Os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, são os únicos chefes de Estado que confirmaram a sua presença na tomada de posse do novo Presidente de Moçambique, anunciou hoje fonte oficial. Já o Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República de Angoa, Adão de Almeida, vai participar na cerimónia de investidura do novo Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, em representação do general João Lourenço.
A vice-presidente da Comissão Interministerial para Grandes Eventos de Moçambique, Eldevina Materula, numa conferência de imprensa realizada na Praça da Independência, onde o evento vai ter lugar, disse que foram “convidados os chefes de Estado das comunidades de Desenvolvimento da África Austral e dos Países de Língua Portuguesa. Destes, foram recebidas confirmações de dois”.
Além dos dois chefes de Estado, a fonte destacou as presenças de três vice-Presidentes, nomeadamente da Tanzânia, Maláui e Quénia, bem como os primeiros-ministros de Eswatini e do Ruanda na tomada de posse de Daniel Chapo, marcada para quarta-feira.
Eldevina Materula acrescentou que pelo menos oito ministros de diversos países estarão no evento, incluindo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel.
Questionada pela comunicação social se foi convidado Venâncio Mondlane, candidato presidencial apontado como segundo mais votado e que lidera manifestações contra os resultados eleitorais, Eldevina Materula disse que o evento é “aberto a todos”.
“Esta é uma cerimónia aberta e está aberta para o candidato presidencial Venâncio Mondlane como também para a mamã do mercado (…). Venâncio Mondlane é um cidadão moçambicano e está convidado”, acrescentou Eldevina Materula, assegurando que a segurança do evento está acautelada.
Pelo menos 2.500 pessoas são esperadas para a cerimónia de tomada de posse do novo Presidente de Moçambique.
Em 2 de Janeiro, o Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou, oficialmente, o dia 15 de Janeiro para a tomada de posse do novo Presidente da República, Daniel Chapo, que sucede a Filipe Nyusi.
O CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há 50 anos), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve (graças a uma monumental fraude eleitoral) a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de Outubro.
A sua eleição é, contudo, contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde Outubro, com manifestantes pró-Mondlane – candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória – em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram 300 mortos e mais de 600 pessoas foram feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
Além de Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Chapo enfrentou, nas eleições de 9 de Outubro, Ossufo Momade (que obteve 6,62%), líder e apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), até aqui principal força da oposição, e Lutero Simango (que teve 4,02%), suportado e presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).