Rafael Massanga Savimbi, filho do fundador da UNITA, Jonas Savimbi, anunciou esta terça-feira a sua pré-candidatura à presidência do partido, afirmando que responde “ao chamado da História” e que quer unir o legado dos “ancestrais” às aspirações das novas gerações.
O anúncio foi feito através de um vídeo divulgado no YouTube, na véspera do início oficial da receção e formalização das candidaturas ao XIV Congresso Extraordinário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que se realizará entre 28 e 30 de Novembro, em Luanda.
Rafael Savimbi torna-se assim o primeiro militante a formalizar a intenção de concorrer à liderança do partido, devendo as candidaturas ser entregues até 26 de Outubro, seguindo-se um mês de campanha interna, entre 27 de Outubro e 26 de Novembro.
O actual presidente, Adalberto da Costa Júnior, deverá igualmente recandidatar-se à sua sucessão, embora ainda não o tenha confirmado publicamente.
Mensagem de Rafael Massanga Savimbi
«Quando eu era criança, o que mais me encantava eram as histórias. Histórias dos nossos reinos e reis, o legado daqueles que desafiaram o colono, mesmo às vezes desafiando o incerto. Foi assim que o meu bisavô, Sakaita participa, em 1902, na última Batalha do Bailundo. Este feito heróico contado vezes sem conta pelos nossos Mais Velhos, fez nascer em mim um sentimento que até hoje se consolida e que alicerça a força da minha linhagem, segundo a qual: “a coragem não se inventa, pois, resulta de uma história passada a que pertencemos.”
Cresci num ambiente rodeado de homens e mulheres de coragem e luta que forjaram um projecto no seu tempo, o Projecto de Muangai.
Volvidos 59 anos, desde a fundação da UNITA, os jovens perguntam: o que é o Projecto de Muangai?
Aprendi e estudei com os nossos Mais Velhos, que:
Muangai é Liberdade e Independência Total para os homens e para a Pátria mãe;
Muangai é Democracia assegurada pelo voto do povo através de vários Partidos políticos;
Muangai é Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados, primando sempre pelos interesses dos Angolanos;
Muangai é Igualdade de todos os Angolanos na Pátria do seu nascimento;
Muangai é a busca de soluções económicas, priorizar o campo para beneficiar a cidade.
Ainda os Mais Velhos contavam que, naquele dia 13 de Março de 1966, homens sem riqueza, sem armas, mas com coragem e fé inabalável, ousaram desafiar a tirania e acender uma chama destinada a mudar para sempre a história de Angola.
Assim nasceu a UNITA!
Com apenas 12 anos, eu escolhia o silêncio para imaginar aquele momento. Sentia, no mais profundo do meu coração, a força de jovens de visão firme, decididos a escrever uma nova história, e percebia que aquela história não pertencia apenas ao passado. Ela chamava por mim, moldava o meu coração, mostrava-me que Muangai não foi apenas a origem da UNITA: era glória, era inspiração, era um chamado que ecoava dentro de mim e dizia-me que também tinha uma missão.
Essa glória iluminou a minha infância, moldou a minha consciência e fez nascer em mim a certeza de que um dia, eu teria de responder ao chamado da história, dos meus ancestrais e dos meus compatriotas.
Angolanas e Angolanos;
O nosso Partido, a UNITA, realiza o seu XIV Congresso Ordinário, num momento muito particular e histórico do nosso País, pois, Angola assinala 50 anos de independência no dia 11 de Novembro, depois de muitos e tortuosos anos de luta encetada e heroicamente dirigida pelos nossos Mais Velhos.
Infelizmente, 50 anos depois, Angola continua a ser governada pelo mesmo Partido, que explora e empobrece os angolanos.
Depois da liderança heróica e histórica do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador, o nosso Partido, mesmo atravessando momentos de incerteza, conseguiu transpor o rubicão incólume, com o Mais Velho General Paulo Lukamba Gato no leme por um período difícil e complexo de um ano e quatro meses, coordenando a Comissão de Gestão do Partido, até à realização do IX Congresso Ordinário que elegeu e legitimou uma nova liderança encabeçada pelo Mais Velho Dr. Isaías Samakuva, que durante 16 anos, conseguiu liderar o processo que devolveu a esperança e reafirmou a UNITA como um partido político incontornável e inapagável no mosaico histórico-político e social.
