TODOS IGUAIS, MAS UNS MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS

Angola é desde ontem o primeiro país em África a realizar uma cirurgia de reconstrução de nariz, diz a RNA, acrescentando que o “feito aconteceu no hospital geral de Benguela a um paciente de 24 anos, que nasceu sem nariz e respirava pela boca”. Tratou-se uma cirurgia que juntou 36 médicos nacionais e estrangeiros, numa operação que durou cerca de três horas.

Angola não tem capacidade para reduzir o número de pobres (são, actualmente, mais de 20 milhões) nem para dar de comer a quem tem fome, mas tem também capacidade – segundo o director da empresa Americana AdvantHealth, Kenneth Joseph Palmer Roman – para efectuar cirurgias robóticas nas suas unidades hospitalares de referência.

Em Maio, ao falar à imprensa à saída de uma audiência com o Presidente da República, general João Lourenço (na qual estiveram também presentes o Presidente do MPLA e o Titular do Poder Executivo), o especialista norte-americano disse que, nessa perspectiva, está em curso a elaboração de um plano conjunto para implementar esta ferramenta no sistema de saúde no país.

A cirurgia robótica é uma cirurgia minimamente invasiva, em que o paciente pode regressar às suas actividades normais muito mais rápido, em comparação com a convencional, porque é menos dolorosa e tem menos perda de sangue.

Kenneth Roman, chefe da delegação da missão da equipa de avaliação de cirurgia robótica, que esteve em Angola a convite do Ministério da Saúde, disse ter abordado durante o encontro com o Presidente João Lourenço questões relacionadas com a instalação desta importante tecnologia no país.

Nesta senda, a equipa americana ministrou, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, um seminário sobre cirurgia cardíaca.

Os especialistas visitaram o Hospital Geral de Viana, Bengo, Cabinda e o Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, unidades construídas recentemente e equipadas com meios tecnológicos da última geração.

Também chamada de cirurgia laparoscópica assistida por robótica, a cirurgia robótica é um procedimento minimamente invasivo, através do qual o cirurgião manipula um robô para realizar incisões, ressecções e reconstruções.

Actualmente, é uma das técnicas mais utilizadas para cirurgias do cancro da próstata (prostatectomia radical) e rim (nefrectomia parcial ou nefrectomia radical), mas também para cirurgias reconstrutivas como pieloplastia por obstrução do rim.

Quando comparada à cirurgia laparoscópica tradicional, a cirurgia robótica apresenta diversas vantagens, como maior precisão em locais de difícil acesso, melhor ergonomia ao cirurgião, movimentos mais intuitivos e visão tridimensional.

Segundo os Hospitais CUF (Portugal), o robô ‘da Vinci Xi’ é o modelo de última geração de sistemas cirúrgicos robóticos, que funciona como a “extensão das mãos e olhos” do cirurgião. A imagem tridimensional, de alta definição, ampliada e estável deste robô permite ao médico, durante a cirurgia, ver de forma clara estruturas anatómicas e planos de dissecção que antes via com dificuldade ou que não via de todo.

A realização da cirurgia robótica nas melhores condições implica blocos operatórios equipados com tecnologia moderna, equipas cirúrgicas competentes e experientes, com treino adequado e em que é central o papel do cirurgião, como acontece em Portugal com os hospitais CUF Tejo e CUF Porto.

A cirurgia robótica é a evolução natural da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica. O cirurgião opera através de pequenas incisões (5 a 12 mm), usando uma câmara com imagem tridimensional, ampliada e de alta definição e instrumentos miniaturizados, mais ágeis e precisos do que a mão humana.

A cirurgia robótica permite, pela primeira vez na história da cirurgia, a interposição de um dispositivo digital – na verdade, um computador – entre o cirurgião e o doente operado. Este facto abre um campo infinito de novas possibilidades e funções, aliás, ainda incompletamente exploradas pelos dispositivos existentes.

A cirurgia robótica seria mais correctamente designada por cirurgia digital, uma vez que não permite, pelo menos ainda, qualquer automatismo – como seria inerente ao conceito de robótica. O cirurgião controla todo o procedimento.

Os sistemas cirúrgicos robóticos, que têm melhor visão, maior destreza e maior amplitude de movimento do que um ser humano, permitem que o seu cirurgião realize com sucesso cirurgias complexas em locais de difícil acesso (mesmo para cirurgia aberta).

A Cirurgia Minimamente Invasiva (CMI) é a cirurgia na qual toda a agressão relacionada com o procedimento cirúrgico é minimizada: a via de acesso é mais reduzida (através de pequenas incisões de 5 a 10 mm, em vez de uma grande abertura) e a execução é mais precisa e delicada. Na grande maioria dos casos (mas nem sempre) a CMI pressupõe a utilização de sistemas de vídeo-endoscopia, razão pela qual também é chamada de Cirurgia Vídeo-Endoscópica.

A cirurgia vídeo-endoscópica da cavidade abdominal também se chama Cirurgia Laparoscópica. Esta cirurgia tem vindo a ser realizada com recurso a aparelhos robotizados que obedecem, com segurança e precisão, ao comando directo de um cirurgião, por intermédio de uma interface digital (como, por exemplo, um computador): é a Cirurgia Robótica. Estes dispositivos aumentam o potencial do cirurgião, abrem novas possibilidades para a cirurgia minimamente invasiva e prometem revolucionar toda a cirurgia.

