Os fiéis da Igreja Católica na província de Luanda consideram a Declaração da Santa Sé que aprova a bênção de casais irregulares e casais do mesmo sexo como prova de que o Papa Francisco não caminha segundo a verdade do Evangelho.
Por Geraldo José Letras
A Declaração Fiducia Supplicans, publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé aprovada pelo Papa Francisco no dia 18 de Dezembro deste ano, que permite abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo está a dividir fiéis da Igreja Católica em todo o mundo. Em Angola e São Tomé e Príncipe, os bispos da CEAST determinam a proibição das bênçãos a casais homossexuais.
“A respeito das bênçãos informais a ‘casais irregulares’ (homossexuais), embora sejam um sacramental diverso da bênção litúrgica, consideramos que, no nosso contexto cultural e eclesial, criariam um enorme escândalo e confusão entre os fiéis, pelo que determinamos que não sejam realizadas em Angola e São Tomé. Achamos que a resposta dada pela Congregação para a Doutrina da Fé, no dia 22 de Fevereiro de 2021, sobre o tema, ser a nossa prudente opção. Pois, ela orienta a acompanhar com caridade pastoral os fiéis que vivem nestas complexas situações e lembra que a Igreja ‘não abençoa nem pode abençoar o pecado'”, lê-se no documento da CEAST de 22 de Dezembro do ano em curso a que o Folha 8 teve acesso.
Na capital do país, Luanda, o Folha 8 ouviu o posicionamento dos fiéis católicos em volta da Declaração da Santa Sé aprovada pelo Papa Francisco muito criticado por implementar reformas na igreja que ferem a doutrina eclesiástica. Pelo que saem em defesa dos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.
“Sou fiel católico desde a nascença, e não concordo com essa medida do papa, ainda que seja só para abençoar”, disse Mãe Nova da paróquia Dom Jaca, Cacuaco.
Para o fiel Augusto Maravilhoso, no município do Cazenga, “o Papa Francisco tem que perceber que são os pecadores que devem se adequar a doutrina da igreja se desejarem buscar o perdão, e nunca ser a igreja se adequar a vontade dos pecadores. Se não perde o rumo”.
Apesar do documento avisar que as bênçãos aos casais de homossexuais e lésbicas serem realizadas sem significar “a confirmação oficial do seu status nem a alteração de qualquer forma o ensinamento perene da igreja sobre o casamento”, os fiéis em Angola, a semelhança dos bispos da CEAST não concordam com a vontade o Papa Francisco.
“Tal bênção contradiz directa e seriamente a Revelação Divina e a doutrina e prática ininterrupta e bi-milenar da Igreja Católica. Abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo é um grave abuso do Santíssimo Nome de Deus, uma vez que este nome é invocado sobre uma união objectivamente pecaminosa de adultério ou de actividade homossexual”, explicou o fiel catequista, Bráulio de Oliveira, no município de Talatona.
A viver em Angola há mais de 15 anos, a cidadã de nacionalidade portuguesa, Maria Vilma, confirma que a resistência da CEAST é geral em África e na Europa.
“Ao permitir a bênção de casais em situação irregular e de casais do mesmo sexo, o Papa Francisco está a provar que não caminha rectamente segundo a verdade do Evangelho de Galatas 2:14”, disse ao recorrer às palavras do Apóstolo São Paulo quando advertiu publicamente o primeiro Papa em Antioquia.
“Eu, em particular, peço ao Papa que revogue a permissão de abençoar casais em situação irregular e do mesmo sexo para que a Igreja Católica possa brilhar claramente como pilar e fundamento da verdade para todos aqueles que procuram sinceramente o perdão de Deus”, aconselhou Maria Vilma.
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