Angola/Estado; Angola/MPLA; Angola/cidadã; UNITA; Oposição chocolate; Sociedade Civil; Minorias; Maiorias; Cabinda; Lunda, todos estes segmentos, partidos, povos, micro-nações e cidadãos, nunca estiveram tão empolgados na busca de uma nova aurora como agora. O grito de guerra da cidadania é: Eleições livres e justas, sem batota, sem SIFIC, sem Casa de Segurança da Presidência. A incógnita é como será materializado o sonho da ansiedade ante o lamaçal de autoritarismo e fraude anunciada.
Por William Tonet
O país precisa de redefinição. Verdade! O Estado necessita de uma nova independência. Plural! João Lourenço se não for pela via da ditadura, não terá, pela força das sondagens, o segundo mandato assegurado. O consulado/2017 implantado, por um líder, que nunca conheceu o crivo do escrutínio partidário e nacional, assentou os pergaminhos numa política de raiva, ódio, para impor o medo, mas a falta de uma estratégia bem delineada, fê-lo lo incorrer numa cadeia intricada, que o leva, agora, de forma inexorável, de erro em erro, até ao erro final.
A falta de uma task force, fria, racional e inteligente, fez, segundo alguns analistas, que a pele de cordeiro inicial, carente de um prazo de validade longo, destapa-se o lobo, que se esconde por detrás do inventor de marimbondo (combate velado ao progenitor político/ presidencial), causador da maior divisão interna no MPLA, na sociedade económica e social, transformaram o novo líder, não na solução dos inúmeros problemas de Angola, mas no seu maior problema. Inquinada a balança, nestes quatro anos, é impossível contornar a rota de colisão, ante as várias frentes criadas, com adversários e inimigos, intra e extramuros, no curto período de governação.
Os seus camaradas, em grande número aguardam 2022, 2023 ou 2024, quando ocorrerem as eleições, para desviarem o X do voto, dando-lhe o troco, na surdina das Assembleias de voto, enquanto a oposição atenta terá os olhos colocados na máquina da fraude, para a impugnar nas ruas e retirá-lo, com a força da indignação social, da Cidade Alta. O jogo está duro. João Lourenço, por culpa própria, com os altos níveis de insatisfação popular, com o povo a gritar ser ele pior que Eduardo dos Santos, mandando o recado a comunidade ocidental, através de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente de Portugal, tem na ditadura, na subversão dos órgãos do Estado, como única alternativa de manutenção no poder.
Com dois pólos bem definidos, tanto à oposição, com Adalberto da Costa Júnior (UNITA), como o poder, com o presidente João Lourenço (MPLA/Estado), mais a chance de Abel Epalanga Chivukuvuku poder reforçar a unidade da sociedade civil em torno da candidatura do candidato da UNITA, o cenário tem muita convicção de ser possível a alternativa, como aliás demonstra os resultados de uma sondagem elaborada por F8, junto do eleitorado suburbano e da Angola profunda: Moxico, Cabinda, Uíge, Huíla, Huambo, Bié, Benguela, Kuando Kubango e Luanda, entrevistando um universo de cinco mil eleitores (5000).
Se as eleições legislativas fossem hoje, a UNITA seria o partido vencedor, controlando a maioria na Assembleia Nacional, inaugurando uma nova aurora. Quase dois anos depois do início da COVID-19, a lógica truculenta de retirada de direitos, controlo da comunicação social, adopção das estratégias do FMI, aumento dos impostos, das propinas escolares, provocaram danos irreparáveis nas intenções de voto da própria base do MPLA, partido do Governo, que se isolou, reforçando o poder da UNITA, passando a contar com pesos pesados, como Abel Chivukuvuku, discriminado “boçalmente” pelo poder judicial de constituir uma terceira força, que hoje, estaria a contar “roubar ” votos ao Galo Negro, mas torna-se um aliado de peso, secundado por Filomeno Vieira Lopes, na Ampla Frente Unida para Alternância, no que foi mais um erro clamoroso de João Lourenço, incapaz de criar alianças credíveis na oposição, pois os partidos que lhe restam, são comerciantes, sem projecto de alcançar o poder político.
A sondagem atribui a UNITA 52% (cinquenta e dois por cento) das intenções de voto. São quase mais do dobro de pontos percentuais escrutinados nas últimas eleições legislativas de 2017. A vantagem em relação ao MPLA, partido que governa o país desde 1975, numa lógica exclusivista aumenta, pela primeira vez, desde que iniciou uma campanha racial e discriminatória contra Adalberto da Costa Júnior, por temor a sua retórica. O MPLA, pela primeira vez, consegue, nesta sondagem 40% (quarenta por cento) das intenções de voto, constituindo este score uma penalização face a sua política económica, que privilegia o desemprego, a fome e a miséria das populações.
É praticamente a maior sanção, que o cidadão eleitor dá ao partido do governo, que controla todos os órgãos do Estado e a consolidar-se a cadeia de erros, o score poderá diminuir ainda mais. Paradoxalmente, José Eduardo dos Santos, que viu o seu carácter “assassinado” em hasta pública, pelo seu sucessor, João Lourenço e a sua corte, surge com melhor performance que o actual líder, podendo mesmo perigar ainda mais o MPLA se sair do silêncio que tem estado a gerir.