MÚLTIPLA COLONIZAÇÃO NOS 50 ANOS DE (IN)DEPENDÊNCIA

O MPLA, no quadro das comemorações dos “seus 50 anos” de proclamação da (in)dependência colocou, no mais alto pedestal, a visita do ancião, ex-futuro, presidente americano, Joe Biden como plataforma do revés ideológico e da descoberta do “caminho marítimo” para o Huambo, visando a exploração das matérias-primas de ponta, ferroviariamente, pelos novos colonizadores: China, Rússia, Estados Unidos, União Europeia, Fundamentalistas islâmicos, ao invés de estimular o grito de libertação para o resgate, pelos autóctones patriotas, da soberania económica, 50 anos depois da “auto-partida” do colonialismo português…

Por William Tonet

Os angolanos acompanham incrédulos as iniciativas estapafúrdias do Executivo para comemorar meio século de exclusivo reinado governativo do MPLA.

Joe Biden, o antes inimigo imperialista foi o convidado antecipado de honra, de João Lourenço, um presidente obcecado pelos americanos, que se esmerou até à medula, para escancarar a soberania do país.

A pasta para Washington do ancião Biden foi abarrotada com milhões e milhões de minerais raros, fora do escrutínio das instituições nacionais…

As vantagens económicas e sociais para os angolanos serão mínguas, precárias e desvantajosas, que verão nascer uma “Guantánamo mineral americana”, com a permissão de lideranças africanas fracas. Muito fracas e complexadas, paradoxalmente, suportadas no poder pelo dinheiro chinês e armamento russo, aliados agora descartados. Tal como o socialismo científico, antes idolatrado, nos discursos, para agora, se deleitar nos braços ianques, onde, descobre-se, sempre pernoitou… Ingenuamente, face à campanha mediática da comunicação social pública, vende-se e muitos acreditam estar um novo paraíso na esquina com o Corredor do Lobito.

Pura miragem!

As provas estão à mão de semear, desde os anos 60 (período colonial) e 1975-2024 (período do regime do MPLA), com a Chevron (empresa petrolífera americana), responsável pela exploração dos blocos de petróleo, no Malongo, Cabinda e Soyo, Zaire, são a prova indesmentível dos americanos, legitimamente, apenas defenderem os seus interesses de exploração de riquezas, em Angola e África, a baixo custo…

E, mais grave, borrifam-se sobre a situação social, económica e empregatícia dos trabalhadores angolanos. Nenhuma empresa ou ONG dos EUA, estabelecidas em Angola, como o IRI (Instituto Republicano Internacional), o NDI (Instituto Democrático Nacional), a Open Society Foundation, a U.S. Information Agency e a World Learning, alguma vez, tiveram o bom senso de denunciar ou processar, à luz das Lei do Ambiente e Lei contra o lixo tóxico, empresas americanas face às arbitrariedades por elas cometidas, contra o meio ambiente, os trabalhadores e os povos angolanos.

DANOS DA SUPREMACIA AMERICANA

Angola havia aprovado, em 2014, período de governação de JES, o pacote “Descarga Zero”, para se evitar a contínua descarga criminosa de resíduos no mar, por parte da petrolífera norte-americana Chevron que, anualmente, despeja milhares de toneladas de resíduos perigosos de crude directamente nos baixios da costa de Cabinda e Zaire. No entanto o despacho, revogado no consulado de João Lourenço, em prejuízo das populações destas províncias que têm os mares e peixes contaminados, colocou, também, no desemprego, milhares de pescadores artesanais angolanos.

“É uma decisão criminosa e anti-patriota, prejudicar os nossos mares, os nossos peixes, os nossos cidadãos, devido aos interesses dos americanos, europeus e governantes corruptos angolanos. O Presidente João Lourenço deveria perceber, as razões da permanente e elevada rejeição do seu consulado, em Cabinda e mesmo no Zaire. Nós temos petróleo, mas muita pobreza, miséria e fome, apadrinhada pela nação mais rica e dita mais democrática do mundo, que mata, ao apoiar a fraude e batota da CNE, todos os sonhos de democracia dos angolanos”, denunciou ao F8 e TV8, o engenheiro de Petróleos e Meio Ambiente, Buila Ngola Futila.

