TRUMP DEVERIA RETIRAR NACIONALIDADE A MELANIA

Donald Trump, numa repetição de discursos inflamados e carregados de populismo, propõe a expulsão de imigrantes dos Estados Unidos e avança a ideia de alterar a Constituição americana, visando o Artigo 14 que garante o “birthright citizenship”. Mas, como muitos dos que utilizam a xenofobia como trampolim político, Trump ignora convenientemente as suas próprias raízes e contradições.

Por Malundo Kudiqueba

Se o exemplo deve começar em casa, então Donald Trump deveria expulsar Melania Trump, a sua esposa, e os seus familiares, todos eles imigrantes. Melania nasceu na Eslovénia, um país que nunca constou das prioridades do “sonho americano” de Trump, mas, aparentemente, bastou-lhe casar com um magnata nova-iorquino para que o seu estatuto fosse validado. “Antes de apontar o dedo aos outros, Trump deveria olhar para o passaporte dos que estão à sua mesa de jantar.”

Ao questionar o direito de cidadania automática, Trump não só ignora que os Estados Unidos são uma nação construída por imigrantes, mas também varre para debaixo do tapete a sua própria linhagem. É oportuno recordar-lhe que a sua mãe, Mary Anne MacLeod, era uma imigrante escocesa e que os seus avós paternos vieram da Alemanha. “A América de Trump seria impossível sem os imigrantes que agora ele tenta demonizar.”

Este tipo de discurso anti-imigrante é perigoso. Serve apenas para dividir, criando um “outro” a ser demonizado, enquanto mantém intactos os privilégios de elites que não têm a mínima noção do que significa viver com medo da deportação, enfrentar a discriminação diária ou lutar por um futuro digno num país que tanto preza o slogan “terra da liberdade”. “Quem ergue muros contra os mais fracos está a destruir os alicerces da democracia.”

Trump apregoa um nacionalismo exacerbado, mas, ironicamente, precisa dos mesmos imigrantes que critica para sustentar a economia americana. Dos campos agrícolas ao setor tecnológico, os imigrantes contribuem significativamente para o país que Trump afirma querer proteger. “Expulsar os imigrantes é apagar a história, o presente e o futuro da América.”

Se Donald Trump quer reescrever as regras da cidadania americana, talvez devesse começar por reflectir sobre a história da sua própria família e o impacto das suas propostas no tecido social e económico dos Estados Unidos. Até lá, o seu discurso não passa de uma cortina de fumo para desviar a atenção dos problemas reais que ele mesmo se recusa a enfrentar. “Trump não é a solução; é o sintoma de uma política cega e destrutiva.”

A América não precisa de mais divisões. Precisa de líderes que compreendam o valor da diversidade e que respeitem os princípios fundamentais de igualdade e inclusão que fizeram da nação um símbolo de esperança para milhões. Se Trump não consegue entender isso, talvez devesse começar por repensar o seu próprio lugar na história americana.

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