ÁGUA E CENTROS DE SAÚDE MUDAM A VIDA DAS PESSOAS

Na província de Kasaï, no centro da RDC (República Democrática do Congo), beber água potável, receber cuidados médicos num centro de saúde moderno ou ver os filhos estudarem em salas de aula bem iluminadas já não é um sonho. Hoje, é uma realidade.

Antigamente, a vida em Kasaï estava sujeita a compromissos dolorosos: “Bebíamos água cheia de micróbios, era muito sofrimento para todos nós”, recorda o pai Mutombo Tambwe, que se diz agora orgulhoso por poder beneficiar de um novo ponto de água instalado em Tshilenge, no Kasaï Oriental.

Antigamente, os centros de saúde eram apenas cabanas simples e pouco tranquilizadoras, mas ainda assim vitais. “O nosso centro de saúde em Tshibumba era apenas uma pequena casa de terra e palha”, testemunha Mulanga Ntambwe Antho. Apesar do desconforto, os aldeões iam lá, por não terem melhores instalações à disposição. E em Tshikapa, as estradas degradadas impediam qualquer transporte seguro e rápido.

Há mais de dez anos, o Projecto de Reforço das Infra-estruturas Socioeconómicas (PRISE) mudou a situação ao iniciar um grande projecto de transformação. A partir de 2013, a primeira fase do projecto, financiada pelo Fundo Africano de Desenvolvimento com 161,46 milhões de dólares, permitiu a construção de 60 escolas, 60 centros de saúde, 504 latrinas e 60 sistemas de abastecimento de água potável nas aglomerações de Tshikapa e Mbuji-Mayi, bem como nas zonas rurais de cinco províncias da República Democrática do Congo.

Pela primeira vez, milhares de famílias puderam beber água mais segura, enviar os seus filhos à escola em condições dignas e receber cuidados de saúde em infra-estruturas adequadas. “Hoje, o centro de saúde de Tshibumba é novo, limpo e acolhedor. Vimos aqui com confiança, porque isto dá-nos a oportunidade de viver com mais saúde”, confirma Mulanga Ntambwe, acrescentando: “Os primeiros transportes públicos só chegaram aqui com o lançamento do projecto”.

Estes resultados encorajadores levaram o governo congolês e o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento a alargar a iniciativa a outras províncias, com o objectivo de alcançar uma cobertura nacional.

Hoje, este objectivo está a concretizar-se nas três províncias do Kasaï, onde vivem mais de oito milhões de pessoas, ou seja, 12% da população da RDC. O Projecto de Reforço das Infra-estruturas Socioeconómicas, na sua fase II (PRISE II), com um orçamento de 69,74 milhões de dólares financiados em mais de 95% pelo Fundo Africano de Desenvolvimento, amplifica este impulso. E os resultados já são visíveis: 22 novos sistemas de abastecimento de água potável, 41 escolas, 40 centros de saúde e 88 latrinas estão em construção ou quase concluídos.

Quase 75% das obras já foram realizadas e estão a mudar a vida de muitas famílias. Agora, a água corre das torneiras nas casas das aldeias. “A água da torneira é muito diferente da água da floresta. É próxima, limpa, e estamos descansados”, confessa, com alívio, a mãe Ntshila Muswamba, da aldeia de Mikalayi (Kasaï central), enquanto levanta um balde cheio de água limpa.

Se o projecto permitiu uma modernização sem precedentes das infra-estruturas locais, constitui também uma fonte de oportunidades. Foram criados mais de 2.200 empregos permanentes, dois terços dos quais ocupados por mulheres. Os jovens recebem formação em profissões relacionadas com a canalização, as comunidades organizam-se para gerir a água e as famílias adoptam novas práticas de higiene. Num contexto marcado pelas alterações climáticas, esta resiliência é tão importante quanto os tijolos e as canalizações.

É por isso que, muito mais do que números e realizações, este projecto, apoiado pelo Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, encarna uma promessa cumprida: a de um desenvolvimento que transforma a vida dos africanos. Não se trata apenas de água, escolas ou cuidados de saúde, mas de uma visão concreta de um Congo onde cada família tem acesso à dignidade e à esperança. Nas províncias de Kasaï, cada torneira, cada sala de aula, cada centro de saúde testemunha um movimento colectivo rumo a um futuro mais justo, mais equitativo e sustentável para todos.

Foto: Centro de saúde de Katoy, na província de Kwango

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