João Melo escreve hoje, no Jornal de Notícias (Portugal), um artigo de opinião com o título “A presunção tem dois lados”. Em 2008, o jornalista (?), escritor, director de uma agência de comunicação e deputado do MPLA foi o vencedor da 16ª edição do Prémio Maboque de Jornalismo, tendo recebido 70 mil dólares.
Por Orlando Castro
J oão Melo dirigiu vários meios de comunicação angolanos, estatais e privados. Membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), ocupou diversos cargos de responsabilidade nos respectivos órgãos sociais tais como secretário-geral, presidente da Comissão Directiva e presidente do Conselho Fiscal. Foi director de uma agência de comunicação e deu aulas em duas universidades privadas.
Como jornalista, ingressou na Rádio Nacional de Angola (RNA) e assumiu a direcção de diversos meios de Comunicação Social estatais, nomeadamente “Agência Angola – Press Angop”, “Jornal de Angola” e o semanário privado “Correio da Semana”.
No artigo hoje publicado no JN, diz que “a prisão, em Luanda, de 15 activistas acusados de prepararem uma sublevação popular de atentado ao Presidente da República está a ser usada como pretexto para reviver, sobretudo em Portugal, as velhas campanhas anti-MPLA do período da guerra civil em Angola, quando a UNITA pagava o salário de numerosos jornalistas, políticos e outras figuras portuguesas, que adoravam as visitas à Jamba”
João Melo, na velha tradição dogmática do seu partido, reedita velhas teses, segundo as regras – não menos dogmáticas – do seu “Jornal de Angola” (JA), desde sempre órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975.
De facto, no dia 12 de Maio de 2008, o Pravda (como é também conhecido o JA) ameaçou divulgar “as listas dos nomes dos quadrilheiros portugueses capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo”. Até hoje não o fez. E também, e mais uma vez, João Melo fala da questão mas não dá o nome aos bois. É pena.
Então, camarada João Melo, como mais vale tarde do que nunca, não será esta a melhor altura para divulgar essa lista de “jornalistas, políticos e outras figuras portuguesas”? Não será altura de pôr tudo em pratos limpos?
Continuamos à espera das listas de quadrilheiros portugueses e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos no Governo e que também eram assalariados do líder da UNITA, e ainda dos jornalistas (portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram amamentados por Savimbi.
De baterias apontadas ao jornal português Público e ao programa “Eixo do Mal”, da SIC Notícias, o Pravda – certamente com a anuência de João Melo – afirmava que os “idiotas úteis” que integram o programa e o diário português estão ao serviço de “quadrilhas” que se serviram de “diamantes de sangue” em Angola.
Continuando os “diamantes de sangue” angolano a circular pelos areópagos da alta finança mundial, embora com outro nome, assim como o “petróleo de sangue”, seria bom que se soubesse (santa ingenuidade a nossa!) a que “quadrilhas” servem agora.
Por tudo isto, força camaradas do MPLA/regime, força João Melo. Se os tiverem no sítio (não têm, nunca tiveram e nunca terão, como é bom de ver) não devem esperar. Mandem cá para fora tudo o que têm. Tudo. Tudo. Tudo significa tudo. Percebem?
Sob a batuta do MPLA, estes escribas escolarizados há bem pouco tempo servem-se do “Jornal de Angola” (e não só, como agora se vê) para publicarem o que nem eles sabem o quer dizer e, quem sabe, para esconderem “as listas dos nomes dos quadrilheiros capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo” onde se calhar figuram alguns deles.