implementar um regime comunista no país. Foi nessa altura que os EUA criaram um embargo, que disseram que só iriam levantar quando Cuba se tornasse num país democrático. As relações foram tensas durante a guerra fria e tiveram o auge com a crise dos mísseis cubanos e com a invasão da baía dos porcos. Em 2006, Fidel Castro demitiu-se e o seu irmão, Raúl Castro, subiu ao poder.
Obama restaurou as relações diplomáticas entre os países vizinhos em 2014, mas o primeiro sinal já tinha sido dado em Dezembro de 2013, no funeral de Nelson Mandela, quando Barack Obama e Raúl Castro apertaram as mãos. Em Julho do ano passado, Cuba reabriu a sua embaixada em Washington e, no mês seguinte, a bandeira americana foi hasteada na embaixada dos EUA em Havana.
Com esta visita, os líderes dos dois países pretendem cimentar a aproximação que já tem vindo a acontecer desde 2014. A ocasião deverá ser aproveitada para analisar os progressos feitos e para tentar encontrar um consenso em áreas em que há discórdia, como os direitos humanos. Em declarações ao The Guardian, Ben Rhodes, conselheiro de segurança de Obama, diz que esta viagem deverá servir para “tornar o processo de normalização permanente e irreversível”. Isto é particularmente importante tendo em conta que, a partir de Novembro deste ano, os EUA terão um novo presidente.
Fonte: Observador