Angola inicia hoje (depois da casa roubada…) uma campanha de vacinação contra a cólera com início nas três províncias mais afectadas (Luanda, Bengo e Icolo e Bengo), tendo sido adquiridas cerca de um milhão de vacinas, anunciou o Ministério da Saúde.
Desde o inicio do surto, em 7 de Janeiro, foram registados no país, 1.584 casos e 59 mortes devido à doença, que atinge actualmente oito províncias angolanas (Luanda, Bengo, Icolo e Bengo, Cuanza-Norte, Huambo, Huíla, Malanje e Zaire), de acordo com um comunicado do ministério de Sílvia Lutucuta.
Segundo a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, citada pelo órgão oficial do MPLA, o Jornal de Angola, devido ao reduzido stock de vacinas contra a cólera no mundo, a campanha será implementada apenas nos grandes epicentros da epidemia.
No dia 20 de Janeiro, Angola recebeu 948.466 doses de vacinas que fazem parte do stock mundial de reserva da Organização Mundial da Saúde (OMS) para resposta a surtos epidémicos de cólera.
Sílvia Lutucuta adiantou que existem em reserva oito milhões de doses e para Angola foi disponibilizado menos de um milhão de doses, tendo as comunidades a vacinar sido seleccionadas “com base nos critérios epidemiológicos”.
O ministério mobilizou para a campanha 6.104 pessoas, entre vacinadores, mobilizadores, registadores, supervisores e pessoal local que serão apoiados por elementos dos órgãos de defesa e segurança.
A vacina para o combate à cólera em Angola tem o nome comercial de Euvichol e é fornecida em frascos para ser administrada a pessoas com idade igual ou superior a 1 ano por via oral em dose única.
Segundo a ministra da Saúde, a vacina garante a protecção da comunidade afectada e, consequentemente, a interrupção da transmissão da doença com uma eficácia de até 80 por cento.
Para combater a doença, o Ministério da Saúde traçou outras medidas de contingência, como acesso à água potável, segurança e higiene dos alimentos, saneamento e higiene ambiental, vigilância epidemiológica activa, comunicação de risco e envolvimento das comunidades.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que Angola regista uma “elevada taxa” de letalidade da cólera, perto dos 10 por cento. Nada de anormal, dirá com certeza o dono do reino, o general João Lourenço que quando tem de tratar uma bitacaia o faz nos hospitais que estão perto de Luanda… em Portugal, Espanha ou Dubai.
“Neste momento estamos à volta de 10% [taxa de letalidade], que é muito alto”, afirma o responsável pelas Emergências da OMS em Angola, Walter Firmino, acrescentando que a maioria das mortes são “comunitárias” o que significa que a população “não está a procurar de forma atempada o serviço de saúde”.
O responsável insistiu que a taxa de letalidade é alta, destacando, ao mesmo tempo, a resposta do Governo angolano, por via do Ministério da Saúde, desde o primeiro caso identificado no bairro do Paraíso, município de Cacuaco, em Luanda. Então, se calhar, apesar de a taxa de letalidade ser alta é caso para considerar o dono do país, o general João Lourenço, como “campeão da luta contra a cólera”.
Logo que se identificou o primeiro caso, as autoridades dizem que mobilizaram as equipas de resposta rápida que foram para o terreno em busca de casos nas comunidades e unidades sanitárias e também criaram centros de tratamento de cólera no Hospital Municipal e no Hospital Geral de Cacuaco.
Luanda, Bengo e Icolo e Bengo foram as três províncias angolanas que notificaram casos positivos de cólera, sendo que as autoridades terão activado o plano de vigilância epidemiológica em todas as províncias do país, visando travar a propagação da doença.
Segundo Walter Firmino, surtos de cólera são previsíveis em zonas com saneamento precário e escassez de água, a exemplo do bairro do Paraíso, epicentro da cólera em Angola, referindo que as chuvas também concorreram para o agravar da situação. E se estas causas se juntar a criminosa incompetência de quem está no Poder há 50 anos (o MPLA)…
Considerou ainda que as chuvas que assolaram nos últimos meses a província de Luanda “também ajudaram ao surgimento de casos nesta localidade no [bairro] Paraíso, em Cacuaco, mas é uma doença baseada no saneamento básico precário”.
“Nesse momento estamos a trabalhar nas actividades para controlar a doença para que não se espalhe mais noutras províncias e de seguida fazer advocacia em acção directa no fornecimento de água e limpeza e saneamento básico”, disse.
Para a OMS, a resposta à cólera em Angola não depende apenas de acções do Ministério da Saúde (que são manifestamente poucas e inadequadas), mas também da intervenção dos ministérios da Energia e Águas e Ambiente, com abastecimento de água às comunidades.
Walter Firmino observou, por outro lado, que a sensibilização às populações para o tratamento de água, não defecar ao ar livre, lavar as mãos, manter a higiene do ambiente, ferver a água e proteger os alimentos constituem medidas básicas para se evitar a cólera.
O perito da OMS em Angola descartou ainda uma eventual propagação da cólera pelo país, dado os planos de resposta elaborados em todas as províncias, dando nota igualmente de que Angola já requisitou vacinas junto deste organismo internacional. Meteu água (contaminada), mas o regime gostou.
Argumentou, por outro lado, que a vacina contra a cólera é apenas complementar às medidas básicas, acrescentando que, dada a escassez de vacinas, Angola poderá apenas vacinar as pessoas nas zonas mais afectadas.
“Há mais de 26 países nesse momento a nível global que enfrentam o surto de cólera e só temos oito milhões de vacinas em `stock`, são poucas vacinas e se o Governo [angolano] tiver acesso às vacinas não serão suficientes para vacinar uma grande população, apenas serão direccionadas às zonas de foco”, apontou.
“Mas, nesse momento a mensagem mais importante é a prevenção”, concluiu o médico Walter Firmino.