A linguagem é pobre. Violenta! Do pedestal da mais alta magistratura do país não se vê a higiene intelectual, nem a purificação da transparência de um ar, cada vez mais putrefacto, nas nuvens da suspeição de uma grandiosa e antecipada fraude, assente “na lógica da batata, sob a lei da batota”.
Por William Tonet
Angola, infelizmente, para desgraça da maioria dos povos, quando um candidato conta com a cumplicidade abjecta e criminosa, para subverter o resultado eleitoral, estamos diante de um verdadeiro crime eleitoral.
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, segundo denúncia pública e corajosa de João Lourenço, no 26 de Junho de 2022, numa entrevista à RTP-África, em Lisboa, ele o terá dito, “para não andar tanto, por já ter a vitória confirmada, em Agosto”!
Este é um conselho a todos os títulos criminoso e atentatório a soberania mental dos autóctones angolanos.
A ser verdadeiro, o chefe de Estado português, exímio constitucionalista destapa o véu da premeditação e “dolo eleitoral”, contra a maioria dos eleitores autóctones desejosos de uma alternância ou processo eleitoral transparente, longe das batotas criminosas.
Marcelo quer colocar-se nas vestes de criminoso, porquê?
A BOÇALIDADE VERBAL O TRUNGUNGU PELO PODER ESPEZINHAM A DEMOCRACIA
Um criminoso eleitoral é mais perigoso que um criminoso comum, porque o primeiro “assassina” de forma consciente e premeditada o sonho de milhões, a educação, a saúde e o futuro de muitos povos, de Angola.
Qual a motivação do Presidente português influenciar, negativamente, os resultados do pleito eleitoral de Angola? É a mesma lógica de Salazar e Caetano, implantada por Rosa Coutinho, de o poder, não importa os danos causados ao país e aos cidadãos, dever ficar “ad eternum” na mão de certos dirigentes complexados e assimilados do MPLA, “que sabem comer com garfo e faca, como nós, os brancos” e comprometidos com a manutenção do neocolonialismo?
Verdade ou mentira, Marcelo Rebelo de Sousa mostra ser “accionista do mal” contra a democracia plena, a transparência dos órgãos eleitorais e a vontade de mudança da maioria dos angolanos.
O Presidente português defende uma democracia para os pretos, onde os negros no poder, espezinham os demais, entregando as riquezas e soberania aos eternos colonialistas, agora, nas vestes de investidores estrangeiros.
Marcelo não tem todos os poderes, em Portugal, mas os órgãos do poder do Estado funcionam no quadro da separação e independência. O órgão eleitoral é independente e fora do controlo de qualquer partido político. Então porque advogar o inverso para Angola?
Isso é criminoso! Terrorismo internacional!
Vejamos.
Um só homem, um só autor, controla, manipula e sabe, antecipadamente, do resultado de 24 de Agosto de 2022, independentemente da vontade do eleitor e da imprevisibilidade do jogo democrático.
Conta inclusive com os votos dos mortos, que estão nos cadernos eleitorais, mais de dois milhões: 2.000.000, que não conjugarão o verbo esvaziar, mas o “encher batoteiro”.
Infelizmente, a elite política portuguesa, com excepção do Bloco de Esquerda, é transversal na defesa da ditadura e na consolidação de uma política escravocrata contra os seus povos. Eles são os anjos do mal, que nem as passeatas de Marcelo pelas ruas e praias de Angola, escondem o subconsciente perverso.
ELEIÇÕES SERÃO NEBULOSAS
Angola vive, com o aproximar do pleito eleitoral, momentos nebulosos, principalmente, quando o Presidente da República se dirige ao país ou fala à comunicação social estrangeira. Marimbondos; Burros; Espertos; Caranguejos e na esquina, Galo Negro, Galo Branco, Cabidela, etc., etc., etc. e tal…
A linguagem é, na maioria das ocasiões, rasca, letal, sem higiene intelectual, nos trilhos da ditadura de quem, reunindo ao seu redor uma subserviente máquina de guerra (Forças Armadas, Polícia Nacional, Segurança de Estado), todos os poderes dos órgãos de soberania, realçando o da justiça, verdadeiramente, instrumentalizado, subjugado, não sentindo, por esta razão, necessidade de alavancar humildade e espírito pacificador.
Com o martelo da truculência, o Presidente da República tem semeado a raiva e o ódio, na sociedade, abrindo gigantescas ravinas, causadoras das taxas de desemprego, inflação, pobreza e miséria, nunca antes vividas, em tão pouco tempo.
