UM HOSPITAL EM CADA ESQUINA

Embora sempre que precisar recorra a hospitais estrangeiros (Espanha, EUA, Portugal, Dubai etc.) o Presidente angolano, general João Lourenço, prometeu hoje alocar “os recursos que forem necessários” para fazer face ao défice de unidades hospitalares no país, durante a inauguração do Hospital Militar.

Citando o Presidente do MPLA, o Titular do Poder Executivo e o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, o general João Lourenço diz: “Para a saúde toda a atenção é pouca e colocaremos os recursos que forem necessários para reduzir o défice que temos ainda em unidades hospitalares, colocaremos a nossa atenção também para a necessidade de formação e contratação dos quadros que vão trabalhar nessas unidades, este processo é contínuo”.

O general João Lourenço inaugurou hoje a primeira fase do Hospital Militar Principal/Instituto Superior, unidade reabilitada em 33 meses, com capacidade para 160 camas e dotada de tecnologia moderna para a prestação de assistência especializada aos militares e civis.

Em declarações à imprensa, o chefe de Estado realçou que a antiga unidade funcionava em condições precárias, tendo sido dado “um salto bastante significativo” apesar de a obra não estar concluída na totalidade.

Segundo o general João Lourenço, até ao final do ano deverá estar concluída e entregue a segunda fase e assim os angolanos terão um Hospital Militar “à altura do prestígio” das Forças Armadas.

Neste sentido, o chefe de Estado elogiou o contributo das Forças Armadas para o alcance da paz em Angola, há precisamente 22 anos, considerando que merecem um Hospital Militar reabilitado e “muito mais”.

“Esta unidade hospitalar está a ser inaugurada no Dia da Paz e da Reconciliação Nacional para a qual, sem sombras de dúvidas, as Forças Armadas deram o maior contributo. Os angolanos de uma forma geral lutaram para o alcance da paz, mas, se quisermos ser justos, temos que entre os angolanos no geral destacar os militares, as forças armadas, pelo contributo que deram à paz”, disse.

O hospital conta com uma sala de observação, de urgência, imagiologia, laboratório, ecografia e vai apoiar a formação dos profissionais da saúde militar.

O chefe de Estado reafirmou a aposta no sector da saúde, frisando a luta permanente para conseguir receitas e orçamento para a execução dos projectos considerados importantes.

“O sector da saúde vai continuar a conhecer novas unidades de todos os níveis, desde o primário ao terciário”, referiu o Presidente, sublinhando que o esforço é para beneficiar a parte militar e civil.

O general João Lourenço anunciou que estão ainda em construção quatro hospitais regionais, que deverão ficar prontos ainda em 2025, por ocasião dos 50 anos da independência de Angola, estando igualmente em carteira a construção de um novo Hospital Militar em Luanda, na zona dos quartéis.

“Queremos fazer uma viragem importante, naquilo a que diz respeito à assistência médica e medicamentosa para os nossos militares, seus familiares, a nossa Polícia Nacional, que também beneficia dessas unidades das Forças Armadas, uma vez que não existe e nem há, por enquanto, a intenção de se construir nenhum hospital para a Polícia Nacional”, indicou.

João Lourenço referiu que, na parte civil, ainda este ano serão inaugurados novos hospitais nas províncias de Luanda, Cuanza Sul, Cuanza Norte e Cunene.

As autoridades do MPLA, no Poder há 49 anos e na procura de lá ficarem mais 51 para comemorarem o centenário, são useiras e vezeiras a prometer mais do mesmo, ou seja que continuam comprometidas na melhoria e humanização dos serviços de saúde para o bem-estar das populações.

A ministra Sílvia Lutucuta fez estas declarações em Outubro do ano passado, no final de uma visita do Presidente da República, João Lourenço, que se fez acompanhar do Presidente do MPLA (João Lourenço) e do Titular do Poder Executivo (João Lourenço) ao Hospital do Prenda para voltar a constatar o funcionamento e as obras em curso, aproveitando para elogiar o trabalho e empenho de muitos profissionais.

