GENERAL (DE 3 ESTRELAS) PROMETE PARAÍSO NA UA

O Presidente do MPLA que, por inerência, também é Presidente da República, general João Lourenço, prometeu hoje, dia em que Angola assume a Presidência rotativa da União Africana (UA), colocar a sua experiência ao serviço da paz e segurança no continente africano e lançar um vasto plano de captação de investimento e financiamento. Se ele o diz, fazendo fé na experiência dos angolanos (20 milhões de pobres, por exemplo), é… mentira.

No seu discurso de aceitação da Presidência rotativa da União Africana, durante a 38.ª cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da UA, o general João Lourenço abordou os “imensos problemas ligados à paz e segurança” no continente africano, “que constituem um factor de bloqueio” a todas as iniciativas e acções para o desenvolvimento destes países, prometendo (como o MPLA faz em Angola há 50 anos) colocar a sua experiência ao serviço da União Africana na busca de soluções para a paz e implementação de políticas económicas e sociais que promovam o progresso do continente.

É a primeira vez que Angola assume a presidência da organização de estados africanos, no mesmo ano em que o país comemora 50 anos da troca dos colonialistas portugueses pelos colonialistas do MPLA.

O general (de três estrelas) João Lourenço assegurou também o seu empenho nos temas escolhidos pela UA e por Angola, nomeadamente a justiça para os africanos e os afrodescendentes por meio de Reparações e a importância do investimento nas infra-estruturas, como factor de desenvolvimento de África, em diálogo com os parceiros internacionais.

Destacou em particular as vantagens de cooperar numa África desenvolvida e industrializada, com capacidade para superar a fome, a pobreza, a miséria e o desemprego, “reduzindo assim a probabilidade de conflitos armados e de emigrantes ilegais junto das suas fronteiras”.

Estas são questões a ser abordadas também na 4.ª Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, que vai realizar-se em Sevilha, de 30 de Junho a 4 de Julho de 2025, realçando que se trata de “uma oportunidade histórica para se redefinirem as regras de financiamento global baseadas na justiça económica e na inclusão”.

“Temas como a justiça fiscal, o alívio da dívida, o financiamento climático, as reformas nas instituições financeiras globais e a inclusão social, devem merecer a nossa atenção para que seja adoptada uma posição comum que garanta ao continente o reforço da sua influência na governação financeira global, uma redução dos custos do endividamento e o acesso aos recursos necessários para alcançar um desenvolvimento sustentável”, apelou o chefe de Estado angolano.

No decurso da Presidência do MPLA da União Africana que hoje se inicia, o general João Lourenço pretende também lançar “um vasto plano de atracção de investimentos e de captação de recursos financeiros significativos” junto dos grandes parceiros internacionais, para que a Comissão da União Africana estabeleça as bases e defina os projectos de infra-estruturas a serem realizados.

“Destaco o contributo que Angola poderá prestar ao desenvolvimento de África, colocando ao dispor o excedente energético que tem, para a mitigação das necessidades de vários países neste domínio”, acrescentou.

O general João Lourenço afirmou também a importância do Corredor do Lobito e dos Caminhos-de-Ferro tanzanianos TAZARA, no comércio intra-africano e internacional, pelo papel que estas infra-estruturas poderão desempenhar na interconexão entre os países africanos e na promoção do comércio.

O chefe de Estado do MPLA destacou ainda a importância central das questões de Paz e Segurança, em especial o programa que estabelece o “Silenciar das Armas até 2030”, que visa transformar África numa região pacífica e segura, indicando que vai apresentar as acções que empreendeu sobretudo no que diz respeito à região Leste da República democrática do Congo (RD Congo).

O Presidente angolano que era mediador designado pela União Africana no conflito que opõe a RD Congo ao Ruanda (tendo, inclusive, sido considerado como “campeão da paz”) abandona agora este papel para se concentrar no seu papel de presidente da União Africana, anunciou numa entrevista à Jeune Afrique (foto).

Apontou, por outro lado, o ambiente internacional “extremamente desafiante em face dos nefastos efeitos dos conflitos que o continente enfrenta, bem como dos que vive o Leste da Europa e a Região do Médio Oriente”, contexto que exige que as Nações Unidas se tornem mais inclusivas devendo a reforma do Conselho de Segurança ser uma prioridade fundamental para o continente.

O general João Lourenço adiantou ainda que pretende neste ano de Presidência angolana trabalhar em coordenação com a Comissão da União Africana, para mobilizar maiores recursos financeiros por via do reforço da quotização de cada Estado Membro para concretizar projectos e programas a nível continental e reduzir a dependência relativamente ao financiamento externo.

Folha 8 com Lusa

Artigos Relacionados

Leave a Comment