O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet) angolano disse hoje que o país está a monitorizar a actividade sísmica desde Junho, tendo registado apenas nas últimas semanas ocorrências de intensidade baixa ou moderada.
Também “detectámos esse sismo de Marrocos minutos depois”, disse o coordenador da área de geofísica do Inamet, Francisco Cahanga, explicando que a instituição tem actualmente uma rede equipada com aparelhos de última geração, que facilmente detectam ocorrência sísmica a nível nacional ou internacional.
“Neste momento, a rede está modernizada, com equipamentos de última geração, e é isto que está a acontecer, qualquer sismo que ocorrer a nível nacional, de baixa ou alta intensidade são detectados, e a nível mundial também”, assegurou.
Angola registou, nas duas últimas semanas, ocorrências sísmicas nas províncias do Bié, Huambo e Cuando-Cubango, detectadas por equipamentos de ponta, em funcionamento há cerca de três meses.
Angola não tem histórico de ocorrência de sismos de grande escala, apesar de ter províncias propensas a pequenas ocorrências.
“É só olharmos para o Cuanza Sul e Benguela, com aquelas cadeias montanhosas, para perceber que no passado, naquelas zonas montanhosas, houve sismo”, frisou. Sobre a possibilidade de sismos de maior intensidade, o responsável referiu que “os fenómenos são dinâmicos”.
“Posso dizer algo hoje e amanhã acontece, mas o nosso historial não mostra ocorrência de sismos de grande magnitude, tivemos um 5,2 recentemente no Bié e Huambo, no ano passado tivemos um de 6 no Cuanza Sul, portanto não posso dizer que sim ou não, os fenómenos são dinâmicos”, disse.
Em Janeiro de 2018, o Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação de Angola previa investir mais de nove milhões de euros na modernização do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet), processo apoiado por França.
De acordo com a proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, aquele ministério previa avançar este ano com a primeira fase do projecto de modernização, que deveria prolongar-se até 2022.
Na primeira fase, segundo a proposta orçamental, seriam investidos 2.100 milhões de kwanzas (9,3 milhões de euros).
Em 2017 estava prevista a recepção pelo Inamet de equipamentos e software fornecidos pelo instituto público Météo Française Internationale (MFI), no âmbito do projecto de modernização.
Esse processo envolveu a assinatura de um contrato de fornecimento entre a MFI e o Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação angolano, subdelegado no director-geral do Inamet, Domingos José do Nascimento, conforme despacho governamental de 2017.
Assinado pelo ministro das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, o documento referia que o contrato com a MFI envolvia ainda obras de construção civil e a prestação de outros serviços no âmbito do contrato para a modernização do Inamet.
A concretização deste contrato resultou de um acordo assinado em Luanda, a 3 de Julho de 2015, durante a visita do então Presidente francês a Luanda, prevendo uma parceria do Inamet com o instituto público Météo Française Internationale e a empresa angolana LTP Energia.
Aquele instituto público angolano chegou a apresentar um Plano de Desenvolvimento Estratégico para o período 2011-2017, avaliado em mais de 116 milhões de dólares (95 milhões de euros), cuja concretização foi dificultada pela crise afectou Angola a partir de finais de 2014.
Previa então o reforço da capacidade operacional do Inamet, como a reposição e funcionamento adequado de 28 estações convencionais, espalhadas por todas as províncias, a instalação de 572 novas Estações Meteorológicas Automáticas (EMAS) para fins sinópticos (previsão de tempo), climáticos, agrometeorológico e hidrológico.
O plano envolvia ainda a instalação de estações de medição da radiação Ultra Violeta (UV), descargas eléctricas atmosféricas e qualidade do ar, e a construção de três centros regionais de previsão do tempo para as áreas norte, centro e sul do país.
A SISMICIDADE EM ANGOLA
As principais formações geológicas podem basicamente ser distribuídas em duas zonas: 1. Zona Litoral (nesta zona predominam formações marinhas, litorais e lagunares, formada a partir do Nesozoico); 2. Zona interior (formada por terrenos antigos e apresenta grandes intrusões de rochas eruptivas. Esta zona está coberta na sua maior parte por depósitos continentais de origem recente.
