A TAAG, depois de ter recrutado pilotos e pessoal de cabine portugueses, brasileiros e sul-africanos, vira-se agora para recrutar, pilotos moçambicanos, que chega(ra)m hoje, 09.09.25 e, também, cabo-verdianos, para reforçar as equipas de tripulação da companhia de Angola.
Por William Tonet
Bem-haja os irmãos dos PALOP. Agora uma questão pertinente: no amplo complexo da elite angolana, será que vão pagar aos africanos da CPLP, o mesmo que pagavam aos outros do lado de lá do Atlântico?
Eis a dúvida. Em Portugal, Cabo Verde, Moçambique, também estão à rasca de pilotos, porque esses países têm muito menor propensão e recursos ou aviação em si.
O caso de Angola tem a ver com interesses escuros, que viabilizaram o estrangulamento das reais potencialidades e das capacidades do país, que já foram maiores, mas dada às condições precárias muitos quadros bazaram para companhias do Oriente Médio e Europa.
Portanto, alguém engendrou essa política de expulsão do angolano para importação de empresas especuladoras com técnicos estrangeiros.
Uma estratégia que não é surpresa, primeiro a escassez de companhias, principalmente, depois da ascensão do presidente João Lourenço ao poder, que considerou todos os empreendimentos dos outros frutos de enriquecimento ilícito, através de fundos públicos, excluindo a companhia aérea do irmão, SLJ AERONÁUTICA, criada em 2010.
O general Sequeira João Lourenço desempenha, por nomeação do irmão (nepotismo) a função de chefe adjunto da Casa Militar da Presidência da República.
A companhia aérea SJL, inclusive prospera desde que o irmão chegou a Presidência da República, com operações na República Democrática do Congo, chegando a ser em época eleitoral e não só a mais recorrida pelo Presidente Félix Tchisekedi. Mera coincidência?
A realidade fala por si… quanto a construção, hoje, por João Lourenço, de um modelo de perseguição, confisco, ataque, que arruína os que considera próximos de José Eduardo dos Santos, que lhe entregou o poder de bandeja, lhe poderá ser fatal amanhã.
O actual presidente do MPLA, João Lourenço, coadjuvado pelo Presidente da República, João Lourenço, secundado pelo Titular do Poder Executivo, João Lourenço é criador de uma “jurisprudência-politica” perversa, capaz de ser recorrida pelo poder de amanhã.
E a grande questão será a de questionar, como o seu irmão, enquanto funcionário do Estado, ligado as forças armadas, não tendo herdado dos pais, nada, consegue ter em tempos conturbados uma companhia aérea tão próspera…
A resposta não irá surpreender, a maioria, seguramente.
Mas, quanto a TAAG a verdade é uma, Angola não tem pilotos e os que tem são insuficientes e nem a Força Aérea Militar, antes uma bolsa, hoje forma pilotos, com capacidade de serem recrutados para a aviação civil.
Finalmente importa questionar se os pilotos moçambicanos e cabo-verdianos (se chegarem a vir, nos próximos dois meses) vão auferir salários em Kwz burro (Kwanza), moeda nacional desvalorizada e depreciada, pelo neoliberalismo do ministro de Estado, José de Lima Massano, como os pilotos angolanos ganham.
Seguramente quando virem o trabalho que lhes espera, o mau estado de conservação e manutenção das aeronaves, a obrigatoriedade de terem de voar sem regras, segundo denúncia de um piloto ao Folha 8, vão começar a ver o “buraco de ozono em que se meteram”.
E, segundo o especialista, mais grave será quando constatarem que em função da falta de regras, ao dia 15 do mês já terem mais de noventa (90) horas de voo, quando o limite, na aviação, são de 100 horas de voo em 28 dias.
“Isso rebenta com a capacidade físico-mental do piloto, que carrega nos ombros a responsabilidade de muitas pessoas e bens, num voo. Nós aguentamos, pelo sentimento da Pátria, mas os outros, não sei se irão resistir e, em silêncio”.
Asseverou o piloto, recordando a forma como “bazaram desta loucura de má gestão aeronáutica os pilotos sul-africanos que estavam a voar, pela TAAG. Muitos preferiram ficar em terra do que colocar em risco a sua vida e dos passageiros”.
De qualquer forma vamos continuar a assistir a balbúrdia num sector de extrema importância e relevância, nas nuvens turvas face as más políticas de um governo cujo objectivo final é a sua completa desvalorização para a entregar a capitais e empresas estrangeiras. Estes são, na realidade, os maiores ganhos do MPLA em 50 anos, entregar a soberania económica à nova colonização, que agora se estende da ocidental, asiática especuladora a fundamentalista islâmica.