O novo comandante-geral da Polícia Nacional (do MPLA), Arnaldo Manuel Carlos, aponta a elevação do sentimento de segurança das populações como uma das prioridades. Mal seria se apontasse algo diferente. O problema não está no diagnóstico, está – há 46 anos – na medicação. Quando chove dentro de casa, o problema não é a chuva…
Ao falar à Imprensa (sem perguntas previamente enviadas) depois de ser empossado nas funções, pelo Presidente da República, João Lourenço, Arnaldo Carlos disse que a concretização desse desiderato vai passar por fazer, primeiro, uma breve avaliação, para determinar as preocupações, situações e oportunidades que favoreçam o combate ao crime.
“A nossa missão será combater o crime, no sentido de elevar a segurança das populações”, prometeu, referindo que o diagnóstico vai ajudar a determinar onde reside a maior incidência do problema. Ou seja, vai fazer o que até agora bestial Comandante, Paulo de Almeida, não fez, seja por incapacidade própria ou por ordens superiores.
O novo comandante-geral da Polícia Nacional ressaltou que o asseguramento das eleições faz, igualmente, parte da lista das prioridades. “Pois, como sabemos, o calendário político indica que este ano teremos eleições e a Polícia estará empenhada com os órgãos afins, no sentido de garantir que todos os actos que constem do calendário político sejam exitosamente realizados”, frisou.
O Presidente da República assegurou apoio ao novo comandante-geral da Polícia Nacional, para a concretização das metas traçadas. “Garantimos que estaremos ao seu lado e vamos lhe prestar toda a ajuda necessária, para que possa cumprir, com sucesso, a sua missão”, salientou João Lourenço.
Embora não se conheça a opinião do Presidente do MPLA nem do Titular do Poder Executivo sobre esta matéria, é de crer que corroboram as garantias de João Lourenço.
João Lourenço afirmou que espera de Arnaldo Manuel Carlos o cumprimento da missão, que o despacho e o acto de posse lhe conferem, com brio, profissionalismo e de forma competente. Lembrou, na ocasião, que cabe ao Estado (no caso ao MPLA) a responsabilidade de garantir que os cidadãos exerçam, em liberdade, os direitos que a Constituição e a lei lhes confere, mas sublinhou, também, que cabe ao mesmo Estado a responsabilidade de garantir a ordem pública e a tranquilidade.
“E, para isso, concorrem diferentes órgãos, entre os quais a Polícia Nacional”, aclarou João Lourenço, não fosse Arnaldo Carlos ser tentado a pensar que o Estado é uma coisa e o MPLA outra.
“ASSALTOS VIOLENTOS” (E IMPUNES) À IGREJA CATÓLICA
A Igreja Católica angolana tem registado, de “modo dramático, assaltos violentos” às suas instituições, nos últimos meses, lamentando a “ausência de resposta” das autoridades policiais que, no seu entender, “encoraja os assaltantes”, noticiou o Folha 8 no dia 20 de Dezembro. Provavelmente, parafraseando João Lourenço, a “ausência de resposta” da Polícia é… relativa.
A preocupação foi manifestada pelo arcebispo de Luanda, Filomeno Vieira Dias, que em declarações à Rádio Ecclesia – Emissora Católica de Angola -, denunciou dois assaltos ocorridos em duas instituições católicas da província de Malanje, em que as religiosas foram agredidas.
A Paróquia da Nossa Senhora de Guadalupe e a Casa das Madres da Congregação das Irmãs de São João Baptista, ambas na província de Malanje, foram assaltadas nos dias 14 e 18 de Dezembro, respectivamente.
“O que nos preocupa é o suceder contínuo de assaltos às casas religiosas, não obstante as nossas denúncias, os denunciados sentem-se estimulados, sentem-se encorajados a prosseguir nas suas práticas, como que vingando-se ou desforrando-se das denúncias que fomos fazendo”, afirmou o arcebispo à rádio católica angolana.
Antes, a 7 de Outubro, os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) manifestaram preocupação com o alto nível de criminalidade e de insegurança no país, que atingiu no último ano mais de 60 instituições da Igreja Católica. A inquietação foi expressa por Filomeno Vieira Dias, à data presidente da CEAST.
