A Galp chegou a acordo com a angolana Somoil para a venda de activos ‘upstream’ em Angola por 830 milhões de dólares (777 milhões de euros), indicou a companhia, num comunicado hoje divulgado. Registe-se que a Galp registou, em 2022, lucros de 881 milhões de euros, quase o dobro do que obteve no ano anterior e que foi o maior lucro da sua história.
A “Galp assinou um acordo com a Somoil – Sociedade Petrolífera Angolana S.A. para a venda dos seus activos ‘upstream’ em Angola”, lê-se na mesma nota, na qual a petrolífera detalhou que o valor da operação deverá rondar os 830 milhões de dólares, incluindo 655 milhões de dólares (613 milhões de euros) até à conclusão e mais 175 milhões de dólares (163,8 milhões de euros) em pagamentos contingentes em 2024 e 2025, dependentes do preço do Brent.
“A transacção está sujeita aos termos e condições usuais, prevendo-se que esteja finalizada durante a segunda metade de 2023”, lê-se na mesma nota.
“Esta transacção permite à Galp cristalizar valor a partir de activos de ‘upstream’ maduros e suporta a classificação elevada do nosso portfólio ‘upstream’ e da nossa estratégia de descarbonização. Estamos confiantes que a Somoil, já presente no Bloco 14, será um forte contribuidor para o desenvolvimento destes activos de longa data da Galp”, disse Filipe Silva, presidente executivo da Galp, citado na mesma nota. A companhia foi assessorada pelo Bank of America Securities nesta operação, referiu.
A Galp registou, em 2022, lucros de 881 milhões de euros, quase o dobro do que obteve no ano anterior, de acordo com um comunicado hoje publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Este valor compara com os 457 milhões de euros que a Galp tinha registado em 2021.
A petrolífera atingiu um EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) no ano passado de 3.849 milhões de euros, o que corresponde a uma subida de 66% em termos homólogos, segundo o comunicado.
O ‘capex’ (investimento) líquido atingiu os 1.266 milhões de euros, tendo sido “sobretudo aplicado em projectos ‘upstream’, nomeadamente nos [projectos de] Bacalhau, Tupi e Iracema, no Brasil, e com a expansão do ‘portfolio’ de renováveis, incluindo a aquisição da posição na Titan Solar”, destaca a informação.
A companhia obteve ainda um ‘cash-flow’ operacional ajustado (OCF) de 2.788 milhões de euros, superior em 50% a 2021.
Quanto ao quarto trimestre do ano passado, a Galp destacou a sua “performance operacional robusta”, com um EBITDA ajustado de 951 milhões de euros, um crescimento de 48% em relação ao período homólogo.
No mesmo período, a Galp obteve resultados ajustados de 273 milhões de euros, que beneficiaram de “resultados financeiros positivos”, relacionados com o Brent e outros factores, incluindo margens de refinação e a evolução do diferencial de preços de gás na Península Ibérica, indicou.
No último trimestre do ano passado, o EBITDA ajustado do ‘upstream’ da Galp foi de 791 milhões de euros, tendo crescido 33%, em termos homólogos, “suportado por uma ‘performance’ operacional melhorada e pelo ambiente favorável nos preços do petróleo”, destacou a Galp.
Por outro lado, nas renováveis e novos negócios, a Galp obteve um EBITDA ajustado de 17 milhões de euros de euros, tendo a capacidade instalada nas renováveis atingido 1,4 GW (gigawatts).
No segmento industrial e ‘midstream’, o EBITDA ajustado foi de 118 milhões de euros, suportado pela contribuição de actividades industriais e beneficiando do contexto melhorado da refinação internacional, apontou a companhia.
Por fim, na área comercial, o EBITDA ajustado foi de 42 milhões de euros.
No total do ano de 2022, a dívida líquida atingiu os 1.555 milhões de euros, tendo diminuído em 802 milhões de euros face ao registado no final de 2021.
O grupo constituiu uma provisão de 60 milhões de euros para a transformação do local da antiga refinaria de Matosinhos, lê-se no comunicado hoje divulgado.
A companhia constituiu também uma provisão de 53 milhões de euros, relacionada com os chamados “windfall taxes”, ou seja impostos por lucros excessivos, em Portugal e Espanha, detalhou.
A Somoil foi fundada em 2000 e passou as duas primeiras décadas a construir uma forte base de activos e um modelo de negócio robusto.
Iniciou as suas actividades em 2003 com a distribuição de combustíveis, actividades de energia solar e consultoria, seguido em 2005 e 2007 com as aquisições de participações em blocos não operados.
A Somoil é operadora do bloco 2/05, das Associações FS-FST e CON-1, sendo detentora de interesses participativos (como não operadora) nos Blocos 3/05, 3/05A, 4/05, 14, 17/06 e CON-6.
A Somoil é uma empresa de capital exclusivamente privado, subscrito inteiramente por angolanos. É actualmente constituída por cinco empresas subsidiárias: Somoil International (Hong Kong) – Comercialização de petróleo bruto;
Somoil Renováveis Produção e comercialização de energias limpas e renováveis, incluindo-se entre elas, as de produção solar, solar térmica, fotovoltaica, biomassa, hídrica ou mini-hídrica, eólica, resíduos;
Somoil Distribuição, comércio e distribuição de derivados de petróleo bruto, gestão da operação de postos de Abastecimento e prestação de serviços gerais;
Somoil Upstream Operados. Gestão das participações petrolíferas nos blocos operados. Detém participação nas empresas responsáveis pela prospecção, pesquisa, produção e comercialização de petróleo bruto e seus derivados nos respectivos blocos operados;
Somoil Upstream Participações. Gestão das participações petrolíferas nos blocos não operados. Detém participação nas empresas responsáveis pela prospecção, pesquisa, produção e comercialização de petróleo bruto e seus derivados nos respectivos blocos não operados.
O principal objectivo da Somoil é promover a excelência e inovação para acompanhar o desenvolvimento da indústria, atingir altos níveis de desempenho e contribuir para o desenvolvimento de Angola.
Segundo Edson dos Santos, Presidente da Comissão Executiva, «A Somoil é uma empresa com uma força de trabalho de aproximadamente 300 pessoas, ou seja colaboradores directos, para além de mais de 500 trabalhadores indirectos, subcontratados que prestam serviços a Somoil.
«Somos operadores em três áreas distintas, duas em Onshore FST e FS. São blocos bastante maduros, no passado operados pela FINA Petróleos de Angola, e somos também operadores do bloco 2/05 isto em Offshore, águas rasas. A produção combinada desses três blocos atinge os 15 000 bopd, para além destes temos também participação em blocos operados por terceiros, o bloco 3/05, o bloco 3/05A, o bloco 4/05 todos operados pela Sonangol Pesquisa e Produção, e somos também parceiros no bloco 17/06 em águas ultra profundas operados pela Total Angola.
«A Somoil também tem uma ainda tímida presença na distribuição. A Somoil opera hoje dois postos de abastecimento de bandeira Sonangol mas claramente com planos de crescimento também no sector.
«Então a Somoil é hoje uma empresa robusta, dos maiores empregadores na província do Zaire, está implementada também em Luanda, onde está o nosso escritório principal e os postos de abastecimentos (PAs) que a Somoil opera.»
Folha 8 com Lusa