No período 1943-1965 foram sentidos e registados 129 sismos, todos de intensidade fraca, sendo sentidos 26 sismos na primeira zona e 69 sismos na segunda.
Nessa altura havia apenas duas estações sismográficas instaladas, a de Luanda e a de Sá da Bandeira (Lubango), não permitindo determinar com precisão o epicentro doas ocorrências de sismos, tendo sido prevista então a instalação de uma nova estação em Oncócua (Cunene).
Recorde-se que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola, representado pelo Especialista de Programas Janeiro Avelino Janeiro, participou na Cerimónia de Encerramento do Curso de Técnicos de Meteorologia de Classe III, no Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet). 45 pessoas vindas de todas as províncias do país receberam a formação e estão capacitadas para apoiar a previsão e gestão de fenómenos meteorológicos extremos em todas as províncias.
“Não é demais recordar a importância que a meteorologia tem e a sua contribuição no contexto socioeconómico do país” considerando a sua utilidade na “defesa do meio ambiente, no sector da agricultura, das pescas, da indústria extractiva, da protecção civil e na vida comum de todos os cidadãos”, disse o então Secretário de Estado para as Telecomunicações, Mário Oliveira.
A formação enquadrou-se e foi financiada pelos projectos “Promoção do Desenvolvimento de Resiliência ao Clima e Reforço da Capacidade de Adaptação para Suportar Riscos na Bacia Hidrográfica do Rio Cuvelai”, conhecido por Projecto Cuvelai, e “Abordar as Necessidades Urgentes de Adaptação nas Áreas Costeiras e Reforço das Capacidades em Angola”, conhecido como Projecto Orla Costeira, ambos executados pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA) por meio da Direcção Nacional de Ambiente e Acção Climática (DNAAC).
O curso foi organizado e coordenado pelo Inamet e financiado pelo Fundo Global para o Ambiente e Fundo de Países Menos Desenvolvidos (GEF/LDCF), contando com a apoio do MCTA/DNAAC, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UN Ambiente).
Com mais técnicos formados em meteorologia, irá melhorar o monitoramento das estações meteorológicas distribuídas por todo o país, assim como do clima e fenómenos meteorológicos extremos, como chuvas fortes, que provocam cheias, ou longos períodos sem chuvas, que provocam secas, poderão ser estudados com mais precisão. O país poderá ainda recolher dados que serão muito úteis para a redução da vulnerabilidade das populações face às alterações climáticas. Além disso, as informações produzidas irão apoiar sectores como a agricultura, a aviação civil, turismo e até a economia.
A componente teórica do curso, realizada em Luanda, teve a duração de 1.180 horas repartidas entre sete meses de aulas teóricas e um mês de aulas práticas. Os formandos vieram de todas as províncias e tiveram como professores especialistas nacionais e internacionais. Alguns dos formandos fazem parte das equipas de apoio à gestão dos sistemas de alerta rápido que serão instalados no Cunene e Benguela, com a ajuda dos dois projectos.
“Esta formação surge no âmbito do programa de modernização do sistema meteorológico angolano, nomeadamente, a modernização do Inamet”, acrescentou Mário Oliveira.
Entre os 45 formandos, dos quais 11% foram mulheres e 82% jovens de menos de 35 anos, estão dois técnicos do Serviço da Protecção Civil e Bombeiros de Cunene, dois técnicos do Serviço da Protecção Civil e Bombeiros de Benguela, um técnico do Departamento Nacional de Segurança Alimentar, um técnico do Governo Provincial de Cunene, um técnico do Governo Provincial de Malanje, sete Técnicos do Inamet (4 da província de Luanda, 1 de Zaire, 1 Cabinda e 1 Cuanza Norte) e 31 pessoas que poderão fazer parte dos quadros técnicos do Inamet no futuro.
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