O embaixador de Portugal em Luanda, Francisco Alegre Duarte, defendeu hoje o reforço dos laços entre a Marinha portuguesa e angolana, sublinhando que a cooperação no domínio da Defesa é um dos eixos estruturantes da relação entre os dois países.
Francisco Alegre Duarte falava após uma visita ao navio-patrulha oceânico “Viana do Castelo”, no porto de Luanda, que será visitado em no próximo dia 7 pelo almirante Gouveia e Melo, descrevendo-o como “um belo exemplo da excelência da engenharia naval portuguesa”.
“A cooperação no domínio da Defesa é um dos eixos estruturantes da nossa relação bilateral e, nesse contexto, o reforço dos laços entre Marinha portuguesa e Marinha angolana é uma das áreas mais promissoras na qual devemos apostar”, afirmou o diplomata.
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O embaixador destacou que as actividades a realizar durante o período em que o navio se encontra em águas territoriais angolanas visam contribuir para o reforço destes laços, dando a conhecer as capacidades e valências de um dos navios mais recentes da Marinha Portuguesa.
A culminar esta estadia, o NRP “Viana do Castelo” vai receber, no sábado, o almirante e chefe de Estado-Maior da Armada Portuguesa, Gouveia e Melo, e uma demonstração das capacidades dos ‘drones’ da Marinha Portuguesa, anunciou.
“Creio que estes contactos e estas trocas de experiências entre as duas Marinhas podem ser muito úteis para reforçar as capacidades da Marinha angolana, de modo a robustecer o seu papel regional, nomeadamente numa área crítica como o golfo da Guiné”, vincou Francisco Alegre Duarte.
O diplomata destacou as acções de cooperação com a Marinha de Guerra angolana entre as quais operações de mergulho, treinos cruzados entre fuzileiros portugueses a angolanos, palestras e exercícios de combate a incêndios.
A Marinha Portuguesa desenvolve anualmente a “Iniciativa Mar Aberto”, empregando na costa ocidental africana e na região do golfo da Guiné meios navais em acções de cooperação no domínio da Defesa.
Neste âmbito, o NRP “Viana do Castelo” atracou em 27 de Abril de 2022 no porto do Lobito, marcando o início de um conjunto de actividades, inseridas nesta iniciativa, e tendo atracado hoje no porto comercial de Luanda.
A guarnição do navio conta com mais de 4.000 milhas percorridas e durante o período de navegação foi possível garantir o treino da equipa do pelotão de abordagem dos fuzileiros, bem como a realização de operações de voo com o veículo aéreo não tripulado “Spyro”, do destacamento de ‘drones’ da Esquadrilha de Helicópteros da Marinha Portuguesa.
Recorde-se que, em 8 de Outubro de 2015, o director da Autoridade Marítima de Portugal disse em Luanda que a cooperação entre as marinhas de guerra portuguesa e angolana tem contribuído para o progressivo cumprimento de missões por Angola.
O também comandante-geral da Polícia Marítima de Portugal, vice-almirante António Silva Ribeiro, falava à margem da Conferência Internacional sobre Segurança Marítima e Energética, que naquele dia arrancou em Luanda.
António Silva Ribeiro, que na conferência foi orador do tema sobre “Respostas à Insegurança Marítima: Enquadramento Jurídico e Coordenação Inter-regional”, sublinhou a solidez da cooperação entre as marinhas de guerra de Portugal e de Angola, assente fundamentalmente na formação de quadros.
Segundo António Silva Ribeiro, há vários anos que quadros angolanos têm sido formados através da cooperação portuguesa, quer em Angola quer em Portugal, potenciando assim os recursos humanos angolanos.
O director da Autoridade Marítima de Portugal frisou ainda a importância para Portugal da cooperação “entre dois países irmãos”, que “se fortalecem mutuamente nas suas capacidades, para que as suas forças armadas cumpram a missão essencial de garantir a segurança nos espaços marítimos”.
Sobre a segurança marítima na região do Golfo da Guiné, afectado nos últimos tempos pelo fenómeno da pirataria e a preocupação central desta cimeira de Luanda, António Silva Ribeiro disse que Portugal, no quadro das organizações de carácter bilateral e multilateral, tem estado empenhado em contribuir para a segurança daquela área.
