Felizmente em 1975 alcançámos o milagre da independência. Uma luta que segundo historiadores teve início em 1961. Ou seja, 14 anos depois conseguimos a vitória.
Por Tomás Alberto
Cada contexto, um desafio! Quando almejávamos a independência, eis que surgiram os bravos, aqueles que acreditavam que com uma agenda de luta, tudo seria possível. E, entre eles, também existiam os cobardes, aqueles que só acreditavam no que viam. Apesar do descontentamento, viviam conformados com a situação.
Quando teve início a luta, não foram só os organizadores que lutaram, mas todos aqueles que acreditavam que lutando era possível vencer os opressores. Cada uma destas pessoas encontrava espaços para lutar, e quando não havia armas (catanas, enxadas…) para combater, os organizadores da luta, tinham a missão de distribuir armas a todos aqueles que estavam imbuídos no espírito de libertar Angola e os angolanos. Pois eram os organizadores que agrupavam, e controlavam os meios disponíveis para o propósito.
Para mim, foi este o factor decisivo para a vitória da luta de libertação nacional. Acredito que este seria o grande exemplo para a luta do milagre económico. Todos unidos numa única causa.
Distribuir equipamentos ou matérias a quem acredita nesta luta. Pois que na altura o que nos fez vencer, eram antes dos meios ao nosso dispor, não aceitar as condições de trabalho, o desgaste pela situação, remuneração, a fome e a miséria. Acreditávamos que apesar dos meios que tínhamos, lutar para sair desta situação, seria a melhor coisa a se fazer! Mesmo sem saber o que vinha depois!
Ninguém esperou por armas, blindados ou meios sofisticados para lutar! Por vezes o que nos faz vencer, não são os meios e equipamentos. Mas a fé que depositamos naquilo em que acreditamos.
Numa altura em que tínhamos mais dificuldades, porque não tínhamos equipamentos, meios técnicos, armas sofisticadas, muito menos formação superior, e nem conhecíamos muito bem os cantos de Angola, isso porque o colonizador ensinava-nos sobre Portugal, os seus rios, as suas pontes e ruas, ainda assim, levamos apenas 14 anos para vencer a luta.
Entre nós há os cobardes, aqueles que já se conformaram de que a nossa economia não tem solução, e preferem investir fora do país. Mas também há aqueles que acreditam que todos os problemas têm soluções. Coloquemos os meios ao dispor destes! Tal como se fez na luta de libertação nacional.
Não são os meios sofisticados que nos fazem vencer, mas a fé, determinação, consistência e resiliência. Foi assim em 75. Este foi o caminho que nos deu a independência; poderá também nos dar o milagre económico.
Quando poucos fazem e a maioria apenas segue, a despesa é maior. Porque neste contexto vivemos o capitalismo; em que quem não produz gasta. Quem gasta o que não têm, contrai dívidas. Ao passo que quando todos fazem de acordo as suas crenças e capacidades, com o instrumento que dominam, a produção será maior… O regime capitalista é uma máquina que se alimenta da produção de bens e serviços; e não de intelectualidade e comentários.
Precisa-se deixar de lado as convicções, para se olhar e agarrar aqueles que produzem bens e serviços. No capitalismo é isso que importa.
O capitalismo não é sobre intelectualidade; mas é sobre produção de bens e serviços.
No capitalismo não se desperdiça tempo, muito menos um cêntimo! A perda de um cêntimo, pode arruinar uma economia. 1X30.000.000 = 30.000.000, 30.000.000 X30 dias = 900.000.000, 900.000.000X12 mês = 10.800.000.000 este é apenas o somatório do prejuízo de um cêntimo, numa população de 30.000.000 de habitantes durante 12 meses!
Quantos serviços não prestamos? Quantos produtos não produzimos? Quantos prejuízos somamos?
O tempo em que se espera, gera consumo de energia, alimentação, recargas telefónicas, consumo de dados, alimentação… Se não nos pagarem, nós iremos pagar. Não há talvez ou vou pensar, cada minuto sem produzir, é uma dívida que se soma!
No capitalismo vive-se de contas apenas. Quando não é subtracção será multiplicação. Parar de investir ou trabalhar, automaticamente será subtrair no stock.
Um minuto sem produzir, é uma dívida que se soma!