Noutra frente, oficialmente o serviço de telemedicina já está operacional em seis das 18 províncias do país, cobrindo 42 hospitais, entre provinciais e municipais. Em 2018 o já se garantia que estava disponível em sete hospitais, cinco deles provinciais…

A telemedicina está operacional nas províncias de Luanda, Lunda-Sul, Huambo, Moxico, Uíge e Huíla, para serviços médicos e de formação à distância, a partir do satélite angolano ANGOSAT-2, indica uma nota de propaganda da INFRASAT.

A nota refere que o projecto de implementação dos centros de telemedicina é uma iniciativa multisectorial que visa expandir os serviços e cuidados básicos de saúde às zonas mais recônditas do país.

A telemedicina em Angola tem sido uma ferramenta valiosa para melhorar o acesso à saúde, conectando pacientes aos médicos, em tempo real, e optimizando recursos, com dados de comunicações sem limites, realça o documento.

Em Luanda, adianta a nota, os serviços estão disponíveis nos hospitais David Bernardino, Josina Machel, do Prenda, Hospital Municipal de Catete, Hospital Municipal da Quissama, Maternidade Lucrécia Paim e Hospital Américo Boavida em reabilitação e a funcionar actualmente no Hospital Geral de Viana Dom Emílio de Carvalho.

Na Lunda-Sul, estão instalados nos hospitais municipais de Dala, Cacolo, Muconda, Hospital Geral da Lunda-Sul e na Maternidade Provincial. Já na província do Huambo, a telemedicina está presente no Hospital Central do Huambo, nos municípios da Caala, Bailundo, Mungo, Longonjo, Ekunha, Tchicala Tcholoanga, Londuimbale, Ucuma, Catchiungo e no Hospital Municipal do Chinjenje.

O Moxico dispõe desses serviços no Hospital Geral Provincial, nos municipais do Bundas, Camanongue, Léua, Luacano, Luau, Luachazes, Lumege e no Hospital Municipal do Alto Zambeze. Na província do Uíge, o serviço de telemedicina está operacional no Hospital Geral, nos municípios do Uíge, Catepa, Negage, Sanza Pombo, Maquela do Zombo e do Quimbele. A Huíla beneficia do serviço no Hospital Central do Lubango, nos municípios da Jamba, Caconda e na Maternidade da Huíla.

A infra-estrutura tecnológica de conectividade é garantida pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, (MINTTICS), através da INFRASAT, e operacionalizada pelo Ministério da Saúde (MINSA), por meio dos centros de telemedicina instalados.

Conforme o documento, o recurso às tecnologias de informação e comunicação ao serviço da medicina constitui uma experiência positiva, particularmente em áreas remotas e com acesso limitado a serviços médicos tradicionais.

O mesmo tem permitido que os cidadãos tenham acesso a consultas médicas, diagnósticos e tratamentos sem a necessidade de deslocamento físico, por meio de videochamadas ou plataformas online.

“Os pacientes podem consultar-se com médicos e especialistas, especialmente, útil para casos não emergenciais, acompanhamento de doenças crónicas e orientações gerais de saúde”, lê-se no documento.

A INFRASAT é uma empresa tutelada pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologia de Informação e Comunicação Social.

No da 13 de Abril de… 2018, o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) português disse estar a apostar na criação de uma rede de telemedicina em Angola, abrangendo, na altura, sete hospitais, cinco deles provinciais, disse o coordenador do projecto.

Estarão a brincar com a nossa chipala?

No dia 23 de Setembro de…. 2014, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Pinto de Sousa, considerou, em Luanda, a saúde como um dos pilares “verdadeiramente autênticos” na promoção do desenvolvimento social e económico do país.

Carlos de Sousa que falava num dos painéis das X Jornadas Técnico-científicas da Fundação Eduardo dos Santos (FESA), frisou que a saúde deve ser encarada como um recurso social e pessoal na vida diária.

O bastonário lembrou que faziam parte das preocupações do Executivo diversos aspectos programáticos, presentes no Plano Nacional de Desenvolvimento da Saúde (PNDS), que visam promover a saúde colectiva, em especial das mulheres e crianças, com o aperfeiçoamento da rede sanitária, prevenção e luta contra as doenças infecciosas, emergentes e reemergentes.

“O conceito e a prática da saúde é uma forte determinante da municipalização, bem como um aspecto que vem sendo enfatizado pelo Ministério da Saúde (MINSA), no sentido de tornar mais operativo e consequentemente mais próximo dos cidadãos e da comunidade”, frisou.

Para Carlos Sousa, para assimilar e interiorizar a ideia de saúde, de acordo com a sua evolução positiva e o conteúdo da actividade dos médicos, é necessária a dimensão ética da actividade dos técnicos de saúde, credibilidade dos actos, técnica e a ciência.

Por isso, acrescentou o médico, a credibilidade dos actos de saúde resulta, essencialmente, da serenidade que se coloca no relacionamento dos profissionais com os doentes e famílias, entre os técnicos e estes com as instituições onde exercem o seu trabalho.

Recorde-se também que, por exemplo, no dia 16 de Setembro de…. 2015, realizou-se no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, o seminário de apresentação da Rede de Telemedicina Angola – Portugal – HUG. Já a funcionar em Angola desde 2014, a rede internacional de colaboração de profissionais de saúde encontrava-se em processo de expansão um pouco por todo o país e contava com o apoio de médicos de língua portuguesa, “promovendo a discussão, educação e troca de conhecimento em matéria de saúde e de cuidados primários”.

Em síntese, Angola não tem capacidade para reduzir o número de pobres (são, actualmente, mais de 20 milhões) nem para dar de comer a quem tem fome. Mas não falta dinheiro para os dirigentes do país, a começar pelo general João Lourenço, irem a Portugal, Dubai ou Espanha para tratar uma bitacaia que seja!

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