“É frequente a visita de navios de guerra portugueses e de patrulhas, que colaboram nos esforços multinacionais de segurança na região”, disse o responsável, realçando a importância do esforço bilateral com Angola nesse domínio.
“A nossa cooperação é muito intensa e temos tido resultados excelentes que, espero, contribuam para que a marinha de Angola progressivamente vá fortalecendo as suas capacidades e cumprindo as suas missões bem como tem sido hábito”, destacou.
Na palestra, o oficial da marinha de guerra portuguesa abordou numa perspectiva multidisciplinar problemas que afectam a segurança no mar, nomeadamente temas de cariz diplomático, resultante dos processos de extensão da plataforma continental, problemas de natureza ambiental resultantes da sobre-exploração dos mares, da poluição e dos processos industriais.
Refira-se igualmente que as marinhas da Alemanha e de Angola realizam em Fevereiro de 2015, ao largo de Luanda, um exercício naval conjunto que marcou o alargamento das relações entre os dois países à cooperação militar.
O exercício decorreu da presença em Angola de quatro navios da Marinha alemã, nomeadamente três fragatas de guerra, no âmbito da Força Operacional e de Formação 2015 daquele país europeu, que se prolongou até Junho, visando o combate à pirataria.
De acordo com o anúncio feito na altura a bordo da fragata ‘Hessen’ – que estava atracada no porto de Luanda -, pelo capitão-de-mar-e-guerra Andreas Seidl, que liderava esta força, o exercício constou de uma abordagem das forças navais angolanas a um dos navios da frota da Alemanha, e teve lugar a duas milhas da costa.
“A visita desta força da Alemanha pode ser vista como o primeiro passo visível na intensificação da cooperação militar entre as nossas duas nações”, sublinhou Andreas Seidl.
O oficial esclareceu que a cooperação entre as marinhas de ambos os países está para já centrada na formação de operacionais angolanos, mas que é intenção das duas partes alargar a base desse entendimento à cooperação na área técnica.
A inclusão de Angola na rota dos navios alemãs segue-se à visita, em Novembro de 2014, do ministro da Defesa angolano, João Lourenço, à Alemanha, ocasião em que foi assinado um acordo de cooperação de Defesa entre os dois países.
Na apresentação dos meios navais em Luanda, o embaixador alemão em Angola, Rainer Müller, assumiu “o orgulho” da Alemanha em ter Angola “agora também como parceiro na área da Defesa”.
“Angola é um parceiro muito poderoso e influente em África e que tem uma bela história para contar”, afirmou Rainer Müller.
Em cima da mesa, entre outros aspectos, esteve o envio de conselheiros técnicos das Forças Armadas alemãs para assistir as forças angolanas.
“Cabe aos ministérios da Defesa dos dois países decidir, mas a Alemanha está disposta a fazer muita coisa”, enfatizou o embaixador da Alemanha em Luanda.
A força alemã que se encontrava em Angola era composta pelas fragatas ‘Hessen’, ‘Karlsruhe”‘ e ‘Brandenburg’, além do navio de apoio logístico ‘Berlin”, o maior da Marinha da Alemanha, com mais de 170 metros de comprimento.
A missão operativa, com incursão pelo mar do norte, oceano Atlântico, Golfo da Guiné, Cabo Esperança, oceano Índico e do Canal de Suez para o mar Mediterrâneo, tinha como objectivo a formação do núcleo de participação alemã nos grupos de intervenção internacionais, no âmbito de tarefas marítimas.
Contudo, o comandante desta força descartou acções de envolvimento directo pela Marinha alemã no combate à pirataria, sendo a prioridade a capacitação das marinhas dos países afectados.
Além de Luanda, esta operação naval incluiu manobras no Golfo da Guiné, exercícios com a marinha sul-africana, bem como intervenção da força no âmbito da operação liderada pela União Europeia, ATALANTA, para combate à pirataria no Corno de África.
Folha 8 com Lusa