De 2019 a 2025, temos o Mais Velho Eng.º Adalberto Costa Júnior, que prosseguiu o trabalho dos seus antecessores, preparou e liderou o Partido para disputar as eleições gerais de 2022.
Para todos estes ilustres filhos de Angola e defensores incansáveis da Causa Patriótica da UNITA, dirijo palavras singelas de sincero e profundo reconhecimento, respeito e apreço, pela sua entrega, dedicação, determinação, coragem e patriotismo.
Desde o seu IX Congresso, que a UNITA, no quadro do aprofundamento da democracia interna, adoptou o princípio de múltiplas candidaturas para o cargo de Presidente do Partido.
Este princípio tem contribuído para a vitalidade democrática do Partido, inspirando o País de uma forma geral.
Ao abrigo deste pressuposto estatutário, respondendo à vários apelos que encorajam a minha candidatura, mergulhei numa longa e profunda reflexão, que me permite dizer para Angola, África e o Mundo que:
Declaro a minha prontidão de concorrer ao cargo de Presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), para promover e reforçar a sua coesão e unidade, reafirmar a sua identidade político-ideológica, preservar a sua independência política e congregar a sociedade civil e todas as Forças Vivas da Nação, com o objectivo de garantir um futuro melhor para todos!
Acredito que TODOS CONTAM!
Sim, é possível!
Temos a plena consciência de que os resultados da luta da UNITA nunca foram um acaso, mas fruto de um trabalho de equipa, de abnegação, de coesão e unidade, de tomada de decisões certas nas horas certas e da acção concertada de todas e todos os seus filhos.
É por isso que afirmamos que TODOS CONTAM!
Angola amadureceu, e a tomada de consciência dos cidadãos é crescente, enquanto o Governo falha redondamente, sufocando cada vez mais a vida do pacato cidadão.
Este fenómeno, resultado da péssima governação, chama-se DRAMA NACIONAL, e impele os patriotas de todos os quadrantes, partidários ou não, a tomarem definitivamente uma posição corajosa para salvar Angola da hecatombe em que está mergulhada.
Por isso, TODOS CONTAM: para construir o País que queremos, para edificar a Angola que merecemos e garantir um futuro melhor para todos.
Passados quase 50 anos desde a independência e governados pelo mesmo partido, os angolanos dizem basta! Basta deste mesmo partido, do mesmo sistema, das mesmas pessoas e das velhas práticas. Assim, voltam-se mais uma vez para a UNITA como força alternativa.
Por isso, mais do que uma simples disputa interna, este Congresso pode representar uma viragem histórica, pois abre portas e oportunidades para definitivamente realizarmos a tão almejada alternância política e, unidos, construirmos um futuro melhor para todos!
A nossa candidatura à liderança do Partido é também a voz de uma nova geração. Uma geração que cresceu com as marcas da guerra, mas que traz a ousadia da paz e da inovação.
Trago comigo o legado de coragem, disciplina e visão estratégica dos meus ancestrais, mas também a responsabilidade de actualizar esse legado ao século XXI, com ideias novas, modernas e ajustadas ao tempo presente.
Como conhecedor da realidade actual, acredito que a juventude angolana precisa de ser o motor da transformação política e económica, com acesso à educação de qualidade, à saúde, à inovação tecnológica e ao empreendedorismo.
Defendo uma UNITA que não apenas preserve a memória da luta, mas também se projecte para o futuro, com soluções práticas e inovadoras para os desafios actuais do país, mantendo sempre o compromisso com a justiça, a democracia e o bem-estar dos angolanos.
A nossa pré-candidatura à liderança do Partido é um convite a cada militante, a cada delegado e a cada angolano, para o ressurgimento da nossa esperança.
TODOS CONTAM na construção deste novo caminho.
Juntos, faremos da UNITA o instrumento viável de uma alternância que edifique a Angola que merecemos e que garanta um futuro de estabilidade para as próximas gerações.
TODOS CONTAM!
Para a frente, sempre!»