Cem e sem

Desde Outubro de 2020, temos apresentado publicamente a nossa opinião sobre os mais variados assuntos de interesse económico e social. Nesta edição, a nossa centésima, não queremos apenas apresentar uma opinião, mas trazer à reflexão alguns aspectos que reputamos de suma importância.

Por: Agostinho Mateus (*)

Como devem ter notado, o “Cem” no título do texto refere-se à nossa edição número cem. Desde já agradecemos o apoio que temos recebido ao longo destes 3 anos e meio de artigos de opinião do CINVESTEC. Com regularidade, temos acompanhado as políticas macroeconómicas do país em todos os seus aspectos, questionando muitas vezes a viabilidade destas e sugerindo alternativas. Trimestral e anualmente, produzimos um relatório sobre a economia do país, oferecendo uma análise detalhada sobre os diversos elementos que compõem os agregados macroeconómicos, como o produto e o emprego, a inflação, a conta externa e as políticas de Estado: o ambiente de negócios, a política monetária e a política fiscal.

Além disso, temos desenvolvido pesquisa científica e convidado outros académicos a produzirem e enviarem-nos textos científicos para publicação. Em 2021, criámos a Revista Científica Economicus, com periodicidade anual e, em 2022, lançámos a edição nº 0, com seis artigos. Em 2023, lançámos a edição nº 1, com 8 artigos científicos, 1 de opinião e 3 trabalhos de fim de curso escritos por estudantes finalistas. Para este ano, está já em preparação a edição nº 2, que esperamos lançar em Novembro.

Temos realizado também vários debates económicos e académico-científicos, sendo que, nestes últimos, convidamos um autor de um artigo publicado na Revista Científica Economicus para fazer uma apresentação pública do seu trabalho. Mas muito deste trabalho é feito Sem patrocínios e apoios:

(1) muitas empresas ainda não percebem a importância de associar o seu nome ou a sua marca à pesquisa e investigação em Angola. As empresas devem financiar o Estudo e o Saber para conseguirmos resolver muitos dos problemas, melhorar a qualidade das políticas e dos processos, produtos e serviços, e aumentar o desempenho e competitividade tanto interna quanto externamente, através da academia.

(2) Sem apoio das instituições públicas que, deviam tudo fazer para desenvolver o potencial da academia em Angola. Os problemas macroeconómicos e as políticas públicas podem beneficiar muito da análise crítica e das propostas da academia, permitindo melhores condições para o investimento e o desenvolvimento das empresas e da economia e da sociedade em geral.

Nesta edição, queremos dirigir-nos às empresas e às instituições públicas para, em nome de todos os centros de investigação em Angola que se revêem nesse texto, lembrar que a colaboração entre o Estado, as empresas e os centros de investigação académica tem sido benéfica para vários países e pode também beneficiar Angola. Vejamos alguns benefícios apontados por vários académicos:

1. Transferência de Conhecimento: A colaboração facilita a transferência de conhecimento e tecnologia das universidades e centros de pesquisa para as empresas, o que resulta em produtos e serviços inovadores.

2. Adaptação do ensino às necessidades das empresas: como contrapartida, a academia recebe os inputs das empresas no sentido de adaptarem os seus curricula às necessidades da economia.

3. Pesquisa Aplicada: Os centros de investigação podem focar-se em pesquisa aplicada, e resolver muitos dos problemas práticos enfrentados pelas empresas, o que pode levar a avanços tecnológicos significativos.

4. Melhoria de Produtos e Processos: As empresas podem melhorar a qualidade dos seus produtos e a eficiência dos seus processos, tornando-se mais competitivas no mercado global.

5. Adaptação ao Mercado: A investigação académica pode ajudar as empresas a antecipar tendências de mercado e adaptar-se rapidamente às mudanças, mantendo a relevância e competitividade.

6. Formação Especializada: Programas de colaboração podem incluir estágios e programas de formação que preparam estudantes e trabalhadores para as necessidades específicas do mercado de trabalho, sem necessidade de recorrer ao exterior.

7. Capacitação Contínua: A colaboração contínua com centros de investigação permite a actualização constante das competências dos trabalhadores, promovendo um ambiente de aprendizagem ao longo da vida.

8. Criação de Startups: Muitas inovações desenvolvidas em centros de investigação podem resultar na criação de novas empresas, contribuindo para o crescimento económico e a criação de empregos.

9. Atracção de Investimentos: Um ecossistema de inovação forte atrai investimentos nacionais e estrangeiros, e fortalece a economia.

10. Soluções para Problemas Sociais: A investigação académica pode contribuir para encontrar soluções para problemas sociais complexos, como saúde pública, sustentabilidade ambiental e mobilidade urbana.

11. Políticas Públicas Efectivas: O Estado pode utilizar os resultados da investigação para formular políticas públicas mais eficazes e baseadas em evidências.

12. Investimento em Infra-estrutura: Parcerias público-privadas podem resultar em investimentos significativos em infra-estrutura de pesquisa, que beneficiem tanto as instituições académicas quanto as empresas. Nomeadamente no campo das Tecnologias da Informação, as parcerias entre universidades e empresas de tecnologia podem levar ao desenvolvimento de novos softwares e aplicativos que revolucionam sectores como saúde, educação e finanças

Cada Centro de Investigação tem uma ou duas competências específicas, não sendo de esperar que cada um possa cobrir sequer a maior parte dos aspectos enunciados, mas dentro da sua especialidade, cada Centro pode constituir-se num importante factor de desenvolvimento da economia e da sociedade.

O CINVESTEC tem uma competência direccionada para os problemas macroeconómicos e as politicas públicas; outros Centros terão uma componente mais tecnológica, mas todos contribuem para o Estudo e o Saber, condições base para todo o desenvolvimento. A parceria entre o Estado, empresas e centros de investigação académica pode impulsionar a inovação, aumentar a competitividade, fomentar o desenvolvimento de capital humano, promover o crescimento económico, resolver problemas sociais e melhorar a infra-estrutura de pesquisa. Estes benefícios são cruciais para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade económica de Angola.

(*) Cinvestec.com

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