Em momento de fortes manifestações pós eleitorais, o candidato da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), vencedor das eleições presidenciais, segundo a CNE (Comissão Nacional de Eleições), reconhece que há no país falta de oportunidades de emprego para a juventude que, devido o fenómeno da corrupção que se enraizou no funcionalismo das instituições do Estado, os leva a frustração das suas perspectivas sobre o futuro do país que se debate com défices imobiliário e bom ambiente de negócios. Para mudar o quadro, Daniel Chapo elege como agenda do seu governo que entra em funções a partir de 2025 quatro pilares.
Por Geraldo José Letras
O vencedor das Eleições Presidenciais de Moçambique com 70% dos votos, Daniel Chapo, que se diz defensor das políticas que favoreçam os jovens, assume que há em Moçambique um défice no sector imobiliário, e que as poucas oportunidades de emprego frustram as expectativas dos jovens, daí ter estruturado quatro pilares para inverter o actual quadro no seu governo que entra em funções a partir de Janeiro de 2025. “Sendo jovem, os desafios que a juventude tem neste momento também são meus desafios, e vai ser a nossa grande preocupação dinamizar a economia para que os jovens possam ter mais emprego”, comprometeu-se.
Sobre os crimes de raptos, crime organizado e a situação em Cabo Delgado, Chapo reconhece que essas ocorrências afugentam os investidores, pelo que entende que “é chegado o momento de abrir a porta ao diálogo com quem quer que seja de modos a melhorar o ambiente de negócios”. “Nós vamos trabalhar de forma que reforcemos as instituições do Estado. Reforço, estou a falar em termos de Recursos Humanos, recursos minerais, para permitir que as instituições sejam cada vez mais fortes e colocar também pessoas íntegras e responsáveis, que possam trabalhar para o combate aos raptos”. O substituto de Filipe Nyusi na Presidência da República de Moçambique promete combater a corrupção “sem reserva”, por na sua visão, constituir “um mal que afecta o desenvolvimento do país em todos os sectores”. “A corrupção faz mal a todos nós”, sublinhou.
Daniel Chapo que defende o direccionamento dos recursos financeiros em sectores chaves que permitam melhorar a qualidade de vida da população, promete aposta firme na saúde e educação, e melhorar as condições de trabalho dos profissionais através de investimentos na construção de centros de saúde e mais escolas. Na agenda do seu governo, Chapo promete olhar igualmente para a construção de infra-estruturas de abastecimento de água potável e de estradas, pontes, além da expansão da rede de distribuição de energia eléctrica.
Questionado sobre a sua eleição muito contestada, Daniel Chapo, simplesmente diz que a FRELIMO, em todas as etapas da sua existência sempre demonstrou “maturidade política”. Ter uma comunicação social mais plural e isenta é outra aposta de Daniel Chapo que quer também para Moçambique uma indústria e sector do turismo fortes.
DANIEL CHAPO SEM CREDIBILIDADE
Para a juventude moçambicana, os quatros pilares avançados por Daniel Chapo para o seu governo não garantem confiança ao povo que já “não espera nada da FRELIMO”. “tivemos Guebuza, o que é que fez pelo país? Tivemos Filipe Nyusi, o que é que fez? Todos prometeram desenvolver a economia, as infra-estruturas e a qualidade de vida da população. O que é que fizeram? Venderam o país, levaram o país à falência total. Agora vem esse (Daniel Chapo), que ninguém lhe conhece, venceu com os votos da CNE, porque ninguém lhe votou a prometer fazer o quê? Ninguém mais vos quer, a mensagem é clara: deixem o povo assumir o poder”, reagiu às declarações do candidato da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), Inácio Meneque, ao Folha 8, a partir de Maputo Cidade.
“O povo já se cansou da FRELIMO. O povo já não vos quer. O povo já disse basta. O povo está a dizer basta, não vos queremos. Só em cinco anos você consegue mudar alguma coisa, consegue ver alguma coisa, não temos sequer uma linha-férrea que liga o Centro ao Norte ou o Sul ao Norte do país, de Rovuma a Maputo, uma só linha-férrea, para não falar de estrada. Nem queremos os resultados da CNE, nem nada, só queremos que vocês entreguem o poder ao povo”, gritam os jovens manifestantes que aconselham a PRM (Polícia da República de Moçambique) a não se deixar instrumentalizar pelo governo suportado da FRELIMO.
A terceira fase de manifestações nas sedes distritais da CNE e marchas para Maputo teve início hoje, 31 de Outubro, com duração de uma semana. O objectivo continua a ser contestar os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro anunciados há uma semana pela CNE, anunciou o candidato presidencial do PODEMOS, Venâncio Mondlane, em acto contínuo aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 deste mês, que resultaram em confrontos com a PRM (Polícia da República de Moçambique), que resultaram na morte de pelo menos 10 moçambicanos, ferimentos de dezenas de manifestantes e 500 detidos, avançou o Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.
O protesto convocado por Mondlane recebeu o apoio de cerca de quarenta partidos políticos de oposição, sobretudo extraparlamentares, que anunciaram quarta-feira, 30, uma “aliança inédita” para contestação dos resultados anunciados pela CNE e prometeram “liderar o povo” nas contestações, considerando que se trata de um direito constitucional.
Ainda na quarta-feira, 30, o Governo moçambicano avisou que “não quer que se repita” a paralisação quase total registada em três dias da semana passada, prometendo segurança às empresas, perante o apelo a sete dias de greve de Mondlane e seus apoiantes.
“O nosso apelo é que as empresas se mantenham abertas. O nosso apelo é que os trabalhadores, os funcionários, se dirijam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança e queremos que o país não tenha paragem, porque isso vai ter grandes efeitos na economia do país”, disse o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno.