ANGOLA DEFENDEU URGÊNCIA DO  MULTILATERALISMO

O Presidente João Lourenço, que também lidera a União Africana, pediu a revitalização do sistema multilateral, combate às desigualdades globais e resposta urgente à crise climática e destacou o papel de Angola na mediação de conflitos no continente africano.

Na sua intervenção, defendeu o reforço do papel da ONU como fórum de diálogo global, destacou a urgência da solidariedade internacional no combate à fome e às mudanças climáticas, e sublinhou o contributo de Angola para a paz em regiões como o Sahel, o Sudão e o leste da República Democrática do Congo.

“No contexto incerto em que estamos a celebrar o octogésimo aniversário da ONU, o tema Melhores Juntos, 80 anos e mais, para paz desenvolvimento e os direitos humanos ganha uma dimensão que nos convida a reflectir sobre o significado profundo do apelo da presidente da Assembleia Geral à renovação do multilateralismo e da ação solidária, dentro de um quadro de acções comuns e complementares, executadas por uma organização da ONU mais ágil, eficaz e responsável, tal como concebido no roteiro Iniciative 80 do secretário-geral”, disse João Lourenço.

João Lourenço recordou a fundação das Nações Unidas e afirmou que a organização deve ser revitalizada para responder aos desafios contemporâneos. Disse que “a escolha que temos diante de nós é clara: preservar a paz ou enfrentar a guerra com todas as suas consequências”.

Para o presidente angolano, a ONU deve retomar o papel activo que desempenhou em momentos críticos da história, superando divisões entre grandes potências e recuperando a autoridade moral para chamar à ordem Estados que violem o direito internacional.

João Lourenço afirmou que “os africanos conhecem melhor do que ninguém o valor da paz, porque vivem diariamente o peso da insegurança sobre o desenvolvimento, a saúde e a educação”.

O chefe de Estado sublinhou que Angola tem procurado dar uma “contribuição honesta e genuína” para a resolução de crises africanas.

O Presidente do MPLA lembrou as iniciativas conduzidas pelo seu governo no Sahel, no Sudão e no leste da República Democrática do Congo, que criou espaços de negociação apesar das dificuldades enfrentadas.

“É nesta base que a República da Angola tem procurado prestar uma contribuição honesta e genuína na solução do conflito na região do Sahel, do Sudão e no leste da República Democrática do Congo, relativamente ao qual as nossas diligências criaram um quadro negocial com soluções de paz, que lamentavelmente não se concretizaram em dezembro de 2024, como era expectável, mas que se mantêm como uma plataforma válida para outros esforços que vêm sendo evitados com o propósito de se pôr um fim definitivo a esse conflito”, referiu

O presidente de Angola reiterou o apoio à reforma do Conselho de Segurança, em linha com a posição comum africana do Consenso de Ezulwini e da Declaração de Sirte, que preveem dois assentos permanentes para África.

Para o chefe de Estado, sem esta transformação “não será possível revitalizar o multilateralismo” nem implementar plenamente o Pacto para o Futuro.

João Lourenço apontou ainda a necessidade de tornar as instituições financeiras internacionais mais inclusivas e capazes de responder às necessidades dos países em desenvolvimento, destacando o recente “Compromisso de Sevilha” como um avanço nesse sentido.

João Lourenço sublinhou que a insegurança alimentar e a falta de acesso a bens essenciais permanecem desafios centrais para milhões de pessoas, sobretudo em África.

Na intervenção, o líder angolano ressaltou uma mobilização global mais solidária, salientando que “os povos que menos contribuíram para as crises globais são os que mais sofrem com as suas consequências”.

Para ele, sem investimentos estruturais em água, agricultura e educação, a instabilidade continuará a dificultar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

João Lourenço defendeu que os países historicamente mais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa assumam compromissos concretos de financiamento, transferência de tecnologia e apoio à adaptação nos países em desenvolvimento.

Reafirmou o compromisso de Angola com o Acordo de Paris, com a Agenda 2030 das Nações Unidas e com a Agenda 2063 da União Africana, sublinhando a necessidade de garantir uma transição energética justa.

O presidente de Angola encerrou a sua intervenção sublinhando que “preservar a ONU é preservar a paz”, advogando que apenas uma organização multilateral renovada, mais democrática e representativa, poderá responder às ameaças atuais e construir soluções partilhadas.

Segundo João Lourenço, “é no multilateralismo, e não em divisões ou unilateralismos, que reside a chave para evitar uma catástrofe global”.

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