“Nos últimos meses, após os nossos pronunciamentos, em Outubro, voltámos a registar de modo dramático assaltos violentos a casas religiosas”, disse Filomeno Vieira Dias, arcebispo metropolita de Luanda, lamentando a falta de resposta policial.
“Registámos aqui em Luanda, na Casa das Médicas de Maria, em Viana, registámos na Casa dos Missionários do Verbo Divino, onde um padre foi baleado e outros foram torturados e agora temos um novo caso em Malanje com as missionárias de São João Baptista, no bairro da Carreira do Tiro”, notou.
Segundo o prelado católico, em Malanje, as freiras foram “amarradas e depois ameaçadas que lhes seriam cortados os dedos com uma catana, caso não entregassem os pertences: É-nos de facto bastante confrangedor ver que isto tudo acontece”.
“E faz-se recurso às autoridades, aos serviços de ordem e segurança e não há respostas, parece que essas pessoas são até animadas, estimuladas à prosseguirem nessa direcção, como que dizendo agora hão-de sentir, isto é de todo lamentável e de todo condenável”, referiu.
A Polícia angolana regista “escassez de recursos humanos e técnicos” para dar resposta às preocupações de segurança pública nas 18 províncias do país, reconheceu o então comandante-geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), Paulo de Almeida, referindo que a corporação contava com cerca de 100 mil efectivos, um número que esperava ver duplicado até 2025.
Agora, certamente com mais tempo disponível, Paulo de Almeida continuará a escrever o seu “best-seller” onde compila as suas emblemáticas anedotas. No passado dia 6 de Outubro garantiu que, apesar de algumas ocorrências criminais registadas e mediatizadas na comunicação social, “Angola é um país seguro para todos os cidadãos”.
Falando na reabertura do ano lectivo 2021/2022, no Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais, Osvaldo Serra Van-Dúnem, o então comandante Paulo de Almeida referiu que a Polícia Nacional registou nos últimos tempos a preocupação de vários cidadãos sobre as condições de segurança pública no país, pelo facto de se terem realizado “duas ou três acções” protagonizadas por marginais, que foram mediatizadas nos órgãos de comunicação social.
Paulo de Almeida considerou que, apesar dessas ocorrências, as cifras criminais não abalaram a estabilidade do país, na medida em que todas as instituições públicas e privadas funcionam com normalidade, existindo livre circulação de pessoas e bens, assim como estão garantidos os direitos e liberdades dos cidadãos.
Segundo Paulo de Almeida, o mau uso das redes sociais tem levado alguns cidadãos “de má-fé” (provavelmente ligados à Oposição) a divulgarem mensagens com a intenção de descredibilizar o estado de segurança do país, criando sentimento de insegurança e desencorajamento do investimento estrangeiro em Angola.
Deve ter sido por isso que, em comunicado de imprensa, apresentado pelo bispo de Cabinda e porta-voz da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé), Belmiro Chissengueti, os bispos manifestaram-se preocupados com o “aumento dos níveis de insegurança um pouco por todo o país”, onde as instituições religiosas “não são poupadas”.
Em relação aos assaltos, disse, o país vive nas cidades, “sobretudo em Luanda, situações de segurança bastante graves, os assaltos multiplicaram-se”.
“E claro que essa multiplicação de assaltos obriga-nos a tomar uma palavra, até porque duas das nossas instituições foram assaltadas durante a nossa plenária. Portanto, o que pedimos é que a polícia tenha capacidade de mobilidade para poder fazer a cobertura naquilo que toca à sua responsabilidade”, referiu Belmiro Chissengueti.
Quanto ao histriónico comediante e ex-comandante-geral da Polícia Nacional disse que a corporação está determinada em prevenir e combater o crime e não vai tolerar actos de desordem e desrespeito aos símbolos nacionais, vandalismo de bens públicos ou privados.
Lembrou que nenhum país tem um sistema de segurança plena, absoluta, total e omnipotente, “daí a necessidade dos cidadãos, instituições e organismos participarem nas questões de segurança nacional, começando com a prevenção nas famílias, na comunidade, escolas e igrejas”.