Chegado a uma escola numa recôndita aldeia do Huambo, Luvemba (é claro!), o Inspector-Geral da Administração do Estado, João Pinto, explicou o que é a corrupção, enfatizando que essa é uma doença que, infelizmente, foi trazida para o nosso país pelos portugueses.
Por Orlando Castro
Em abono da sua tese, João Pinto pediu que levantassem a mão todos os meninos que soubessem como se diz corrupção em qualquer uma das línguas ou dialectos do nosso país.
Todos os alunos ficaram imóveis e com a mão pousada na carteira. Não sabiam como dizer corrupção nas línguas nacionais.
Todos não. Um deles, que estava sentado no fundo da sala, levantou a mão.
João Pinto, intrigado, perguntou:
– Por que levantaste a mão?
– Por que sei como se diz corrupção em todas as línguas nacionais, respondeu o puto.
João Pinto perguntou de novo:
– Se todos nós não sabemos como se diz, se eu próprio que sou do MPLA não sei, como é que tu sabes?
– Porque sei, respondeu com orgulho o puto.
João Pinto não podia dar crédito a algo assim e exclamou:
– Diz-me então como é que se diz corrupção em ucôkwe, kikongo, kimbundu, umbundu, nganguela e ukwanyama?
Sorridente, o puto orgulhoso dos seus conhecimentos, explicou que, por sinal, nessas línguas como noutras de Angola, corrupção diz-se sempre da mesma maneira.
Já agastado com a petulância do miúdo, João Pinto levantou-se e vociferou:
– De uma vez por todas, diz lá.
– É simples, respondeu o puto. Corrupção em qualquer das línguas de Angola diz-se: MPLA.