“Quem, deliberada e conscientemente, para beneficiar empresas estrangeiras, viola o decreto “DESCARGA ZERO” é criminoso, tal como os agentes morais e materiais, e deve ser levado às barras dos tribunais”, por descargas de resíduos venenosos, provenientes das sondas das empresas americanas e ocidentais.

“Esta prática é sancionada na maioria dos países, mas em Angola fruto de um governo complexado e assimilado, a prática foi ressuscitada e, fontes dignas de crédito, garantem que alguns navios saem carregadas de outros países, com resíduos tóxicos, para descarregar nos mares de Angola”.

O engenheiro angolano calcula, que desde 2023 terão sido despejadas nos nossos mares, mais de 48 mil toneladas de resíduos e 25 milhões de litros de petróleo sem valor comercial, mas que contaminam e matam o ecossistema marítimo.

A América, no mundo, não visa a valorização e emponderamento dos quadros locais, mas a exploração de matérias-primas, principalmente, em África. Um americano no mesmo escalão e, muitas vezes, com menos valências ganha, no Malongo ou Soyo, mais que um autóctone, para além das múltiplas regalias semanais, mesmo sem ir para terra.

É a mania da supremacia, distanciando-se de toda realidade social e política dos autóctones desde que salvaguardados os seus interesses, nem que seja através de armas russas e militares cubanos, como ocorreu, num largo período da guerra civil, em Cabinda, onde os americanos nunca se opuseram a protecção dos mercenários cubanos de Fidel Castro.

No Corredor do Lobito, que não passa do nosso Caminho de Ferro de Benguela, o comportamento ocidental não será diferente do até aqui conhecido. Discriminação, humilhação, exploração e empobrecimento dos angolanos, que verão as suas riquezas partir além-mar.

O MPLA tem disso ciência. Mas, um quadro indefinido, favorece a sua política e regime autocrático, que com a entrega das nossas riquezas, obtém protecção americana e europeia.

O balanço de 49 anos (1975-2024) é extremamente negativo.

Fome extrema, miséria, injustiças, discriminações, má-gestão, incompetência e, muita, ditadura.

No topo da pirâmide o marco relevante, nos dias de hoje é o destapar da farsa caracterização ideológica, apoiado política e militarmente, pelo ex-bloco socialista mundial).

De alegado movimento do proletariado de esquerda -socialista em 1975 (Internacional Socialista, Não-Alinhados), defensor das classes operária, camponesa e intelectuais revolucionários, passou, desavergonhadamente, para os lençóis de quem mais abominava: a extrema-direita, o neoliberalismo económico e o “imperialismo americano”.

Os povos dos vários reinos que harmoniosamente foram, ao longo dos anos, severamente enganados, quando pensavam se ter libertado do colonialismo português, em 24 de Abril de 1974, com o golpe dos capitães de Abril contra o fascismo de Salazar e Caetano, eis o retorno em grande escala de vários países colonialistas, cujas práticas se afiguram piores que a do anterior colono.

O MPLA, como partido da extrema direita, amante do neoliberalismo, promotor da fome e miséria, ao prostituir-se com a China, Rússia, Estados Unidos, Emiratos Árabes Unidos e fundamentalistas islâmicos, está a hipotecar o futuro e o sonho de milhões de autóctones angolanos, que auguram por alternância.

Em 2027 os angolanos, com o nível de pobreza, que campeia, poderão não aceitar a batota da CNE, vindo para as ruas das províncias, municípios, cidades, vilas e comunas, indignando-se com o perpetuar de um regime insensível.

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