NO CONGO E NO SUDÃO A GUERRA CONTINUA

Enquanto a cimeira dos líderes africanos reunidos na Tanzânia para enfrentar a crise na República Democrática do Congo apelava aos chefes militares para estabelecerem um “cessar-fogo imediato e incondicional” no prazo de cinco dias, o comandante do Exército sudanês anunciou a iminente formação de um governo de transição, numa altura em que as suas tropas fazem avanços significativos na capital e nas regiões centrais do país.

O porta-voz da cimeira na Tanzânia, que reuniu os líderes da Comunidade da África Oriental (CAO) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) afirmou que “a cimeira conjunta solicitou aos chefes das forças de defesa da CAO e da SADC que se reunissem dentro de cinco dias e fornecessem directrizes técnicas sobre um cessar-fogo imediato e incondicional, bem como sobre o fim das hostilidades”.

Os líderes apelaram também à “prestação de assistência humanitária, incluindo o repatriamento dos mortos e a evacuação dos feridos”, bem como à abertura de corredores de abastecimento nas zonas afectadas pelo conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC).

“A cimeira conjunta reafirmou a solidariedade e o compromisso inabalável de continuar a apoiar a RDC nos seus esforços para salvaguardar a sua independência, soberania e integridade territorial”, acrescenta a declaração.

Enquanto isso, o comandante do Exército sudanês anunciou a iminente formação de um governo de transição, numa altura em que as suas tropas fazem avanços significativos na capital e nas regiões centrais do país.

Falando num comício político em Porto Sudão, a capital de facto do país, o general Abdel Fattah al-Burhan disse que o novo executivo, a que chamou “governo interino” ou “governo de guerra”, seria composto pelo que designou especialistas.

“Planeamos formar em breve um governo que executará as tarefas de transição”, declarou, acrescentando que o principal objectivo será ajudar a “completar as restantes tarefas militares… e limpar todo o Sudão” dos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

Al-Burhan indicou que o governo vai lançar as bases para uma transição política mais ampla, com vista a eleições, e anunciou que um documento constitucional seria redigido antes da nomeação de um primeiro-ministro, ao mesmo tempo que assinalou que o Exército “não interferirá nas suas tarefas ou responsabilidades”.

O Sudão tem actualmente um governo nomeado pelos militares. Em Novembro de 2024, foram indicados civis para dirigir quatro ministérios, incluindo os Negócios Estrangeiros.

Desde Abril de 2023 que o país está mergulhado numa guerra entre o general Burhan e o seu antigo aliado, Mohamed Hamdan Daglo, líder das RSF.

No seu discurso de hoje, o comandante do Exército afastou qualquer negociação com o grupo paramilitar, a menos que as suas forças se retirassem de Cartum, do Kordofan Ocidental, no sul, e do Darfur, no oeste, e se reagrupassem em “locais designados”.

Nas últimas semanas, o Exército recuperou o controlo de grandes áreas da capital e dos seus arredores, pondo fim a quase dois anos de domínio das RSF.

O conflito provocou dezenas de milhares de mortos, desalojou mais de 12 milhões de pessoas e mergulhou o país na “maior crise humanitária de que há registo”, segundo o Comité Internacional de Resgate.

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