LISBOA DE LUTO COM O ACIDENTE NO ELEVADOR DA GLÓRIA

O acidente desta quarta-feira com o Elevador da Glória, em Lisboa, é manchete nos jornais internacionais de referência. New York Times, BBC, Le Monde e Bild foram alguns dos que noticiaram a tragédia que esta quarta-feira fez 15 mortos e mais de 20 feridos.

O “emblemático” Elevador da Glória, como é descrito por estes meios internacionais, descarrilou depois de, alegadamente, um cabo se ter soltado.

A notícia do descarrilamento esteve ainda em destaque na página online do jornal norte-americano Washington Post.

“As autoridades chamaram-lhe um acidente, o pior da história recente da cidade, e lançou uma sombra sobre o encanto de Lisboa para os milhões de turistas estrangeiros que chegam todos os anos”, pode ler-se.

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido disse ao jornal The Guardian estar em contacto com as autoridades portuguesas e disponível “para prestar assistência consular caso haja cidadãos britânicos afectados”. O jornal lembrou ainda que “Portugal, e Lisboa em particular, tem vivido um boom turístico na última década, com os visitantes a encherem o popular centro da cidade nos meses de verão”.

O diário francês Le Monde referiu que “imagens publicadas nas redes sociais minutos depois da tragédia mostram o funicular completamente deslocado, encostado a um muro, na curva ao fundo da rua por onde passava”.

A Carris informou que abriu “de imediato” um inquérito em conjunto com as autoridades para apurar as “reais causas” e faz saber que foram “realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção”.

Ao que a SIC apurou, a PJ enviou para o local a brigada de homicídios e técnicos do laboratório de polícia cientifica especializados em ADN, criminalística, desastres em massa e mecânica. Em causa podem estar crimes de negligência ou com dolo eventual.

O Elevador da Glória nasceu em 24 de Outubro de 1885, ligando a Praça dos Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara. Foi o segundo ascensor de Lisboa, depois do da Lavra, e depressa se tornou um ícone da cidade. Concebido por Raoul Mesnier du Ponsard, engenheiro luso-francês que deixou marca em vários sistemas de transporte lisboetas, começou por funcionar à base de contrapesos de água, num tempo em que a energia elétrica ainda não tinha presença forte.

Em 1915 foi electrificado, modernizando-se sem perder a função original, vencer de forma rápida e engenhosa a íngreme Calçada da Glória, uma das encostas mais movimentadas da capital. Ao longo das décadas, serviu diariamente trabalhadores e estudantes que viviam no Bairro Alto e no Príncipe Real, sendo também procurado por artistas e boémios que frequentavam cafés e casas de fado da zona.

A viagem tem apenas cerca de 265 metros, mas a inclinação média ultrapassa os 18%, o que lhe garante estatuto de desafio técnico e patrimonial. Foi classificado como Monumento Nacional em 2002, e as suas duas carruagens gémeas, pintadas de amarelo, ganharam vida própria, alvo constante de graffiti, e tornaram-se parte da tela urbana, fazendo parte do imaginário lisboeta tanto quanto os eléctricos da cidade.

Folha 8 com Notícias Lusófonas

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