CHEFE DO “GU VER NU ANGULANU” É CANDIDATO…

Após o reconhecimento internacional de Lula da Silva pelo seu combate à fome e à pobreza, com a atribuição do Prémio Goalkeepers da Fundação Bill & Melinda Gates, rumores sugerem que o “preze dentes” da Angola do “ao gostinho neto” também poderá ter o seu nome associado a uma distinção similar. Contudo, desta vez o foco não será na erradicação da fome, mas sim na criatividade da sua perpetuação.

Por Mwata Santos

Lula, ao receber o prémio, resumiu a questão da fome mundial de forma incisiva: “A fome no mundo não é falta de dinheiro, é falta de vergonha.” Em Angola, porém, a vergonha parece ser um conceito em fase de extinção, enquanto o dinheiro continua a ser gasto em investidas internacionais que, até agora, pouco ou nada fizeram para mudar a realidade dos milhões de angolanos que enfrentam fome e pobreza extremas.

Ele, o último turista do mundinho, presidente do MPLA, parece estar a consolidar-se como uma figura de destaque na promoção de viagens turísticas internacionais para o “zé ku tivo”, enquanto os angolanos enfrentam uma crise económica sem precedentes. Fontes não confirmadas indicam que as excursões ao exterior e as parcerias internacionais são vistas como parte de um “plano estratégico de combate ao sedentarismo político”, desafiando a permanência excessiva dos governantes em território nacional.

Enquanto Lula promoveu políticas eficazes de distribuição de riqueza e inclusão social, João Lourenço destaca-se pela sua insistência em manter a sua comitiva em movimento, ora em Lisboa, ora Washington, numa tentativa de evitar o confronto directo com os problemas locais. “É importante explorar novos horizontes… e garantir que não sejamos confrontados pela realidade diária do nosso país”, este seria o comentário atribuído ao novo baju do xadrez.

Entretanto, em Luanda, a criatividade do povo tem sido posta à prova. No que poderia ser chamado de “turismo gastronómico de sobrevivência”, muitos cidadãos recorrem ao lixo como fonte de sustento, numa busca interminável por refeições alternativas.

Analistas já questionam se o presidente angolano estaria a desenvolver uma nova modalidade de reconhecimento global: o combate eficaz ao contacto prolongado com a fome, enquanto esta se agrava, e à aproximação dos problemas do país. Ao que parece, os seus esforços na área do “exílio político ocasional” estão a ser observados com curiosidade por Bill Gates.

No entanto, a ironia persiste: enquanto a fome é combatida em vários países com políticas sérias, em Angola, a verdadeira luta parece ser manter a elite política num estado permanente de trânsito – porque, afinal, quem está longe do problema não pode ser responsabilizado por ele.

Os angolanos, por sua vez, aguardam, talvez com esperança, o dia em que o foco das viagens se vire para dentro, onde o verdadeiro prémio seria a dignidade de viver num país que cuida do seu povo, e não apenas dos seus turistas ocasionais. Afinal, “a fome não é falta de dinheiro, é falta de vergonha”.

Precisamos repensar Angola. É urgente!

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