O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um “aumento significativo” da dívida pública angolana em 2015, especialmente através da petrolífera estatal Sonangol, esta com um peso equivalente a 14,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
A informação consta da análise regular realizada pelo FMI à economia e contas públicas angolanas, concluída a 28 de Outubro, hoje divulgada, na qual é estimada para este ano uma inflação de 14% (variação dos preços entre Janeiro e Dezembro), muito além do intervalo de 7 a 9% projectado pelo Governo para 2015.
Desde o segundo semestre de 2014 que Angola vive uma crise económica, financeira e cambial, devido à queda da cotação do barril de petróleo no mercado internacional, o que tem vindo a obrigar a aumentar o endividamento público, apesar do corte de um terço na despesa pública projectada inicialmente para este ano.
No relatório do FMI, que resulta também de reuniões com membros do Governo angolano, é reconhecido o forte impacto da crise petrolífera nas contas públicas, identificando que a dívida pública deverá elevar-se no final do ano ao equivalente a 57,4% do PIB, ou seja 58,5 mil milhões de dólares.
Trata-se de um “aumento significativo” – 42,2% do PIB em 2014 -, lê-se no documento, que acrescenta que deste peso, 14,7% do PIB correspondem à dívida contraída pela estatal petrolífera Sonangol. Ou seja 15 mil milhões de dólares, o dobro face aos valores de 2010 da Sonangol, nas contas do FMI. Em 2015, a dívida externa contraída pela Sonangol disparou 2,3 mil milhões de dólares.
O FMI estima que em 2015 o défice das contas públicas deverá rondar os 3,5% do PIB, face a um Orçamento Geral do Estado preparado pelo Governo prevendo, na sua revisão de Março, o dobro (7%) desse valor.
Além disso, os “pagamentos domésticos” pelo Estado “voltaram a atrasar”, com o FMI a exortar à reversão da situação e dos seus efeitos no défice público.
Admitindo uma perspectiva “estável” da situação do país, a manutenção dos baixos preços do petróleo no mercado internacional e o ambiente de incerteza global apresentam, segundo o FMI, “riscos consideráveis” para Angola.
Nesse sentido, o FMI apela à manutenção das reformas estruturais pelo Governo, como medida “crítica” para a salvaguarda da situação de estabilidade macroeconómica, da sustentabilidade da dívida pública e de um “forte e inclusivo” crescimento económico.