O coordenador do Conselho Económico e Social (CES) de Angola, José Octávio Van-Dúnem, disse hoje que o órgão vai reflectir sobre o tema da desvalorização do kwanza para dar contribuições “o mais urgente possível”.
José Octávio Van-Dúnem referiu que, na segunda plenária do conselho, apesar de não estar agendado este tema “acabou por aparecer presente nas várias apresentações”.
“E ficou recomendado que os grupos, nomeadamente da área económica e empresarial, reflectissem para dar contribuições o mais urgente possível sobre ele”, sublinhou o responsável.
Nunes Borges, membro do CES da área empresarial, mais concretamente da indústria, considerou que “dentro de poucas semanas haverá quase uma estabilização cambial, na verdade, talvez, uma acalmia no mercado cambial”.
O conselheiro sublinhou que um dos factores para a desvalorização do kwanza é a falta de produção interna, ainda “muito limitada”.
“E por termos esses riscos da dependência de um produto que é o petróleo, sempre que os preços oscilam no mercado internacional nós temos em cadeia, imediatamente, uma reacção negativa no ponto de vista económico e financeiro”, observou Nunes Borges, lembrando que a fase actual “é muito difícil para os produtores”.
Em Janeiro passado, o Presidente da República, do MPLA e Titular do Poder Executivo defendeu o aumento da produção interna de bens e serviços e, consequentemente, a redução das importações.
Ao discursar na cerimónia de posse dos membros do instrumento decorativo do MPLA que dá pelo nome Conselho Económico e Social (CES), João Lourenço referiu que para o cumprimento destes objectivos é necessário contar com o sector privado. Quem tem um presidente capaz de fazer tais descobertas não precisa de outro líder. Cada vez mais ele não é o representante de “deus” em Angola. É o próprio “deus”.
“É o sector privado que tem que produzir, embora o Estado não possa exonerar-se das suas responsabilidades”, afirmou o Presidente, que orientou os membros do CES a ajudarem (pelo elogio e não pela crítica) o Executivo a encontrar melhores soluções para o cumprimento desta missão, bastando para isso seguir o programa que o MPLA tem implantado nos últimos 48 anos.
O CES é, supostamente e apenas de forma decorativa, um órgão autónomo de reflexão de questões de especialidade macroeconómica empresarial e social à disposição do Presidente da República (como se ele precisasse disso), para efeitos de consulta de matérias do interesse do Executivo e, é claro, quando quiser vender a ideia de que Angola é aquilo que não é – uma democracia e um Estado de Direito.
O general João Lourenço defendeu ainda um “casamento prefeito”, segundo escreveu a Angop (se calhar queria dizer “perfeito”), entre o Executivo e o sector privado, para que cada um cumpra com a parte que lhe compete.
“Só assim, conseguiremos aumentar a produção interna de bens e serviços e aumentar o nível das exportações do país, de forma mais diversificada”, sustentou.
Para o Titular do Poder Executivo, o país não pode limitar-se a exportar matérias em bruto, como o petróleo e os diamantes, mas diversificar a qualidade dos produtos exportados. Hum! Mas exportar o quê? O que mais o MPLA diversificou foi a pobreza, a miséria, a fome, as desigualdades sociais e os exemplos de que os seus dirigentes têm o cérebro ligado aos intestinos. Será que isso tem cotação nos mercados externos?
O general João Lourenço lembrou que o Executivo aprovou alguns programas, com realce para o do aumento da produção de grãos, de fomento da pecuária e a transformação da carne para consumo, o que vai reduzir a importação destes bens. Claro. Claro. Ainda não foi desta que criou o PPCRB (Programa de Plantação das Couves com a Raiz para Baixo), mas com a ajuda deste CES (como de outros) lá chegará nos próximos 52 anos.
Neste sentido, defendeu um maior investimento na construção de mais matadouros no país, para garantir que a carne chegue à mesa dos consumidores em perfeitas condições de consumo. Digam lá que não é de mestre? Só mesmo um génio poderia chegar a esta conclusão. Todos os angolanos (os do MPLA, é claro) devem estar em delírio e a gritar, de joelhos, “que o nosso rei nunca nos abandone”!
O Chefe de Estado solicitou igualmente aos membros do CES para ajudarem o Executivo (como se isso fosse preciso) a pensar nas melhores soluções para colocar a indústria da madeira ao serviço do país, não só com vista a proteger melhor as florestas, como também criar mais emprego.
“A indústria de móveis deve ser desenvolvida. Actualmente, tirando a produção de carteiras escolares, pouco mais se faz”, observou. E que tal recordar o que, também nesta matéria, os portugueses faziam antes de o MPLA comprar o país ao preço da uva mijona?
No capítulo social, o Presidente continuou a mostrar toda a sua intelectualidade e falou da necessidade de melhores soluções para se expandir a educação, o ensino, a saúde, o desporto e a cultura a todos os cantos do país, com a construção de mais infra-estruturas.
Integram o CES 54 membros, entre especialistas reconhecidos nas áreas das ciências económicas e sociais, empresários e gestores com experiência notável a nível nacional e internacional.
O CES permite que o Titular do Poder Executivo possa receber contribuições da comunidade científica, académica, empresarial, das cooperativas e associações que se ocupam do desenvolvimento socioeconómico do país.