NOVA ERA NA PARCERIA ESTRATÉGICA

Segundo a agência de notícias do MPLA, a Angop, “Angola e os Estados Unidos da América (EUA) iniciaram quinta-feira, na cidade de Washington DC, uma nova era na sua parceria estratégica, com garantia de mais financiamento norte-americano em sectores-chave da economia angolana”.

Vejamos, na íntegra, o texto do enviado especial da Angop: «Depois de 30 anos de relações diplomáticas e uma parceria económica ancorada, maioritariamente, no domínio dos petróleos, os dois estados têm agora uma nova base de cooperação bilateral, virada para diferentes domínios.

A agricultura, as telecomunicações, as energias renováveis, a refinação de petróleo, o comércio, a exploração do espaço, a defesa e segurança passam a ser, agora, o novo foco dos investidores americanos e dos respectivos Estados.

Actualmente, Angola é o terceiro maior parceiro comercial dos EUA na África Subsaariana, tendo o petróleo como um dos principais activos dessa parceria estratégica, mas há a sinalização dos dois Governos em dinamizar o comércio.

Para o efeito, um forte investimento está previsto para o Corredor do Lobito (província de Benguela), onde o Governo dos EUA conta aplicar USD 250 milhões, para ajudar a tornar real o projecto de circulação massiva de mercadorias entre Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia.

Nesta nova era da cooperação, o sector das energias renováveis também terá particular atenção dos EUA, que aprovaram USD 900 milhões, no quadro dos projectos desenvolvidos pela companhia americana Sun África, um dos seus maiores investimentos do género em África.

Para o sector de infra-estruturas, foi aprovado, este ano, um pacote de USD 363 milhões para a companhia americana Acro Briz, que vai construir pontes metálicas em 18 províncias de Angola, dando um impulso maior à estratégia do governo de melhorar a circulação de pessoas e bens.

Quanto à área das telecomunicações, existe uma cooperação com a companhia Africell, para a digitalização do dinheiro, no âmbito do programa ‘Dinheiro digital é melhor’, com um investimento de cinco milhões de dólares.

Outro investimento em curso em Angola está virado para a área do ambiente, sendo que os EUA estão a investir, no Delta de Okavango, cerca de USD 7,5 milhões.

Estes e outros projectos estiveram em análise no encontro histórico entre o Presidente angolano, João Lourenço, e o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, que permitiu discutir formas mais eficientes de cooperação.

O Chefe de Estado angolano esteve, pela primeira vez, num “tête-à-tête” com o Presidente norte-americano, na Sala oval da Casa Branca, onde expressou a total abertura de Angola para reforçar a parceria económica com este país ocidental.

Ao assinar o livro de honra da Casa Branca, escreveu que foi uma oportunidade ímpar para abordar com Joe Biden aspectos fundamentais das relações entre ambos os países, “colocando bastante alto as expectativas de que o momento represente um marco assinalável para a dinamização, ampliação e aprofundamento das relações bilaterais”.

“Quero referir que acredito muito francamente que o futuro da cooperação entre Angola e os Estados Unidos da América nos reserva realizações que lhe darão uma dimensão à altura do potencial existente a todos os níveis nas nossas duas nações”, assinalou João Lourenço.

Conforme o Chefe de Estado, essas realizações ajudarão, decerto, a concretizar as aspirações dos respectivos povos a um amplo entendimento em prol do progresso, do bem-estar, da paz e da estabilidade mundial.

No final do encontro, de aproximadamente 40 minutos, o Chefe de Estado angolano disse não ter dúvidas de que a conversa com Joe Biden abriu um novo quadro para os dois países consolidarem a sua cooperação bilateral.

“Correu tudo muito bem. Correu melhor do que esperávamos. O nível das nossas relações está bastante alto. Há uma abertura total por parte da Administração americana e Angola e África vão ganhar com isso”, rematou.

João Lourenço aventou a possibilidade de convidar Joe Biden para uma visita oficial a Angola, o que poderá reforçar, sobremaneira, a parceria estratégica dos dois Estados.

Joe Biden assegura financiamento robusto

Já o seu homólogo, Joe Biden, aproveitou o encontro para felicitar o Presidente angolano pelo seu papel em prol da estabilidade e pacificação da Região dos Grandes Lagos, em particular da República Democrática do Congo (RDC).

No seu breve pronunciamento, antes do começo das conversações oficiais, Biden reafirmou o compromisso do seu país para ajudar a desenvolver Angola e África.

Afirmou que os EUA estão comprometidos com o futuro de todo o continente africano, mas enfatizou que, em África, “nenhum país é mais importante do que Angola”

Joe Biden assegurou a mobilização de mais de USD mil milhões, para a construção de linhas ferroviárias, que se poderão estender de Angola para a RDC e Zâmbia.

Conforme Biden, trata-se de um projecto que visa conectar África do Leste ao Oeste, sublinhando ser o maior investimento dos EUA, nesse segmento, em África.

“Este primeiro projecto do género é o maior investimento ferroviário americano de sempre em África, assinalou, tendo acrescentado que é um investimento para “criar empregos e conectar mercados para as futuras gerações”.

O Presidente dos EUA anunciou, igualmente, um pacote financeiro de USD mil milhões para Angola, para projectos ligados à produção de energias limpas até 2025.

De igual modo, Joe Biden anunciou um investimento para Angola de infra-estruturas agrícolas, que vão tornar o país num exportador de excelência, a partir de 2027.

O Presidente americano referiu também que os Estados Unidos estão a investir mil milhões de dólares em África “para uma série de itens”, incluindo projectos de energia solar e de desenvolvimento agrícola em Angola.

Momento histórico

Por sua vez, o embaixador dos EUA em Angola, Tulinabo Mushingi, afirmou à imprensa, no final do encontro, que se trata de um momento histórico, que vai impulsionar as relações diplomáticas e comerciais dos dois Estados.

Assinalou o facto de João Lourenço ter sido recebido pela primeira vez na Casa Branca, desde a sua ascensão ao poder em 2017, e sublinhou que foi o terceiro líder africano a ter essa proeza desde a eleição de Joe Biden.

“Estamos muito felizes por ver que o Presidente Biden convidou o Presidente João Lourenço. Outros líderes que já visitaram (a Casa Branca) são o da África do Sul e do Quénia. O Presidente Biden está muito feliz com o nível das conversações mantidas”, expressou.

Conforme o diplomata, os dois estadistas falaram sobre vários temas, como a prosperidade, o investimento privado e a questão da segurança, discutindo sobre vantagens mútuas com a implementação dos diferentes investimentos.

Com essas novas parcerias, Angola poderá acelerar o seu crescimento económico e desenvolvimento, beneficiando-se, sobretudo, da tecnologia dos EUA para abertura de mais empresas e a criação de milhares de postos de trabalho.»

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