Por outro lado, longe de cimentar o pretendido carisma de líder pragmático, carimbou, nos cinco anos de mandato, a imagem de chefe, inconsequente e contraditório sem uma verdadeira noção da função presidencial, cuja magistratura exige o cometimento e a elasticidade mental para congregar os diferentes ideológicos e os contrários partidários, em nome da unidade do Estado.
O estilo de governação de João Lourenço assente na infantilização dos órgãos do executivo e partidário, demonstra um temor à meritocracia, à competência e à confrontação verbal.
A vice-presidente, Luísa Damião, o secretário geral do MPLA, Paulo Pombolo (com um passado tenebroso de roubalheira, corrupção e incompetência, na JMPLA e governo do Uíge), são expoentes da incompetência.
“Colocar miúdos e mulheres no governo e nas estruturas centrais do partido, não é renovação, mas comités de chinguilamento femininos e subserviência total, mesmo quando o chefe actue mal”, acusa Manuel João, dirigente do MPLA, para quem João Lourenço tem uma visão míope de não aceitar, ser o primeiro interpares, posicionando-se como órgão autoritário, “que ameaça, prende, confisca, arresta património dos adversários, não descartando o assassínio daqueles que ousem, contrariar-lhe, em público.
Assim, o país conhece uma regressão nunca antes vista, nem mesmo no período da guerra fratricida, com cidadãos a alimentarem-se diariamente, nos contentores de lixo e a divisão do MPLA.
“A nível intelectual e de competência técnica, nunca o MPLA teve um líder tão básico, tão bruto, arrogante e despreparado”, denuncia Manuel João, que antevê um final pior do que ele reservou a José Eduardo dos Santos, “que lhe deu tudo de bandeja e ele assassina e persegue os filhos, camaradas de partido, numa inveja e boçalidade sem precedentes. Ele quando sair do poder, bem como os seus amigos, nem um minuto poderão ficar em Angola, tal é a vontade de ajuste de contas, que muitos querem fazer”. O combate à corrupção é uma falácia e a política económica “é criminosa, pois está a destruir as empresas nacionais, para as vender ao desbarato aos estrangeiros, que já dominam o comércio e a indústria”.
Hoje está a construir outros monopólios, “outros grupos, como a Carrinho, que deve ser da família presidencial, Mosquito, Omatapalo, através do nepotismo, peculato e corrupção, descaradamente, pois este modelo, promove a escravidão e a miséria geral”.
A justiça não é garante do desvario por estar a lambuzar-se na gamela da corrupção, dividindo com os delinquentes, o produto do roubo, delapidado dos cofres do erário público. Uma vergonha. Um crime dos senhores da toga preta, que se lambuzam com mordomias e jaguares, sem autoridade moral e jurídica ante a este comportamento dantesco e cúmplice nos sucessivos golpes de Estado Constitucional, a favor do Titular do Poder Executivo.
“Com toda esta conivência a podridão paira não só na justiça, como também, nas forças armadas, na polícia e na segurança de Estado, que não se assumem como órgãos de defesa da soberania, mas na de um ditador”.
O SONHO DOS ANGOLANOS ESTÁ COMPROMETIDO ENTRE A SOLENIDADE DO VOTO E A NAVALHA DITATORIAL
É neste ambiente nebuloso que decorrerão as eleições e não se espera outro desfecho que não seja a batota, tal facto se visualiza em todas as frentes da organização eleitoral e da comunicação social, que defendem ostensivamente, um candidato e um partido, ostracizando o principal partido e líder da oposição.
É preciso despoluir os oceanos mentais dos políticos de todos os “continentes” se quisermos ver o país ser salvo pela acutilância da liberdade, da crítica e da democracia.
Libertemo-nos, com sapiência e resiliência, dos fantasmas que rondam Angola e os angolanos, desejosos em arrastar todos para o precipício lamacento.
Hoje não existem lados, caminhos, mas o lado, o caminho, que os cidadãos terão de optar, em nome da grande revolução social pacífica, capaz de libertar a maioria do caminho das trevas.
É hora de decidir, nas urnas, com o voto ou nas ruas com a indignação, para que o maior rico, o rico mais generoso, que é o Estado, seja capaz de ajudar os pobres.
É um genocídio, imprescritível e insusceptível de amnistia deixar, conscientemente, a maioria dos cidadãos pobres, de um país, como Angola, sem a protecção e generosidade do amigo rico (Estado).
O quadro precisa de ser, urgentemente, invertido para que o país não seja todo vendido, incluída a nossa independência imaterial, porque a independência material a muito foi vendida!