Apesar deste aspecto, segundo a ministra, também existem muitos que não prestam a devida atenção aos pacientes. Quem diria? Faltou, contudo, tempo para Sílvia Lutucuta puxar as orelhas aos governantes que também não prestam a devida atenção aos profissionais do sector.

Dai que, acrescentou, uma série de acções têm sido (des)envolvidas pelo ministério e as distintas unidades sanitárias, porque se quer – ao contrário dos auxiliares do Titular do Poder Executivo – “profissionais de saúde que se sintam parte de uma grande família de salva vidas e não o contrário, sendo que a vida humana tem grandes valor”.

O contrário da “grande família de salva vidas” quer dizer que há alguns familiares que “matam” vidas? Hum! Admitamos que foi uma espécie de “lapsus linguae”.

Para a ministra Sílvia Lutucuta, a “assistência médica é um acto de amor e compaixão e tem de se prestar muita atenção às pessoas, que muitas vezes já estão numa situação de grande vulnerável quando se dirigem aos hospitais e não se agravar ainda mais a sua situação do ponto de vista psicológico”.

Entre as acções neste domínio, fez menção ao facto de o ministério continuar a desenvolver acções de formação, a criação do gabinete do utente, a produção de uma circular sobre a tolerância zero às más práticas, entre outras medidas. Ora aí está uma medida que deveria ser aplicada ao próprio governo: tolerância zero às más práticas!

No entanto, disse também ser importante que a população seja educada no sentido de se dirigir às unidades sanitárias com respeito pelos profissionais e pelos equipamentos, uma vez que o corpo clínico de cada uma das unidades está exactamente aí para salvar vidas.

No que toca à visita do Presidente da República (que quando está doente vai sempre à filial do Hospital do Prenda em… Espanha), Sílvia Lutucuta disse que os profissionais de saúde, em especial os do Hospital do Prenda, “ficaram muito satisfeitos com a deslocação do estadista (ainda por cima na companhia, repita-se, do Presidente do MPLA e do Titular do Poder Executivo) à unidade sanitária. Um hospital de referência nacional e do nível terciário”.

A ministra salientou que esta unidade, que possui uma média de 700 atendimentos por dia, desde a sua construção não contou com grandes intervenções, no que toca a obras de requalificação, daí que se encontrava já numa situação difícil.

Com isso, explicou, a direcção do próprio hospital, por sua iniciativa e com pouco recursos, começou, de forma faseada, a dar tratamento a algumas das áreas prioritárias. Nesta senda, “trouxemos o Presidente para constatar in loco a situação do Hospital e também receber orientações precisas sobre a mobilização de recursos necessários para a conclusão desta obra”.

Com 250 camas para internamento, a unidade presta assistência em domínios como traumatologia, cuidados intensivos, medicina interna, ortopedia, cirurgia geral, maxilo-facial, além de outros serviços, sendo igualmente uma grande escola para várias especialidades.

De acordo com a ministra, o Presidente João Lourenço “ficou bastante satisfeito com as iniciativas do próprio hospital, que resultaram já na reabilitação bloco operatório, que está praticamente concluído e equipado, na criação de uma nova área para os cuidados intensivos, a expansão da área de hemodiálise, que hoje funcionam 24 horas por dia, entre outras”.

A ministra Sílvia Lutucuta deu ainda a conhecer que este foi o primeiro hospital que vai ter uma enfermaria dedicada aos serviços de nefrologia, especialidade médica dedicada ao diagnóstico e tratamento das doenças do sistema urinário, principalmente relacionadas com os rins.

No entanto, de acordo com a responsável da pasta da saúde, os desafios ainda são grandes porque se pretende uma reabilitação geral da unidade.

Em funcionamento desde 1974, esta unidade sanitária é uma das principais referências no país, sendo que no primeiro semestre do corrente ano teve um total de 72.951 pacientes assistidos.

Legenda: 7 de Junho de 2021 às 23:29 minutos. À porta do Hospital do Prenda, familiares de pacientes internados passavam as noites em condições precárias e humilhantes com receio de perder os familiares. Os mesmos alegavam que se não estiver nenhum familiar por perto quando os profissionais de saúde da instituição chamarem por falta de medicamentos ou material, gastável … ninguém se responsabiliza.

Folha 8 com Lusa

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