O analista angolano Albino Pakisi considerou “maturidade política” o anúncio da pré-candidatura de Rafael Savimbi à presidência da UNITA (maior partido da oposição Angolana), acreditando que este tenha projecto e possibilidade de levar o partido para a frente, em caso de vitória.
Albino Pakisi “acha bem [a apresentação da pré-candidatura], porque é um jovem que está nos seus 46 anos, tem um caminho político, é de uma família política, e aqui realçar que, embora não seja relevante, mas é um facto importante, ele é filho do presidente fundador da UNITA e é um jovem que tem uma carreira política conhecida por todos”.
Em declarações à Lusa, Albino Pakisi considerou que o anúncio de Rafael Massanga Savimbi, filho do fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição que, a muito custo, o MPLA ainda permite), Jonas Savimbi, reflecte a existência de um plano para dirigir os destinos deste partido.
“Significa que tem um plano, porque, efectivamente, ele não deveria desapontar nem os militantes da UNITA a nível interno, muito menos aqueles que são amigos e simpatizantes da UNITA”, referiu.
Para o analista e também filósofo angolano, Massanga terá na forja um projecto e, se vencer as eleições — no âmbito do XIV Congresso Ordinário do partido, que acontece entre 28 e 30 de Novembro –, “tem possibilidade de levar o partido para a frente”.
O deputado da UNITA Rafael Massanga Savimbi anunciou hoje, como o Folha 8 noticiou no artigo «Com o Muangai todos contam», a sua pré-candidatura à presidência do partido, afirmando que responde “ao chamado da História” e que quer unir o legado dos “ancestrais” às aspirações das novas gerações.
Na véspera do início oficial da recepção e formalização das candidaturas ao conclave, Massanga torna-se assim o primeiro militante a formalizar a intenção de concorrer à liderança do partido, devendo as candidaturas ser entregues até 26 de Outubro, seguindo-se um mês de campanha interna, entre 27 de Outubro e 26 de Novembro.
O actual presidente, Adalberto da Costa Júnior, deverá igualmente recandidatar-se à sua sucessão, embora ainda não o tenha confirmado publicamente.
Quanto à possibilidade da recandidatura de Adalberto da Costa Júnior e o confronto nas urnas com Rafael Savimbi, o analista ressalvou que o actual líder da UNITA teve um trabalho considerável, que levou à eleição de 90 deputados nas eleições de 2022 — no quadro da plataforma política Frente Patriótica Unida (FPU).
“Fez um grande trabalho e acredito que Adalberto da Costa Júnior, neste momento, terá o apoio de todos ou da maior parte dos delegados ao congresso, mas isto não invalida, muito menos inviabiliza, que outros candidatos apareçam, porque a UNITA já nos acostumou a ter vários candidatos às suas presidenciais”, sustentou.
Albino Pakisi considerou a pretensão de Massanga Savimbi como ”um exemplo de democracia” a nível da UNITA: “Vem sedimentar e reafirmar aquilo que a própria UNITA diz, e toda a sua direção diz, que ninguém está proibido de se candidatar ao cadeirão máximo do partido”.
Sobre os desafios e o futuro político da UNITA, tendo em conta as eleições gerais de 2027, Albino Pakisi recordou que a FPU “nunca existiu legalmente e que era apenas uma conjugação de vontades”, perspetivando, contudo, que o partido poderá manter ou reduzir o número de deputados eleitos em 2022.
“Dependerá daquilo que o presidente eleito neste congresso fará depois das eleições. Porque entendo que existem alguns partidos com intenção de se juntar à UNITA para continuarem a fazer frente ao MPLA [partido no poder desde 1975] e há uma grande franja da sociedade civil organizada que quer fazer uma corrente para se juntar à UNITA”, apontou.
Porque “para fazer frente ao MPLA, pela força que tem, pela máquina que é, um único partido não consegue, naturalmente, nem interromper, muito menos, fazer uma grande frente para se criar alternância política em Angola”, concluiu o analista.