A UNITA “exige” (o MPLA ri-se) às autoridades um inquérito para investigar os “verdadeiros autores” da morte de oito jovens, em Luanda, em circunstâncias ainda por se determinar, considerando que o “hediondo acto” constitui “violação grave” do direito à vida.
A UNITA, maior partido na oposição que o MPLA ainda permite que exista em Angola, refere, em nota hoje divulgada, que as informações veiculadas nas redes sociais e nos média “apontam supostos elementos do SIC (Serviço de Investigação Criminal) como responsáveis materiais do crime público que chocou a comunidade”.
Perante a magnitude do facto, o secretariado executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA “exige às autoridades competentes” para procederem a “um inquérito para determinar os verdadeiros autores do hediondo ato que configura violação grave do direito à vida” consagrado na Constituição.
A UNITA sabe que a Constituição só serve para o que o MPLA quiser, tal como sabe que acima da Constituição está a Lei do MPLA. Mesmo assim, teima em julgar que o reino é uma democracia e um Estado de Direito.
Os jovens foram mortos em 14 de Fevereiro no município de Cacuaco, norte de Luanda, onde se encontravam a conviver numa hospedaria em companhia de outros jovens.
O órgão político da UNITA recordou ainda que Angola aboliu (mais um eufemismo no ADN do MPLA) a pena de morte, “pelo que as execuções extrajudiciais de cidadãos, independentemente de quais sejam as razões, devem interpelar as autoridades políticas do país e a sociedade em geral”.
A UNITA, que endereçou sentidos pêsames às famílias enlutadas, exortou também a sociedade a denunciar a ocorrência de situações que representem violação ao direito à vida e apelou ao Presidente angolano, general João Lourenço, para “garantir a segurança e protecção da vida dos cidadãos”.
O SIC anunciou, na quarta-feira, que está a investigar a morte de oito indivíduos, do município do Cacuaco, província de Luanda, antes dados como desaparecidos pelos familiares.
Numa nota, o SIC referiu que tomou conhecimento, em 15 de Fevereiro, através de familiares do desaparecimento de oito jovens, que se encontravam a conviver numa hospedaria, em companhia de outros jovens.
De acordo com o SIC, face à gravidade da situação, espoletou “um conjunto de acções investigativas, consubstanciadas na abertura de competente processo, bem como a pronta inspecção judiciária ao local indicado pelos familiares como sendo o sítio onde os jovens comemoravam o dia de São Valentim, no momento em que de lá foram retirados”.
Informações preliminares de testemunhas que estiveram no local, informou o SIC na sua nota, dão conta que as vítimas foram levadas por quatro indivíduos ainda não identificados, que já se encontravam no local antes da presença dos oito jovens, “armados com pistolas e sob ameaças de morte, destruindo em seguida, o sistema de videovigilância” da hospedaria.
Na sequência dos factos, dois dias após o desaparecimento, os corpos dos jovens, antes dados como desaparecidos, foram localizados na morgue do Hospital Josina Machel e reconhecidos pelos seus familiares.
“Considerando que os factos aqui reportados revelam elevada complexidade e preocupação de segurança pública, o SIC em coordenação com a PNA [Polícia Nacional de Angola], prosseguem com a realização de diligências, visando a identificação e localização dos autores deste crime para consequente responsabilização criminal”, salientou a nota.
Folha 8 com Lusa